terça-feira, 16 de março de 2010

Política - O PMDB contra a ministra Dilma

Baptista Chagas de Almeida - EM - 16/03/2010

A Justiça Eleitoral tirou do ar a propaganda do PT de São Paulo, em que o presidente Lula dizia que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, “é mineira, mas tem a cara e alma de São Paulo”. O trecho estava na propaganda no rádio. A fala completa de Lula, que vinha logo depois de a própria ministra dar um depoimento, é a seguinte: “Sabe por que Dilma diz isso? Porque essa mineira tem a cara e a alma de São Paulo, tem a cabeça moderna, gosta de trabalhar duro e fazer as coisas bem-feitas. A Dilma é assim, São Paulo é assim.” E fechava com o bordão: “PT, a favor de São Paulo, a favor do Brasil”. Até aí, tudo bem. A Justiça Eleitoral está no seu papel. O curioso é de quem veio o pedido para a retirada da propaganda. Veio do PMDB, que pode dar a vaga de vice para Dilma, mas em São Paulo, com Orestes Quércia, que está ao lado de Serra. É a cara do partido.

Aliás, partido mesmo. Rachado. É esse o PMDB que o presidente Lula terá de cortejar. Qualquer erro de cálculo poderá ser fatal. Não é à toa que há tanto cuidado com a candidatura do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), em Minas. Os mineiros formam o segundo contigente de votos na convenção da legenda. E podem virar o jogo, hoje favorável à aliança com o PT. Daí o Palácio do Planalto cercar-se de todos os cuidados também com o presidente nacional da legenda, o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP). Ele pode não ser o candidato a vice dos sonhos de Lula – o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, seria o nome –, mas não pode ser rifado sem uma costura muito difícil de ser feita.

Assim caminha a humanidade e o sistema partidário brasileiro. O que vale são os acordos de conveniência, a esperteza política. O resto fica em segundo plano.

Juros na campanha

O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Paulo Bornhausen (DEM-SC), preparou uma armadilha para o governo por causa da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central esta semana. “Vamos ver o que vai valer, a responsabilidade monetária do BC ou a irresponsabilidade de Dilma e Lula”, escreveu no Twitter. Bornhausen lembra que a pesquisa Focus, do próprio Banco Central, traz a expectativa de as taxas subirem. Só que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem dito que não há motivo para a alta.

Última tentativa

O governo vai tentar, no Senado, mudar a distribuição dos royalties do pré-sal, para atender ao Rio de Janeiro e ao Espírito Santo. A ideia é não mexer com o que já foi licitado, até porque juridicamente há brechas para os dois estados recorrerem. E com o restante, dividir entre todos os estados apenas 25%, não os 39% previstos na emenda de Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e Humberto Souto (PPS-MG). O problema é combinar com os senadores. Eles não vão querer ir contra seus estados.

Reajuste zero

A partir desta semana, duas novas medidas provisórias travam a pauta na Câmara dos Deputados e prometem dar muita dor de cabeça ao governo. São as que tratam do reajuste do salário mínimo e dos aposentados. No reajuste das aposentadorias, o governo deu 2% de ganho real este ano, mas previu que, no ano que vem, ele será de 50% do crescimento do PIB. Na hipótese de, na revisão que o IBGE faz do cálculo do PIB, ele subir do 0,9% negativo para 0,1% positivo, o reajuste seria de 0,05%. Ou nada.

A ver navios

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE), que ligou a metralhadora giratória nos últimos dias, deve ser candidato a... Nada. Pelo menos, é esta a sensação que ele passou aos seus colegas de partido. Ele praticamente fechou as portas para disputar em São Paulo, ao bater nos petistas paulistas. E o PSB já prepara, pelas mãos do presidente da legenda e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o embarque na campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).

Vingança à vista

Virou reclamação comum nas conversas dos deputados no plenário da Assembleia Legislativa. Vários se queixam do corpo mole das bases, leia-se prefeitos do interior do estado, na campanha eleitoral deste ano. Em cidades onde esperavam ter cerca de 3 mil votos, por exemplo, hoje fazem conta mais realista de 1 mil. É que os prefeitos estão apoiando mais de um candidato em muitos lugares. A vingança pode vir depois da eleição, com o abandono das prefeituras que não cumprirem o prometido.

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