segunda-feira, 15 de março de 2010

Política - PT nacional quer palanque único com candidatura de Hélio Costa

Patrícia Aranha - Estado de Minas Publicação: 10/03/2010

O Planalto não está disposto a dar tempo ao PT mineiro para tentar viabilizar eleitoralmente a candidatura própria do partido ao governo de Minas. Enquanto o diretório estadual resiste em jogar a toalha, a direção nacional já age em favor do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB). O argumento dos líderes mineiros é de que o fim da disputa interna entre o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, com o anúncio do nome do pré-candidato ao Palácio da Liberdade até o fim deste mês, terá reflexos nas próximas pesquisas de intenção de voto. O recado, contudo, não interessa ao Planalto, que já garantiu ao PMDB nacional que o PT não será empecilho em Minas e descartou a possibilidade de haver dois palanques em apoio à candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), como insiste em defender o presidente estadual do PT, deputado federal Reginaldo Lopes.

Um membro da direção nacional disse na terça-feira que Lula não pretende abrir mão da solução Hélio Costa, que está sendo “indigesta” para os petistas mineiros porque esse acordo teria sido costurado ainda no ano passado. Outro líder do partido diz que o presidente sonha que, em troca do apoio no segundo colégio eleitoral do país, o PMDB abra mão de insistir com o nome do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), como vice de Dilma, e aceite a preferência de Lula pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB-GO).

Em Minas, contudo, a resistência é grande. Integrante da Executiva Nacional do partido, a prefeita de Betim, Maria do Carmo Lara, acha que ainda é cedo para uma decisão. Ela aposta que tanto Hélio Costa quanto Patrus vão se desincompatibilizar no prazo previsto pela legislação eleitoral, até 3 de abril, antes que os dois partidos tenham entrado em acordo. “Minas é um estado muito importante para a disputa nacional. Há conversas, diálogo e, principalmente, muitas especulações em torno dos desejos de cada partido. O PT e o PMDB têm responsabilidade para conduzir o processo que ainda não se afunilou”, garante.

Para Maria do Carmo, o PT não abrirá mão de lançar um nome para ser colocado em discussão pelos outros partidos da base aliada. “Ainda não está batido o martelo sobre a candidatura. Não adianta querer decidir rapidinho. Mineiro é mais matreiro. De uma hora para outra o cenário muda”, afirma.

Para a prefeita de Contagem, Marília Campos, a aproximação entre Pimentel e Patrus mudou a correlação de forças na base aliada. “O PMDB estava ocupando um vazio deixado pelo próprio PT, que não se posicionava. A partir do momento em que foi retomado o diálogo, o quadro muda e o PT volta a conduzir o processo”, acredita. Segundo ela, Hélio Costa teria se precipitado ao anunciar que estaria próximo o anúncio do apoio do PT a sua candidatura. “Quem come apressado ou queima a língua ou come cru. O bom mineiro sempre come pelas beiradas”, pontuou.

Vice

Cotado para compor a chapa com Hélio Costa (PMDB) como candidato a vice-governador, o deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG) nega que postule a vaga, mas avisa que não tem intenção de candidatar-se a um quarto mandato consecutivo de deputado federal. Diferentemente do presidente estadual do partido, Reginaldo Lopes, Virgílio é contra o palanque duplo para Dilma, em Minas. “O objetivo número um é o palanque único. Certamente, gostaria que o candidato fosse do PT e, sendo do PT, que fosse o Pimentel. Mas esse é apenas o meu desejo”, desconversa, apontando que há quatro candidatos na base. Além de Pimentel, Patrus e Hélio Costa, inclui o vice-presidente José Alencar, que adiou a decisão sobre uma eventual candidatura ao governo para depois dos exames que fará no dia 17.

Um membro da executiva estadual do partido, contudo, confirma que Virgílio tem trabalhado pela candidatura a vice-governador. “Bem antes dos outros mineiros, Virgílio fez a leitura de que a situação era mais favorável ao Hélio Costa no Planalto e debandou do barco de Pimentel”, ironiza.

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