domingo, 21 de março de 2010

Política - Uma conversa de várias interrogações

Baptista Chagas de Almeida - EM - 21/03/2010

O vice-presidente deixou claro que prefere a candidatura ao Senado. É claro que Lula não vai forçá-lo a nada além de sua própria vontade

Só terminou por volta de 23h o encontro do presidente Lula com o vice José Alencar (PRB), o ministro de Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT), e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT). Lula ouviu todo mundo, mas nada indicou. Ao contrário, deixou mais interrogações do que respostas. Estas, terão que vir dos próprios atores da cena, mais o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB). Mais uma vez, Alencar roubou a cena. Disse estar a serviço do projeto de Lula – fortalecer a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. E completou dizendo que se for para o bem dela, será candidato, até mesmo ao Palácio da Liberdade. Logo depois, no entanto, veio a ressalva. O vice-presidente deixou claro que prefere a candidatura ao Senado. É claro que Lula não vai forçá-lo a nada além de sua própria vontade.

Daí as várias interrogações. Com José Alencar e Aécio Neves (PSDB) na briga pelo Senado, só aventureiros vão seguir o mesmo caminho. Se o candidato for Hélio Costa, o PT cumpriria o sacrifício de não ter ninguém na disputa majoritária? Bem, o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) poderia ser o candidato a vice-governador, mas é pouco para os petistas. No caso de um dos petistas disputar o governo do estado, vem outra questão. Para onde iria Hélio Costa? Entrar na bola dividida com Alencar e Aécio para tentar a reeleição?

São respostas a essas perguntas que os atores aliados a Lula em Minas vão buscar nos próximos dias. Um dos pedidos do presidente foi que Hélio Costa fosse procurado para uma conversa. O certo é que, mesmo com a resistência petista a Hélio Costa, os envolvidos vão tentar encontrar uma solução negociada. Caso contrário, Lula bate o martelo e dá a ordem.

Hora errada

São inconfessáveis os motivos para a pressão pela colocação em pauta da proposta de emenda constitucional (PEC) que legaliza os bingos e os caça-níqueis, tradicionais financiadores de campanha. Até mesmo deputados que são a favor da aprovação da PEC se dizem constrangidos. "Votar a legalização dos bingos em ano eleitoral é muito ruim", admite um parlamentar que sempre defendeu a legalização do jogo no país.

Pano para manga

A Câmara dos Deputados vai pegar fogo esta semana, por causa da moção de solidariedade aos presos políticos de Cuba. A oposição promete bater forte no presidente Lula, que, em Havana, os comparou aos presos comuns. O tema vai dar pano para manga e provocar debates acalorados, mesmo tendo sido o polêmico deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) o autor do pedido.

Ficha limpa

Avançou um pouco o substitutivo ao projeto de iniciativa popular da ficha limpa para quem quiser disputar as eleições. A modificação feita pelo deputado Índio da Costa (DEM-RJ), de exigir uma decisão colegiada, de Tribunal de Justiça para cima, teve a concordância dos movimentos de combate à corrupção. Mesmo assim, ainda resta dúvidas se, juridicamente, não haverá margem de contestação na Justiça dos que se forem impedidos de disputar sem sentença transitada em julgado.

Sinuca de bico

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), já falou até em veto, no caso do Senado manter a partilha dos royalties do jeito que foi aprovado. O que vai pôr o presidente Lula numa sinuca de bico. O pré-sal, obviamente, será tema da campanha eleitoral. Se vetar a divisão igualitária, Lula agrada ao Rio de Janeiro e ao Espírito Santo, mas compra briga com todos os outros estados. É decisão difícil de tomar. Não é à toa que Lula disse no Oriente Médio que a solução deve partir do Congresso. Lavou as mãos.

Palanque policial

A CPI da Violência Urbana vai virar palco para policiais civis e militares e bombeiros retomarem o lobby pela aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que estabelece o piso salarial em R$ 3,5 mil. As entidades representativas dos policiais foram convidadas a participar em requerimento apresentado pelo deputado Alexandre Silveira (foto), do PPS de Minas, presidente da comissão. Certamente, os convidados farão pressão pela votação em segundo turno da PEC, que deve dormir na Câmara dos Deputados até depois das eleições.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Companheiros, colegas, conterraneos e amigos.
Fiquem à vontade para comentar e/ou criticar.