quarta-feira, 31 de março de 2010

Política - PT-MG entrega manifesto em apoio a candidatura própria

Agência Estado - 31/03/2010

Representantes do PT de Minas Gerais entregaram nesta quarta-feira a Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um manifesto e a resolução aprovada recentemente em apoio a uma candidatura própria ao governo do Estado, informou o Diretório Estadual do partido.

"Acreditamos que Minas também merece ter o PT administrando seu destino", diz o manifesto, assinado pelos pré-candidatos Fernando Pimentel e Patrus Ananias, além de prefeitos, vice-prefeitos, deputados federais e estaduais.

Segundo o PT-MG, no encontro com Carvalho, foi entregue também uma pesquisa realizada nos dias 27, 28 e 29 de março pelo Instituto Sensus, que "demonstra a viabilidade eleitoral de uma candidatura própria petista em Minas".


Saiba mais...
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Patrus e Hélio Costa deixam ministérios para disputar o governo de Minas
Ninguém vai se esconder de debate nas eleições, afirma Dilma
Dez governadores devem deixar o cargo até sábado Na disputa com o PMDB de Hélio Costa pela indicação do cabeça-de-chapa, o PT iniciou um processo para tentar ganhar tempo e convencer o presidente Lula a apoiar uma candidatura própria no segundo maior colégio eleitoral do País. Costa é, entre os pré-candidatos, o mais bem colocado nas pesquisas de intenção de voto e Lula já teria manifestado uma preferência pelo peemedebista para não ameaçar o acordo nacional em torno da candidatura presidencial de Dilma Rousseff.

No manifesto, Costa e o PMDB não são citados. "Em Minas Gerais, o PT tem candidatos, que podem fazer mais e melhor por nossa terra e nossa gente", diz o texto.

A comitiva petista era composta pelo presidente estadual do partido, deputado federal Reginaldo Lopes, e por uma comissão de negociações integrada por apoiadores das duas pré-candidaturas do PT ao governo. "O partido deixou para trás antigas diferenças e hoje está unido em torno de um forte ideal: oferecer o melhor para Minas Gerais", afirmam os petistas no manifesto.

Política - Patrus deixa ministério para disputar o governo de Minas

Alessandra Mello - EM - 31/03/2010

O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, deixa nesta quarta-feira a pasta para tentar disputar o governo de Minas. O anúncio foi feito oficialmente na tarde de terça-feira, depois de reunião a portas fechadas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela manhã. No início da noite, Patrus se reuniu com o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), que também deixa o cargo nesta quarta para concorrer ao Palácio da Liberdade. Patrus comunicou ao colega de ministério que o objetivo de sua saída é buscar a união do PT e não partir para o confronto com o PMDB.

Costa quer ser candidato ao governo do estado com o apoio do PT, mas o partido insiste em candidatura própria. O PMDB aposta no aval de Lula para impor seu candidato, mas a decisão de Patrus de deixar a pasta logo após um encontro com o presidente jogou um pouco de água na fogueira das pretensões peemedebistas. Já o PT tenta convencer Costa a desistir da disputa. Na terça-feira à noite, depois do encontro com Patrus, estava prevista uma reunião de Hélio Costa com o presidente Lula para tratar da sucessão no Ministério das Comunicações e, é claro, conversar sobre o imbróglio mineiro.

Correios - Lula ainda analisará minuta de MP sobre a S/A

Agência Estado - 31/03/10

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou hoje que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda vai analisar a minuta da medida provisória (MP) que moderniza a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). O texto foi encaminhado ao Planalto por Costa há mais de um mês e prevê que os Correios sejam transformados numa sociedade anônima de capital fechado.

"Falei com o Lula há pouco e ele disse que vai pedir para chegar às mãos dele a MP", disse o ministro, ao chegar do encontro com o presidente. A minuta está no momento na Casa Civil.

Costa acrescentou que não há pendências jurídicas na proposta e que só falta a assinatura de Lula. Ele explicou que no início das discussões do Plano Nacional de Banda Larga, no ano passado, chegou a apresentar a opção dos Correios de assumir a gestão do programa. "À época tinha citado três ou quatro opções e uma delas foi a ECT. No desenvolver do projeto, não foi apreciada a hipótese dos Correios."

No entanto, ele ressaltou que a ECT tem competência para gerir qualquer projeto. "Não estou fazendo antecipação de nada. Estou dizendo que os Correios podem fazer a gestão de qualquer projeto importante, notadamente na sua área de influência, que é a das comunicações", disse Costa, que está deixando o cargo hoje para disputar o governo de Minas Gerais - em seu lugar, assume José Artur Filardi, atual chefe de gabinete da pasta.

A opção mais forte no governo para ser a gestora do programa de banda larga é a Telebrás. Mas diante de várias dificuldades técnicas, jurídicas e legais outras hipóteses vêm sendo cogitadas, como os Correios e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). A próxima reunião ministerial com o presidente Lula para discutir o plano deverá ocorrer no dia 15 de abril, informou Costa.

Conceição - Anglo American inicia obra especial do mineroduto do sistema Minas-Rio

Valor Online - Rafael Rosas - 31/03

A Anglo American iniciou, no município fluminense de Itaperuna, as obras especiais do mineroduto do sistema Minas-Rio, com a montagem da tubulação e a execução dos furos direcionais. De acordo com a companhia, essas obras são realizadas em locais que não permitem a utilização de técnicas tradicionais de construção de dutos para minério.

Em nota, o gerente geral de engenharia da Anglo, Marcos Millo, ressaltou que na transposição do rio Carangola, que corta Itaperuna, o sistema utilizado será o HDD (Horizontal Directional Drilling), que consiste na passagem da tubulação abaixo do leito do rio e que tem como principal vantagem a não agressão ao ambiente.

A coluna que passará por baixo do leito do rio Carangola será composta por 38 tubos e percorrerá uma distância de 420 metros de extensão. Em abril, essa obra será iniciada no rio Paraíba do Sul, em Campos dos Goytacazes. A coluna do furo direcional que atravessará abaixo do leito do Paraíba do Sul terá 1.500 metros de extensão e será constituída por 125 tubos.

Além das obras no Estado do Rio, o mineroduto também está em fase de construção nas cidades mineiras de Santo Antônio do Grama, onde estão sendo executadas as obras civis da Estação de Bombas 2 (EB2), e em Conceição do Mato Dentro, com a terraplenagem da Estação de Bombas 1 (EB1).

Quando estiver concluído, o mineroduto do sistema Minas-Rio terá 525 quilômetros e capacidade de escoamento de 26,5 milhões de toneladas de polpa de minério de ferro por ano, percorrendo 32 municípios dos dois Estados.

Além do mineroduto, o sistema Minas-Rio é composto por mina e unidade de beneficiamento nos municípios mineiros de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas e 49% de participação do terminal de minério de ferro do Porto do Açu, em parceria com a LLX. A Anglo American investe US$ 3,8 bilhões na implantação deste projeto.

A mina obteve a licença de instalação em dezembro de 2009 e as obras de terraplenagem começam ainda no primeiro semestre. A entrada em operação do sistema está previsto para o segundo semestre de 2012.

Correios - Reunião sobre banda larga será no dia 15 de abril

MM - 30/03/2010

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse que a próxima reunião ministerial para discutir o Plano Nacional de Banda Larga deverá ocorrer no dia 15 de abril. Ele disse que continuará participando das discussões mesmo como senador, já que nesta quarta-feira deixará o Ministério para concorrer ao governo de Minas Gerais. Costa acredita que, apesar das dificuldades, o governo conseguirá implantar o programa. "Acho que a banda larga começa modestamente. Mas tem grande possibilidade de atingir o objetivo maior, que é baixar os preços do serviço e levar o acesso a todos os brasileiros", disse.


O ministro disse que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafo (ECT), subordinada ao Ministério das Comunicações, foi considerada como uma das opções para ser a gestora do plano, mas disse que essa possibilidade foi descartada logo no início das discussões. "Muito embora os Correios tenham capacidade para administrar o projeto, mas a empresa não foi considerada no processo", disse. A principal opção em debate no governo é a de usar a Telebrás para ser a operadora do Plano Nacional de Banda Larga.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Correios - Ministro deixa governo depois de encaminhar transformação do Correios em SA

Agência Brasil - 29/03/2010

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, confirmou nesta segunda-feira (29) que deixará o governo com a medida provisória para transformar a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos em uma “sociedade anônima de capital fechado” encaminhada. De acordo com o ministro, a medida já passou pela área jurídica da Casa Civil.

Sem dar detalhes sobre a medida, o ministro informou que tratará do assunto em conversas com integrantes e aliados do governo. Ele disse que nesta terça-feira (30) mesmo tratará do assunto com lideranças partidárias.

"Trata-se de uma medida muito importante, que servirá para modernizar os Correios, com o objetivo de fazer frente à competição internacional”, disse o ministro. Ele afirmou que o Congresso “já está preparado” para receber a medida que deverá ser editada em breve.

No entanto, o ministro evitou falar sobre o Plano Nacional de Banda Larga, que não entrou na segunda versão do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), nem da possibilidade dos Correios abrigarem a proposta do governo de democratizar o acesso à internet rápida no Brasil.

“Para falar sobre o Plano Nacional de Banda Larga, eu pediria que vocês [jornalistas] se dirigissem às áreas de apoio do governo, como a Casa Civil ou o Ministério do Planejamento. Ainda há uma série de opções e decisões que o governo terá que tomar. O que o Ministério das Comunicações tinha de contribuir com o plano está no relatório de 250 páginas entregue. Tudo está lá”, disse o ministro, que comunicou ao presidente Lula sua saída da pasta para disputar o governo de Minas Gerais.

Ao se reunir com Lula, Hélio Costa chegou a sugerir o nome do seu substituto, que ainda aguarda a aprovação do presidente. Ele não quis dizer o nome do indicado, mas afirmou que se trata de uma pessoa conhecida, que acompanhou de perto toda as atividades no setor durante o tempo em que foi ministro.

Correios - Entregas sofrem atrasos para justificar sua privatização

TV CANAL 13 - PI - 25/03/2010

Atrasos na entrega de correspondências é um problema que atrapalha a vida do cliente e, infelizmente, a cada dia vem se tornando mais parte do cotidiano dos brasileiros. A população reclama com os carteiros, que estão na linha de frente com o público, achando que a culpa é deles, mas na verdade a situação faz parte de uma estratégia de sucateamento da empresa visando sua privatização.As duas companhias aéreas que são responsáveis pelo transporte postal dos CORREIOS nas regiões Centro-Oeste, Norte-Nordeste do país tiveram cinco de suas linhas canceladas, o que é a real origem do problema que vem atingindo em cheio quem necessita dos serviços. Para se ter uma ideia, a carga vai de avião até Salvador-BA e de lá vem transportada de caminhão para o Piauí, causando transtornos para a população e também para os trabalhadores dos CORREIOS, que além de estarem com problemas nos horários de receber as encomendas, são pressionados pelos clientes da empresa, devido aos atrasos.

Este tipo de problema tem a intenção de servir como argumento para o governo e a direção dos CORREIOS de que a empresa não vem atendendo bem a demanda da população e que precisa passar por uma "reformulação" proposta no relatório do GTI (Grupo de Trabalho Interministerial), que visa à transformação da Empresa Brasileira dos CORREIOS e Telégrafos de hoje em CORREIOS do Brasil S.A., o que, na prática, significa sua privatização, pois abre seu capital para a iniciativa privada.

É importante que não apenas os funcionários dos CORREIOS fiquem atentos a este tipo de atitude, mas também que a população tenha consciência sobre os riscos que os serviços prestados hoje pelos CORREIOS sofrem com esta ameaça de privatização. Basta usar como exemplo outras empresas públicas que já foram privatizadas para ter uma breve noção do que esperar dos CORREIOS do Brasil S.A. Uma mudança de foco na essência da empresa, onde o que mais importa não é sua função social, mas quanto lucro está gerando.

Política - Pesquisa mostra que Lula e Aécio estão empatados em popularidade em MG

Alessandra Mello - EM - 28/03/2010

Dados da Vox Populi/Fiemg evidenciam uma disputa acirrada de votos para Dilma e Serra

A disputa pelo voto dos mineiros nas eleições presidenciais será acirrada. Os maiores cabos eleitorais dos presidenciáveis José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, com 14,1 milhões de eleitores ou 10,7% do eleitorado, estão empatados em popularidade. Pesquisa Vox Populi realizada pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) revela que 92% dos entrevistados avaliam como positivo, de uma maneira geral (ótimo/bom/regular) o desempenho dos dois à frente do governo.

Os números explicam a pressão que vem sendo feita pelo comando nacional tucano para que o governador aceite ser candidato a vice-presidente na chapa de José Serra, que lança oficialmente sua candidatura no dia 10. Com alto índice de aprovação entre os mineiros, mesmo sem fazer parte da chapa, o apoio do governador é importante como contraponto ao presidente Lula, também muito popular no estado. Nas duas últimas eleições presidenciais, Lula teve a preferência dos mineiros e saiu vitorioso no estado.

Aécio Neves, que deixa o governo na quarta-feira para disputar uma vaga ao Senado, leva uma pequena vantagem sobre Lula nesse levantamento. É que 76% dos ouvidos consideram seu governo ótimo/bom, contra 73% de Lula. Realizada entre 19 e 21 de março, a pesquisa ouviu 800 pessoas, todas maiores de 16 anos, em 45 municípios mineiros. A margem de erro é de 3,5% pontos percentuais.

O governador tambémmantém índices positivos de aprovação desde que assumiu o cargo, há sete anos. Nesse período, segundo a série histórica que vem sendo feita pela Vox Populi/Fiemg, a avaliação positiva do governador passou de 74% em março de 2003 para 92%, último levantamento, com pico de 95% em dezembro de 2006. Já Lula começou seu governo com desempenho positivo superior ao do governador ( 83%), mas teve uma queda significativa em dezembro de 2006, auge da crise do mensalão. Nesse período, a aprovação do governo Lula chegou a 61%,menor índice desde o início de seu mandato.

Ministro mantém liderança

O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), mantém a liderança sobre os outros dois pré-candidatos do PT ao governo do estado, Patrus Ananias e Fernando Pimentel, na disputa com o candidato de Aécio Neves, o vice-governador Antonio Anastasia (PSDB), segundo a pesquisa. No entanto, em todos os cenários pesquisados, PMDB e PT mantêm a vantagem sobre o PSDB na disputa pelo Palácio da Liberdade. A pesquisa não fez nenhum levantamento incluindo candidatura própria do PT e do PMDB. O peemedebista tem 43% das intenções de voto, contra 22% de Anastasia.

Se o candidato for o ex-prefeito Fernando Pimentel e não Hélio Costa, a diferença em relação ao candidato do PSDB é menor. Nesse cenário, Pimentel tem 39%, contra 24% do tucano. Trocando Pimentel por Patrus Ananias, o ministro aparece com 32% das intenções de voto, contra 27% de Anastasia.

Na estimulada para a corrida ao Senado, Aécio lidera com folga, seguido pelo vice-presidente da República, José Alencar. Ele aparece como primeira opção para 59% dos entrevistados. Alencar aparece como a segunda escolha para 32%. Minas tem nessa disputa duas vagas para o Senado. O levantamento inclui nessa sondagem o nome do ex-presidente Itamar Franco (PPS) e também o de Patrus Ananias.

domingo, 28 de março de 2010

Conceição - Disputa entre mineradoras e preservação deixa cidade em pé de guerra

Zulmira Furbino - EM - 28/03/2010

Conceição do Mato Dentro, a capital mineira do ecoturismo, instalada em meio aos biomas da mata atlântica e do cerrado, pode ser considerada, hoje, uma terra sem lei. Localizada na Região Central de Minas, no caminho da Estrada Real, famosa por festas típicas centenárias e por suas belíssimas cachoeiras, integrante do circuito de produção do queijo Serro – tombado como primeiro Patrimônio Imaterial de Minas Gerais pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) –, a cidade vive o dilema entre a preservação de sua vocação cultural e turística e a atividade mineradora, trazida primeiro pela MMX, do bilionário Eike Batista, e agora pelo grupo inglês Anglo Ferrous, que comprou o negócio.

Explosão na mina do grupo britânico próxima às casas de moradores da cidade: preços de terreno têm sido decididos na bala

De um lado, a mineração promete engordar o caixa do município por meio do aumento da arrecadação de impostos e do pagamento de royalties em mais de R$ 30 milhões ao ano. De outro, a preocupação com o meio ambiente e com o crescimento sustentado é crescente, já que a cidade está na Serra do Espinhaço. Os pequenos proprietários de terra reclamam que estão sendo pressionados e acuados para vendê-las. A especulação imobiliária rural no município ganhou contornos irracionais, chegando ao conflito armado.

Foi o que ocorreu na comunidade de Água Santa, localizada ao pé da Serra da Ferrugem. Aécio Lopes Vieira, técnico em agropecuária, conta que há três anos Sebastião Simões Pimenta, 46 anos, conhecido como Tião, e sua família, montaram uma barricada armada para impedir a passagem dos carros da Anglo na propriedade onde vivia com a mãe, de 91 anos. A empresa teria dado o troco proibindo-o de usar uma trilha habitual que cortava caminho para um distrito vizinho, o Sapo, também usando homens armados. Felizmente, nenhum tiro foi trocado.

O resultado da escaramuça é que Tião teria conseguido R$ 2,4 milhões pela venda do terreno. O ex-proprietário das terras, porém, fala numa cifra menor: R$ 1,4 milhão. Acredita, contudo, que vendeu barato. “Eu queria ter vendido por R$ 6 milhões”, garante. A polaridade de posições e a cobiça despertada pelas negociações feitas com vizinhos e parentes são um dos ingredientes que alimentam a tensão vivida na região. Depois de vender o terreno, Tião alugou uma casinha vizinha – sem banheiro e sem pia na cozinha – e continua a viver como se não tivesse ganho um tostão. “Ganhei o dinheiro, mas está pior do que antes. Aqui não tem nem banheiro dentro de casa. Não consigo comprar uma terra porque o preço está muito alto”, reclama.

De fato, é impossível saber o preço de uma gleba nas imediações do município. “Antes da mineração, o hectare custava entre R$ 500 a R$ 1 mil. Hoje, a Anglo colocou o preço da área que é prioridade para ela entre R$ 12 mil e R$ 15 mil”, diz Aécio Vieira. Exemplo vivo dessa montanha russa é José Santos Pereira, 78 anos, o seu Zezeco. Há três anos, ele se separou, dividiu suas terras ao meio com a ex-mulher e vendeu sua parte – cinco hectares – para a Anglo por R$ 100 mil. A ex, Maria Soares Pimenta, ficou com sua metade, que vendeu há três meses por nada menos do que R$ 920 mil. Para sua sorte, seu Zezeco só tinha recebido a metade do dinheiro porque esperava a averbação do divórcio para ter acesso ao restante. Agora, vai receber R$ 330 mil no lugar dos R$ 50 mil que tinham ficado para trás.

População teme degradação ambiental e aumento da violência com novas empresas.

Enquanto isso, na cidade, a preocupação com o crescimento sustentado causa dor de cabeça até mesmo naqueles que estão ganhando dinheiro com a mudança de foco econômico do município. Em 2008, a reeleição do prefeito, Breno José de Araújo Costa, foi anulada e o mesmo aconteceu com a seguinte, na qual foi eleito o filho do político, Breno Filho. Resultado: a cidade está acéfala. Ocupa o posto interino de chefe do executivo a vereadora e presidente da Câmara, Nelma Lúcia Cirino de Carvalho, que não sabe de cor nem o valor do Produto Interno Bruto (PIB) nem o da arrecadação municipal. Até agora, não há projetos de infraestrutura para preparar Conceição do Mato Dentro para o crescimento que já começou a chegar. “Essa é uma situação nova para mim. Não esperei em nenhum momento assumir a prefeitura. Não foi nada fácil”, desabafa.

O vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Conceição do Mato Dentro, José Antônio Pimenta Filho, reconhece que a chegada de novas empresas à cidade é um ponto positivo, mas afirma que tentou se aproximar da Anglo para obter dados como o número de trabalhadores que já aportaram no município, porém sem sucesso. “Só a RG (construtora) teria trazido 400 homens. Já são 20 prestadoras de serviço na cidade”, calcula. Ele também tentou promover um encontro de empresários da cidade que atuam em outros locais do Brasil, mas não houve interlocução. “A única parceria com a empresa é o Plano de Desenvolvimento de Fornecedores, mas ele é para inglês ver. A empresa está aqui há cinco anos e nada fez pela cidade”, sustenta. De acordo com ele, a mineração concentra renda, mas beneficia poucos. E ainda traz problemas sociais. “A Anglo está gerando empregos primários, mas nossa periferia tem problemas muito sérios, como alcoolismo e drogas. O índice de violência aqui é muito alto”, diz.

No pico da obra, o número de habitantes da cidade terá saltado de 19 mil para 23 mil pessoas. Por enquanto, de acordo com Carlos Gonzales, diretor de operações da mineradora, são apenas 800 pessoas contratadas pelas empresas prestadoras de serviço. Além disso, há cerca de 50 funcionários diretos da própria Anglo Ferrous. “A empresa não vai implantar em Conceição um projeto que não seja sustentável porque não vou aceitar. Eu sou o dono do projeto. Conceição não será como Itabira”, afirma.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Morro do Pilar - Festa de ex-secretário tucano abre discórdia entre parlamentares mineiros

Alessandra Mello - EM - 24/03/2010

Em clima descontraído, deputado Marcus Pestana confraterniza com prefeito de Alvinópolis, João Galo (D) e vereador Bosco Ceza (E), de Urucânia
O ex-secretário de Saúde e deputado estadual Marcus Pestana (PSDB) ainda nem se lançou oficialmente ao cargo de deputado federal, mas sua estratégia em busca de votos para conquistar uma cadeira em Brasília já causa polêmica no Congresso Nacional. E uma festa na noite de segunda-feira, na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte, para divulgar sua candidatura colocou ainda mais lenha na fogueira. Realizada com a desculpa de homenagear a passagem do deputado pela Secretaria da Saúde, ele ocupou o cargo durante sete anos, a festa reuniu cerca de mil pessoas, entre elas 52 prefeitos, vereadores e lideranças de diversas regiões do estado. O principal problema é que muitos dos participantes da comemoração, na qual Pestana foi lançado até mesmo candidato ao governo do estado em 2014, fazem parte da base aliada de outros parlamentares federais. Pelo menos oficialmente.

A festa, ao som de um grupo de chorinho, regada com muito chopp e com fartura e petiscos tipicamente mineiros, como pão de queijo com pernil, moela com pãozinho de sal, mandioquinha e pastel frito, tinha como um dos organizadores o prefeito de Guarani (Zona da Mata), José Xavier, filiado ao PT. Lá um dos majoritários é o presidente do PT mineiro, deputado federal Reginaldo Lopes. Também presente na festa estava o prefeito de Desterro do Melo, Mário Tafuri (PMDB), que exerce seu segundo mandato. “Ele nos ajudou muito quando era secretário de Saúde. Reformou o posto de saúde, doou uma ambulância e também um veículo para transporte de pacientes com doenças graves que fazem tratamento em outras cidades”, destacou Tafuri. Um dos majoritários na cidade é o deputado federal Rodrigo de Castro, companheiro de legenda de Pestana.

Também circulava com desenvoltura na festa o prefeito de Salinas (PTB), Zé Prates, cujo grupo político já declarou apoio à candidatura de Pestana, e o prefeito de Açucena, (Vale do Rio Doce), Ademir José Siman (PT), que chegou a discursar a favor do tucano. Também foi anunciado pelo locutor do evento a presença de chefes do Executivo, vereadores e lideranças de Guaraciaba, Pedro Leopoldo, Lavras, Morro do Pilar, Rio Pomba, São José do Goiabal, Aiuroca, Alvinopólis, Careaçu, Santa Rita de Jacutinga, Matias Barbosa, Divinésia, Pintopólis, Carmopólis, Jequeri.

Votação Pestana foi eleito para seu primeiro mandato como deputado estadual em 2006, na esteira do seu desempenho frente a pasta da Saúde. Nesse ano, sua votação foi concentrada nas regiões da Mata e Central, onde obteve 65,04% dos seus 104 mil. Nas eleições deste ano, seus colegas deputados apostam que ele deve chegar a cerca de 250 mil votos e ser o candidato a Câmara dos Deputados mais bem votado do estado, repetindo o feito de Rodrigo de Castro (PSDB), filho do secretário Danilo de Castro (PSDB), eleito pela primeira vez a um cargo com cerca de 294 mil votos.

A desenvoltura do ex-secretário junto aos prefeitos de todo o estado foi motivo de reclamações no ano passado e também nas eleições de 2006. Faltando poucos meses para o início oficial da disputa, a insatisfação continua, principalmente entre os partidos da base aliada do governador, especialmente o PSDB e do DEM. “Realmente, há um constrangimento muito grande com essa força política que ele conquistou em decorrência da pasta da Saúde”, reclama um parlamentar. Segundo ele, de nada adianta ter uma votação expressiva em todo o estado e depois não ter o apoio da bancada estadual nem federal, principalmente se quiser futuramente disputar outros cargos.

Outro parlamentar afirma que a maioria dos candidatos tem um acordo tácito de atuar de forma regional, como se o pleito fosse por distrito, apesar desse tipo de voto não vigorar no sistema eleitoral brasileiro. “Agora ficar atirando para todo lado, desrespeitando a base dos outros parlamentares e passando por cima de todos não é correto. Mas muitos fazem isso”, afirmou. Apesar da insatisfação, ninguém quis aparecer reclamando e todos os ouvidos pediram anonimato. “É que ele, com certeza, vai ser eleito deputado federal”, comenta outro adversário na disputa por uma vaga em Brasília, que deve exigir pelo menos cerca de 90 mil votos para os integrantes das legendas maiores.

Pestana nega que a festa tenha sido feita para lançar sua candidatura e garante que o evento não passou de uma homenagem feita por diversos representantes do setor de saúde, políticos e amigos diversos. “Foi uma homenagem de prefeitos e secretários por esses sete anos de convivência”. O evento, segundo ele, foi patrocinado com doações feitas pelos convidados. “Não tinha nada a ver com política e eleição. Essa festa tinha a ver com o passado e não com o futuro”. Ele também disse que não trabalha para ser o mais votado no estado. “Isso é bobagem. Não persigo esse objetivo”.

terça-feira, 23 de março de 2010

Educação - Descumprimento de lei que define piso salarial dos professores permite reclamação no STF

Noticias STF - 22/03/10

Lei Federal que define piso salarial de professores da Educação Básica em todo o País (Lei nº 11.738/2008) é descumprida. Sancionada em 2008, fixa o valor mínimo de R$ 950,00 para jornada máxima de 40 horas semanais. Com o reajuste que entrou em vigor este ano, o valor atualizado do Piso Nacional dos Profissionais do Magistério atingiria, segundo os cálculos do Ministério da Educação (MEC), R$ 1.024,67 e, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), R$ 1.312,80.

Com o descumprimento da lei, docentes dos Estados de Goiás (GO), Tocantins (TO), Roraima (RO), Ceará (CE), Pernambuco (PE) e Rio Grande do Sul (RS) ainda recebem remuneração abaixo do valor atualizado do piso. O título exemplificativo, o Estado do Rio Grande do Sul manteve a remuneração inicial dos docentes de sua Rede Oficial em R$ 862,80, quantia 34,28% inferior ao valor atualizado do Piso Nacional.

Segundo o advogado Paulo Lemgruber, que representa a CNTE na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4.167/DF a tramitar no Supremo Tribunal Federal (STF), não só a Lei nº 11.738/2008 foi descumprida, mas também a própria decisão do STF proferida em 17.12.2008, quando do julgamento da Medida Cautelar requerida naquela ADI. A propósito, o respectivo acórdão reconheceu que a quantia de R$ 950,00 deveria ser paga integralmente a título de remuneração já no ano de 2010, adicionando-se o percentual de reajuste estabelecido no art. 5º da Lei nº 11.738/2008.

“A Lei nº 11.738/2008 estabelece em seu art. 2º, § 1º que o Piso Nacional de R$ 950,00 é vinculado ao vencimento básico dos professores. O STF, todavia, quando do julgamento da Medida Cautelar na ADI nº 4.167/2008, definiu que o valor mínimo estabelecido no referido dispositivo deveria ser interpretado de modo a abranger a totalidade da remuneração dos docentes, e não apenas o vencimento básico. Desse modo, os Estados, o DF e os Municípios podem fixar como vencimento básico de seus docentes quantias inferiores a R$ 950,00 e pagar a diferença a título de adicionais e gratificações, até atingir o valor atualizado do Piso Nacional”, explica o advogado.

Ainda de acordo com Paulo Lemgruber, cabe reclamação perante ao STF em face do descumprimento do acórdão proferido quando do julgamento da ADIMC nº 4.167/DF. “Mesmo com esta relativização do Piso Nacional, a decorrer do julgamento da ADIMC nº 4.167/DF, aqueles Estados (GO, TO, RO, CE, RS) não estão pagando o valor integral fixado a título de remuneração pelo STF. Eles deveriam pagar como remuneração, no corrente ano de 2010, os R$ 950,00 mais o índice de atualização do piso definido no art. 5º da Lei n 11.738/2008. O STF deve ser acionado para reverter tal situação de descumprimento da decisão por ele proferida em 17.12.2008”diz.

Para os docentes afetados pelo descumprimento da Lei nº 11.738/2008 e do acórdão proferido na ADIMC n 4.167/DF, o advogado aconselha que “independentemente da reclamação a ser proposta no STF, estes servidores podem procurar seu sindicato com vistas ao ajuizamento de ações ordinárias no Poder Judiciário local buscando a condenação dos entes federativos ao pagamento do valor atualizado do Piso Nacional na forma definida pelo STF em 2008, bem como das eventuais diferenças remanescentes”.

Política - Partidos trocam disputa por projetos de PT e PSDB

Agência Estado - 22/03/2010

Baseado em três grandes partidos nacionais - PMDB, PT e PSDB -, uma dezena de legendas médias regionalizadas e outras tantas formadas por nanicos e ideológicos de pouca expressão, o modelo político brasileiro fez com que desde 1994 a efetiva disputa pelo poder ocorra apenas entre petistas e tucanos. Os outros partidos, sabendo que serão necessários numa futura coligação de governo, seja quem for o vencedor, preferem viver das gordas migalhas distribuídas em forma de ministérios e direção de estatais. Essas concessões, por sua vez, são transformadas em células que garantem a sobrevida partidária de cada um deles por mais um tempo.

É o caso, por exemplo, do PCdoB, que desde 2003 controla o Ministério dos Esportes e utiliza seus programas para recrutar militantes. Outro exemplo é o PR - dono do Ministério dos Transportes, faz com ele sua política. O PP, por sua vez, é o senhor do Ministério das Cidades, pasta criada pelo PT, mas entregue ao aliado pela ajuda que tem dado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso. Já o PDT se sente o próprio herdeiro de Getúlio Vargas com o Ministério do Trabalho, e o PSB tem como feudo o Ministério de Ciência e Tecnologia.

Com muito mais poder - garantido por seu gigantismo, tanto no Congresso quanto nacionalmente -, o PMDB domina seis dos principais ministérios de Lula: Agricultura, Comunicações, Defesa, Integração Nacional, Minas e Energia e Saúde. Para assegurar esse naco, abriu mão da disputa pelo poder nas últimas três eleições. Desta vez, deverá compor a chapa, com a indicação do vice da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).

“A pluralidade partidária brasileira é um blefe”, diz o deputado Paulo Delgado (PT-MG), apesar de 27 legendas estarem oficialmente registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “A maioria dos partidos é formada por legendas de composição e não de competição. Daí, a aversão pela disputa.”

domingo, 21 de março de 2010

Política - Uma conversa de várias interrogações

Baptista Chagas de Almeida - EM - 21/03/2010

O vice-presidente deixou claro que prefere a candidatura ao Senado. É claro que Lula não vai forçá-lo a nada além de sua própria vontade

Só terminou por volta de 23h o encontro do presidente Lula com o vice José Alencar (PRB), o ministro de Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT), e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT). Lula ouviu todo mundo, mas nada indicou. Ao contrário, deixou mais interrogações do que respostas. Estas, terão que vir dos próprios atores da cena, mais o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB). Mais uma vez, Alencar roubou a cena. Disse estar a serviço do projeto de Lula – fortalecer a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. E completou dizendo que se for para o bem dela, será candidato, até mesmo ao Palácio da Liberdade. Logo depois, no entanto, veio a ressalva. O vice-presidente deixou claro que prefere a candidatura ao Senado. É claro que Lula não vai forçá-lo a nada além de sua própria vontade.

Daí as várias interrogações. Com José Alencar e Aécio Neves (PSDB) na briga pelo Senado, só aventureiros vão seguir o mesmo caminho. Se o candidato for Hélio Costa, o PT cumpriria o sacrifício de não ter ninguém na disputa majoritária? Bem, o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) poderia ser o candidato a vice-governador, mas é pouco para os petistas. No caso de um dos petistas disputar o governo do estado, vem outra questão. Para onde iria Hélio Costa? Entrar na bola dividida com Alencar e Aécio para tentar a reeleição?

São respostas a essas perguntas que os atores aliados a Lula em Minas vão buscar nos próximos dias. Um dos pedidos do presidente foi que Hélio Costa fosse procurado para uma conversa. O certo é que, mesmo com a resistência petista a Hélio Costa, os envolvidos vão tentar encontrar uma solução negociada. Caso contrário, Lula bate o martelo e dá a ordem.

Hora errada

São inconfessáveis os motivos para a pressão pela colocação em pauta da proposta de emenda constitucional (PEC) que legaliza os bingos e os caça-níqueis, tradicionais financiadores de campanha. Até mesmo deputados que são a favor da aprovação da PEC se dizem constrangidos. "Votar a legalização dos bingos em ano eleitoral é muito ruim", admite um parlamentar que sempre defendeu a legalização do jogo no país.

Pano para manga

A Câmara dos Deputados vai pegar fogo esta semana, por causa da moção de solidariedade aos presos políticos de Cuba. A oposição promete bater forte no presidente Lula, que, em Havana, os comparou aos presos comuns. O tema vai dar pano para manga e provocar debates acalorados, mesmo tendo sido o polêmico deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) o autor do pedido.

Ficha limpa

Avançou um pouco o substitutivo ao projeto de iniciativa popular da ficha limpa para quem quiser disputar as eleições. A modificação feita pelo deputado Índio da Costa (DEM-RJ), de exigir uma decisão colegiada, de Tribunal de Justiça para cima, teve a concordância dos movimentos de combate à corrupção. Mesmo assim, ainda resta dúvidas se, juridicamente, não haverá margem de contestação na Justiça dos que se forem impedidos de disputar sem sentença transitada em julgado.

Sinuca de bico

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), já falou até em veto, no caso do Senado manter a partilha dos royalties do jeito que foi aprovado. O que vai pôr o presidente Lula numa sinuca de bico. O pré-sal, obviamente, será tema da campanha eleitoral. Se vetar a divisão igualitária, Lula agrada ao Rio de Janeiro e ao Espírito Santo, mas compra briga com todos os outros estados. É decisão difícil de tomar. Não é à toa que Lula disse no Oriente Médio que a solução deve partir do Congresso. Lavou as mãos.

Palanque policial

A CPI da Violência Urbana vai virar palco para policiais civis e militares e bombeiros retomarem o lobby pela aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que estabelece o piso salarial em R$ 3,5 mil. As entidades representativas dos policiais foram convidadas a participar em requerimento apresentado pelo deputado Alexandre Silveira (foto), do PPS de Minas, presidente da comissão. Certamente, os convidados farão pressão pela votação em segundo turno da PEC, que deve dormir na Câmara dos Deputados até depois das eleições.

Conceição - Eike Batista acumula bilhões sem gerar caixa real nem empregos

Heberth Xavier - Zulmira Furbino - EM - 21/03/2010

Especialidade do dono da holding EBX é vender projetos não construídos
Eike Batista está na moda. Folgadamente, é o brasileiro mais rico e um dos 10 mais endinheirados do planeta. Mas, aos poucos, o próprio mercado financeiro começa a agir com ceticismo diante de um jeito de amealhar fortuna com negócios e projetos não construídos, sem geração de caixa real nem tantos empregos, muito menos com divisas para a nação na proporção de outros magnatas.

Como definir Eike? Empresário? Investidor? Especulador? Financista? Empreendedor? “Empresário, no sentido tradicional que conhecemos, não é”, diz um analista do setor de mineração que trabalha numa empresa de consultoria paulista. Basta comparar as atividades de suas empresas com as outras corporações estrangeiras e brasileiras cujos comandantes também aparecem no ranking.

Sua holding, a EBX, congrega a MMX (de mineração), a LLX (logística), MPX (energia) e OGX (petróleo), entre outras, acumulando patrimônio estimado em US$ 27 bilhões, segundo o último levantamento da revista americana Forbes. Já vendeu seguros na Alemanha, explorou petróleo na Amazônia, produziu cosméticos, construiu termelétricas, envolveu-se com mineração, tendo sido até expulso da Bolívia. Mas seu forte mesmo é mexer com coisas que não são palpáveis. “O Eike está fazendo fortuna com projetos não construídos, sem geração de caixa real. Está vendendo sonhos, projetos e papéis”, diz um empresário do segmento da mineração que pediu para não ser identificado.

Bill Gates, por exemplo, o segundo do ranking dos bilionários, criou a Microsoft, marca forte que emprega quase 90 mil pessoas em todo o mundo, está presente em 105 países e catapulta receitas acima de US$ 50 bilhões todo ano. Carlos Slim, o bilionário da América Móvil, que tem 125 milhões de clientes, forra um caixa superior a US$ 20 bilhões anualmente. Entre os brasileiros, também há diferença de constituir renda e riqueza. Antônio Ermírio de Moraes (do conglomerado Votorantim), Abílio Diniz (rede Pão de Açúcar) e grupos como Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Vale comprovam algumas dessas diferenças.

De bom gosto com mulheres (foi marido da modelo e atriz Luma de Oliveira) e esportista (é campeão mundial de off-shore, uma corrida em lanchas de alta velocidade), a visão edulcorada de um homem venturoso que carrega saiu arranhada ao longo da semana passada, numa operação não bem sucedida de oferta inicial de ações (IPO) na Bovespa. Ele levantou ‘tão somente’ 30% dos quase R$ 10 bi que esperava captar com a estreia da OSX, empresa do ramo de construção naval. “O problema é que a OSX é um projeto, mas queriam vendê-la a preço de concorrentes estrangeiras já estabelecidas”, resume um gestor de ações. A empresa tem, até agora, apenas um navio e uma dívida de R$ 750 milhões. “Fica até difícil falar do preço das ações, porque a OSX ainda não produz nada”, continua o gestor.

A frieza atual no mercado contrasta com a euforia inicial de até há não mais que um mês, depois que a Forbes divulgou sua tradicional lista dos mais ricos do mundo (e, pela primeira vez, pôs um brasileiro no top ten). Muda o olhar sobre esse mineiro de Governador Valadares, nascido há 53 anos. Ele é inteligente? Não há porque duvidar. Brilhante? Para ganhar dinheiro, sem dúvida. É ousado? Sim, ao menos no mundo das finanças. E é bom que Eike esteja no topo? Bem, aí a resposta imediata nunca será a melhor. O homem que multiplicou sua fortuna por quatro em dois anos (de US$ 6,6 bilhões, em 2008, para os atuais US$ 27 bilhões) diz mais sobre nossa economia do que muito tratado acadêmico. “Sua fortuna se constrói não com base na receita de suas empresas, mas principalmente na compra e venda de papéis”, garante o gestor.

O geólogo e investidor em mineração João Carlos Cavalcanti é ex-sócio de Eike. Diz não ter se surpreendido com o resultado ruim do IPO da OSX. “Me associei a ele num projeto no Norte da Bahia”, afirma. “Depois de três anos, percebi que o projeto não andava. Acabei perdendo a área, mas o Eike Batista ainda me deve R$ 8 milhões.”

O Estado de Minas tentou conversar com Eike quinta-feira e sexta-feira, dia da estreia de sua empresa na Bovespa. A assessoria do investidor alegou que a agenda de Eike estava tomada, mas sublinhou o investimento “superior a US$ 1 bilhão” feito pela MMX, empresa de mineração do grupo no estado. Destacou também as minas na região de Serra Azul, com capacidade anual de produção de 8,7 milhões de toneladas de minério de ferro.

Em Conceição do Mato Dentro, cidade da Região Central de Minas, é difícil falar em Eike Batista e não receber de volta impropérios. A população se queixa da devastação ecológica feita no local, famoso pelas cachoeiras. A vereadora Flávia Magalhães reclama da operação realizada entre Eike e a Anglo American. No começo de 2008, a multinacional de capital britânico comprou 49% do Sistema Minas-Rio, controlado na época pela MMX. Em agosto daquele ano, tornou-se proprietária de 100% do projeto. Pagou, no total, US$ 5,5 bilhões – US$ 3 bilhões teriam ido diretamente para o bolso de Eike. Não há, pelas informações conhecidas, ilegalidade na operação de compra e venda. O problema é outro. “Vendeu um projeto para a Anglo e deixou uma confusão enorme para trás”, lamenta Magalhães.

Conceição - Levante as mãos quem ainda não foi assaltado

JOSÉ SANA - De Fato - 21/03/2010

Ataque nesta semana a posto de combustíveis, quando os bandidos permaneceram quase três horas dentro do estabelecimento, mostra a falência da sociedade diante dos criminosos

Quem ainda não foi assaltado levante as mãos! Este é um desafio aos moradores de cidades e vilarejos localizados às margens da rodovia MGC-120, antiga BR-120, com extensão de 110 quilômetros, de Santa Maria de Itabira a Guanhães. Pavor pelo terror, uma nova face de quem viveu desde os primórdios até agora tranquilamente e é obrigado a mudar a maneira de pensar e o comportamento.

Para sintetizar o estado de espírito atual dos moradores e justificar o apavoramento de todos, um fato ocorreu nesta semana, no Posto Mangueiras, município de Ferros, km 368 da rodovia. Dois bandidos encapuzados renderam cinco pessoas — um frentista, um funcionário que acabara de chegar, dois motoqueiros que corriam da chuva forte e um caminhoneiro que estava estacionado no pátio do posto — e os obrigou a trabalhar carregando peças roubadas.

O circuito interno de televisão, por sinal eficiente, gravou todas as imagens e a movimentação no posto e dentro do restaurante no decorrer de quase três horas — de 1 da manhã às 3h54 — as quais o proprietário sempre acompanha de seu quarto de dormir, mas não o fez nessa madrugada. A técnica do assalto: os ladrões carregaram os objetos roubados: cigarros, bebidas (uísque), refresqueira, forno de microondas, e outros objetos — pouco dinheiro (menos de R$ 300,00) — a um veículo que os aguardou nas proximidades. O prejuízo foi calculado pelos proprietários do posto em cerca de dez mil reais.

Fatos intrigantes ocorreram: um caminhão-baú permaneceu durante cerca de 15 minutos parado no meio do pátio do posto. Outro detalhe: telefonema anônimo dado ao posto dois dias depois da ocorrência tinha o objetivo de pedir informações acerca do andamento das investigações. A terceira curiosidade: os larápios levaram objetos de lanchonete, mas não se interessaram por computadores nem celulares. Também não se preocuparam com as filmagens, talvez porque estivessem encapuzados.

DeFato teve acesso às filmagens e pôde observar detalhes que podem favorecer a polícia nas investigações. Há fatos determinantes que denunciam falta de experiência em assaltos. Por exemplo, os assaltantes permaneceram dentro do restaurante num período de quase três horas. Por uma questão de sorte não foram surpreendidos pela polícia. Caso a TV do dono, MMC, estivesse ligada, de sua casa poderia tranquilamente acionar os policiais de Ferros. Quando chamados, às 4 horas da madrugada, esses levaram apenas 40 minutos para chegarem ao local.

Levantamento feito pela reportagem comprova que todos os postos de combustíveis, bares e restaurantes localizados às margens da rodovia já foram assaltados e poucos crimes foram elucidados. Além dessa quadrilha que invadiu o Posto Mangueiras, uma outra atua atacando aposentados. Existe, também, denúncias da existência de distribuição de drogas na região. Pelo menos em Brejaúba, distrito pertencente ao município de Conceição do Mato Dentro, vila localizada a 12 km da MGC-120, já foi presoum grupo de traficantes pela Polícia Militar.

DETALHES DO ASSALTO

Os bandidos chegaram por volta de uma hora da manhã, de acordo com o cronômetro das câmeras do circuito interno de televisão. Primeiramente, renderam o frentista do posto. Em seguida, dois cidadãos que chegaram numa moto e escondiam da chuva que caía naquele momento. Também, usaram a “mão de obra” de um motorista de caminhão que estava parado no local e detiveram um funcionário que chegava da casa de sua noiva. Depois de fazer pelo menos três deles a ajudá-los no transporte de material do roubo, prendeu os cinco no banheiro do restaurante.

Para entrar no restaurante, abriram uma porta com chave deles próprios. Segundo os proprietários, parecem conhecer a tarefa de chaveiros. O chão ficou sujo com resíduos de metal das chaves que foram usadas na abertura da porta.

Os dois assaltantes estavam armados com revólveres ou armas pesadas (tal dúvida não foi tirada), segundo os reféns e pediam insistentemente para não serem observados, mesmo usando máscaras. Rejeitaram levar caixas de chapéus e sequer cogitaram dos computadores e de outros aparelhos, como celulares. Também não tiveram o cuidado de desligar os telefones.

Poucos minutos antes da rendição do primeiro refém, um filho dos proprietários acabava de chegar de Itabira, onde estuda. Foi direto para o seu quarto de dormir e, a exemplo dos pais, não esteve presente nos instantes do roubo.

Durante a movimentação dentro da lanchonete, não houve ameaças aos reféns, sequer foi necessário que lhes apontassem armas.

O caminhão-baú estacionado durante cerca de 15 minutos é detalhe interessante O motorista não saiu do volante e nem estacionou o veículo. E não despertou a curiosidade dos bandidos. De acordo com as imagens mostradas no vídeo, o veículo é plenamente identificável e pode estar envolvido no assalto ao posto. A favor do veículo como não-participante do assalto, pesa o nome da empresa dona do caminhão.

Durante as quase três horas do roubo, enquanto permaneceram dentro do espaço do restaurante, um dos bandidos segurou a lanterna, grande e de diâmetro avantajado, na boca. O fato prova que o rapaz, além de ser alto e musculoso, tem uma bocarra acima do normal.

A RODOVIA DO MEDO

Ao contrário das rodovias movimentadas que por causa disso se tornam difíceis para as ações de marginais, a MGC-120 oferece uma gama de vantagens para roubos sem chamar a atenção das pessoas que nela transitam. A literatura falada da história dessa rodovia, nos últimos meses, mostra o costume dos bloqueios com pesadas madeiras, roubos depois de pedradas nas cabines, tocaias com tiroteios, cerco a fazendas, perseguição a outros veículos e ataque a i aposentados.

Em toda a extensão dos 110 quilômetros, as lanchonetes e restaurantes fecham as portas às vezes ao escurecer e sempre às 22 horas, mas há postos que atendem durante 24 horas. Outras questões são telefonemas de traficantes, até mesmo dentro dos presidiários, aos moradores locais, fazendo ameaças.

Diante do retrato desse corredor do medo, é urgente que as comunidades e as polícias se unam para estudar uma estratégia para conter a violência que, cada vez mais, é facilitada pelo asfaltamento de novas estradas. Conclusão: ou se unam todos ou vem aí um futuro negro para todos.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Educação - Piso salarial de professores é R$ 1.024,67

JB

Ministério da Educação anuncia piso nacional de R$ 1.024,67 para 40 horas semanais. Piso salarial de professores é reajustado a partir de 1º/1/2010.

O piso nacional do professor do ensino básico deverá aumentar 7,86% a partir de hoje, passando dos atuais R$ 950 para R$ 1.024,67 para 40 horas semanais. O reajuste anunciado pelo Ministério da Educação (MEC) é menos da metade do reivindicado por professores e maior que o desejado por estados e municípios.

A inflação acumulada desde a sanção da lei, em julho de 2008, foi de 6,19%. Os professores defendiam um reajuste maior para o vencimento ter um aumento real mais amplo. O pagamento integral do piso será obrigatório a partir deste ano.

Os 7,86% estão sustentados em um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) pelo qual o aumento deve seguir a variação de 2008 a 2009 do valor mínimo por aluno no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que recebe recursos da União, estados e municípios.

A lei diz que o índice de reajuste será a variação do Fundeb, mas não diz quais anos devem ser comparados. Por isso, a recomendação do MEC pode não ser seguida. "A AGU deu uma interpretação, que não é vinculante. É passível de contestação, mas é uma orientação que o MEC vai seguir na interlocução com esados e municípios"", disse, na quarta-feira, o ministro da Educação, Fernando Haddad. A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação pedia o aumento com base na comparação entre o Fundeb de 2009 e a estimativa para 2010, de 15,94%.

ANÁLISE DO CONGRESSO

Já estados e municípios defendiam que o aumento acompanhasse o índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o que daria um reajuste de cerca de 4%. Essa ideia é objeto de um projeto do governo sob análise do Congresso. Para a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, a alta de 7,86% dificultará a implementação do piso, não seguido em todo o País, principalmente no Norte e Nordeste.

Haddad disse que a proposta dos 4% deverá ser decidida pelo Congresso, e a demanda do reajuste de 15,94% não foi acolhida pela AGU, pois não seria possível calcular o aumento com base na projeção de 2010, feita a partir da previsão da arrecadação de tributos. Podem contar no piso nacional o vencimento básico e as gratificações.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) queria um aumento maior no salário dos professores a partir deste ano, já que o valor de R$ 950 foi estabelecido em 2008 e não houve correção em 2009. A falta de reajuste salarial no ano passado ocorreu devido ao entendimento da Advocacia-Geral da União (AGU) de que o Supremo Tribunal Federal (STF), em uma ação contra o piso nacional movida por governadores, havia decidido por adiar a concessão do aumento para 2010.

MEC diz que estado pode pagar professor

Os estados e municípios têm condições de pagar o piso salarial dos professores, no valor de R$ 1.024,67, conforme interpretação da Advocacia-Geral da União (AGU), disse o ministro da Educação, Fernando Haddad. O reajuste do piso passou a vigorar ontem e corresponde a uma jornada semanal de 40 horas.

O ministro Haddad apresenta três razões que justificam a capacidade de governadores e prefeitos de honrar o reajuste de 7,86% no piso dos professores.

A primeira, o aporte adicional de R$ 1 bilhão, a serem transferidos pelo governo federal este ano, aos cofres de estados e municípios, com o aumento de 36% nos repasses para merenda e transporte escolares.

Outra razão é o aumento das transferências da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

A terceira questão relacionada por Haddad refere-se às projeções do Produto Interno Bruto (PIB) para 2010. Todas indicam crescimento de 5% na arrecadação.

Política - Confederação pede para servidores públicos que acumulam cargos se desligarem voluntariamente

Agência Brasil - 18/03/2010

Com a divulgação de um levantamento em que 164 mil servidores públicos da União e de 13 estados podem estar com algum tipo de irregularidade na ocupação dos cargos públicos, a Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB) orientou nesta quinta-feira (18/3) àqueles que estejam acumulando cargos de forma indevida que se desliguem “voluntariamente”.

Em nota, o diretor jurídico da CSPB, Osmir Bertazzoni, argumentou que o acúmulo de cargos públicos no Brasil é “um fato histórico”. Segundo ele, isso ocorre devido à necessidade dos servidores de terem jornadas duplas de trabalho devido à baixa remuneração e à falta de mão de obra qualificada.

“Há casos em que a qualificação de determinados servidores acaba sendo útil para a sociedade. Normalmente, (os gestores) escolhem servidores experientes em determinadas atividades para acumular funções por falta de mão de obra qualificada nas atividades públicas, de escolas de preparação de servidores públicos, diferentemente do sistema privado”, argumentou Bertazzoni.

Ontem, a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento divulgou um cruzamento de dados de servidores civis do Poder Executivo, na esfera federal, com servidores civis e militares de 13 estados e do Distrito Federal. A secretaria verificou a existência de 164 mil indícios de irregularidades na ocupação de cargos públicos, que envolvem gastos de R$ 1,7 bilhão por ano.

O primeiro cruzamento de dados dos ministérios do Planejamento e da Previdência Social com os cadastros de 14 unidades da Federação esquadrinhou a vida funcional de 3,08 milhões de servidores. Em 6,7% dos casos, foram constatados indícios de irregularidades nos estados e em 3,3%, na União.

Apesar do levantamento apontar um desperdício de quase R$ 2 bilhões, Bertazzoni argumentou que a correção das irregularidades não deve acarretar economia ao Estado, porque será necessário a contratação de novos servidores para substituir os que estão em situação irregular. ”É raro que o servidor que acumula cargos com compatibilidade de horários, mesmo ferindo a Constituição, precise devolver algum provento ao governo porque é provado que esses profissionais trabalharam”, disse.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Correios - Problemas relacionados aos prazos de entrega das correspondências

VE - Chico Lopes - 18/03/2010

"A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) ao longo dos tempos tornou-se uma das principais organizações públicas em nosso país. Com relevantes serviços prestados à sociedade brasileira, a ECT tem conquistado uma posição destacada no que diz respeito à credibilidade, sendo a organização pública melhor conceituada na prestação de serviços segundo dados das pesquisas de opinião.

No ano de 2009, a ECT foi referendada pelo STF como a única empresa habilitada a movimentar o serviço postal no Brasil. Essa decisão garante a ECT sua sustentabilidade econômica e reafirma sua posição no cenário das comunicações em nosso país. Portanto é fundamental, de posse desta prerrogativa, continuar o desafio de entregar correspondências nos prazos estabelecidos, com alto padrão de qualidade na prestação de serviços, como já é a principal marca dos Correios.

Acontece que deste o começo de 2010 acumulam-se problemas relacionados aos prazos de entrega das correspondências e não vemos por parte da diretoria da ECT e do Ministério das Comunicações ações que venham solucionar os dissabores que a sociedade brasileira vem passando em função da baixa qualidade operacional observada nos últimos meses pelos Correios.

Para ilustrar trazemos alguns fatos marcantes que mostram a situação atual dos Correios: um SEDEX que deveria ser entregue em até 24h (de capital para capital), tem levado até 15 dias para ser entregue ao destinatário. Isso causa um prejuízo enorme a quem pagou uma tarifa com o prazo estabelecido.

São documentos que não chegam, encomendas que atrasam causando transtornos, boletos bancários que chegam após o vencimento acarretando um prejuízo enorme aos usuários. Pessoas são penalizadas com pagamentos de multas e juros, correspondências que se acumulam nas unidades dos Correios fazendo com que os clientes deixem de esperar em suas residências para irem aos Correios em busca das mesmas.

A imagem dos Correios pode ficar comprometida na medida em que a ECT não cumpre seu papel. A ECT, em todo o Brasil, virou manchetes de jornais, está em telejornais de divulgação nacional. Diferente de anos anteriores, agora é cobrada pelo cumprimento de sua responsabilidade.

Ao que sabemos recentemente os Correios abriu inscrições para um concurso público com mais de um milhão de inscritos em todo Brasil. Talvez essa fosse a solução, mas acontece que esse concurso anda a passos lentos, as provas ainda não foram marcadas, sequer o processo de licitação para contratar a empresa que realizará o concurso foi iniciado. Fala-se até em dispensa de licitação, o que seria um erro grave já que a ECT recentemente foi alvo de investigações. Some a isso o ano eleitoral o que estabelece prazos inadiáveis de contratação.

Lamentamos profundamente que a direção da ECT não se sensibilize com a atual situação. Ao que parece, existe uma acomodação por parte dos diretores da ECT, situação esta que leva à sociedade prejuízos e incômodos como já me referi anteriormente, mas que também submete o carteiro a uma auto exposição. Temos notícias de que carteiros são sucessivamente insultados, agredidos moralmente por aqueles que não aceitam o atraso de suas correspondências e enxergam na figura do carteiro o responsável por este atraso.

Quero aqui me solidarizar com essa categoria guerreira, que tem um extraordinário senso profissional, cumpridor de suas atividades. Quero dizer que a culpa desse caos nos Correios não são dos trabalhadores e sim dos gestores que não vislumbraram o futuro da organização, e hoje comprometem uma imagem positiva construída ao longo dos anos graças ao empenho e dedicação de seus trabalhadores.

Por fim, pedimos que a direção dos Correios responda com medidas concretas, com ações rápidas, que possam devolver a ECT seu posto de melhor prestadora de serviços de nosso país. Solicitamos ao Senhor ministro Helio Costa que se volte para os problemas dos Correios, para que sua atual direção tenha ações rápidas no sentido de resolvermos os problemas que afligem os trabalhadores e por extensão a sociedade brasileira.

Política - Lula conversa com Patrus, Pimentel e Alencar para garantir palanque

Patrícia Aranha - EM - 18/03/2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vai medir esforços para garantir que haja apenas um palanque para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), em Minas. O recado será dado pessoalmente aos pré-candidatos do PT ao governo – o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel – em reunião marcada para a tarde de sexta-feira, da qual participará também o presidente da República em exercício, José Alencar (PRB). A confirmação do encontro foi feita quarta-feira, em telefonema do próprio Lula durante a viagem pelo Oriente Médio e aconteceu um dia depois de Alencar ter recebido Patrus e Pimentel no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, para referendar o acordo de paz no PT mineiro.

A expectativa do PT é de que Lula apele por um entendimento com o PMDB – que tem como pré-candidato o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB) –, mas não feche as portas para a candidatura própria do partido. No dia 2, o ministro peemedebista havia previsto que em 15 dias – prazo encerrado quarta-feira – as duas legendas anunciariam o nome daquele que seria o cabeça de chapa. Nos bastidores, começou a circular a informação de que Lula já teria manifestado aos pré-candidatos do PT a preferência dele por Hélio Costa, o que foi negado por Patrus e Pimentel.

Em público, pelo menos duas vezes, Lula puxou a orelha dos pré-candidatos do PT por terem intensificado o racha no partido e recomendou que entrassem em acordo para que houvesse apenas um palanque para Dilma no estado. Diante da possibilidade de perder a cabeça de chapa para o PMDB, Patrus e Pimentel decidiram colocar um ponto final nos desentendimentos que começaram ainda em 2008, durante a campanha para a Prefeitura de Belo Horizonte, quando Pimentel se aliou ao governador Aécio Neves (PSDB), para eleger o prefeito Márcio Lacerda (PSB), contrariando as orientações do diretório nacional do PT. Na terça-feira, Patrus recebeu Pimentel no gabinete em Brasília para acertar os detalhes do acordo e ambos procuraram, em reunião com José Alencar, o aval para mostrar que falam sério quando dizem que estão empenhados em unir a base aliada.

A ideia dos petistas é apresentar, até o fim do mês, o nome do PT que disputará o governo e garantir a participação de José Alencar na chapa, como candidato ao Senado. Na terça, Patrus e Pimentel disseram ao presidente em exercício, que retirarão seus nomes das disputa se ele decidir ser o candidato ao Palácio da Liberdade. Alencar, que tem dito preferir a disputa pelo Senado, disse quarta-feira, em Brasília, antes de embarcar para São Paulo, onde se submeteu a nova sessão de quimioterapia para combater o câncer, que ainda é cedo para falar em candidaturas, o que ocorreria só na época das convenções e que é um soldado do partido para garantir a unidade da base aliada em Minas. Aproveitou para mandar um recado aos petistas e peemedebistas: “É o desprendimento que vai levar ao bom entendimento em Minas”. Em relação a sua própria candidatura, disse que ainda é cedo. Já em São Paulo, perguntado se tem disposição para ser candidato a governador, Alencar sorriu e afirmou enigmático: “vai depender do que ocorrer daqui para frente”.

PMDB

O presidente do PMDB mineiro, deputado federal Antônio Andrade, colocou panos quentes na reação do PT, dizendo que a união dos petistas contribui para a o entendimento. “O PT está caminhando para a pacificação, o que nos deixa entusiasmados por que não dava para negociar com duas alas”, disse. Andrade acredita na aliança e negou que o PMDB esperasse por uma solução a curto prazo. “Temos dois meses pela frente. PT e PMDB estarão juntos, mas não precisamos precipitar ou forçar nada”, disse. Já o líder do bloco PMDB-PTC na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), responsável pela costura das alianças nos estados, negou que Lula tenha manifestado preferência por Hélio Costsa. “Vamos escolher o candidato da base com critérios transparentes e democráticos. Não sabemos se Lula tem um preferido. O presidente e o PMDB estão empenhados em ganhar a eleição no estado. Vamos estar juntos com o PT porque, para o PMDB, Minas é a prioridade das prioridades ”, afirmou.

Política - Dilma defende palanque único em Minas Gerais

Daniela Almeida - EM - 18/03/2010

A ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, defendeu nessa quarta-feira o palanque único nas eleições em Minas. A declaração foi feita durante visita da ministra a Monte Alegre de Minas, no Triângulo Mineiro. Dilma, que fez questão de não citar nomes ou preferências, afirmando que o melhor é não se antecipar ao pior cenário – um palanque dividido entre seu partido e o PMDB, base do apoio petista – e pediu otimismo.

“Somos a favor da unidade e acho que essa questão da unidade não é uma coisa que se impõe, se constrói”. Protagonizam a disputa estadual o ministro do Desenvolvimento e Combate à Fome, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, pelo PT, e o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB).

Os resultados da pesquisa Ibope divulgada ontem, apontando a diminuição para cinco pontos percentuais (de 35% para 30%) nas intenções de votos de Dilma para o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), foram comentados com parcimônia pela ministra. Dilma minimizou a diferença para Serra, seu provável rival na campanha, ao afirmar que “a pesquisa é retrato do momento”, momento este ainda distante das eleições. “Estamos em março, a eleição é em outubro, e ninguém sobe de salto alto. Ainda tem muito caminho para gente andar.”

Visita

Dilma discursou por cerca de 30 minutos para cerca de 2 mil pessoas, em um palanque montado no pátio do posto de combustíveis Trevão de Monte Alegre. De acordo com integrantes da comitiva, 153 prefeitos de municípios de Minas, Goiás, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estavam também presentes. Essa foi pelo menos a quarta visita da ministra ao estado apenas este ano.

Segundo maior colégio eleitoral do Brasil, só perdendo para São Paulo, Minas deverá ser o ponto estratégico para o fortalecimento da pré-candidata na campanha. Levantamentos recentes mostram uma larga liderança do tucano no Sudeste – a pesquisa Ibope apontou uma vantagem de 15 pontos de Serra para Dilma na região.

A ministra, que inaugurou obras e assinou convênios com prefeituras de dezenas de cidades mineiras, não deixou claro se irá ou não participar de eventos ou inaugurações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após deixar o cargo na Casa Civil. A Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou cartilha, ontem, indicando que Dilma só não poderá participar de eventos a partir da oficialização de sua candidatura.

Política - Preservar a aliança por bem ou por mal

Baptista Chagas de Almeida - EM - 18/03/2010

Até mesmo líderes do PMDB mudaram o tom do discurso, antes impositivo, para uma solução a ser negociada mais à frente

O vice-presidente José Alencar (PRB) surpreende com sua atuação política. E mais ainda com suas declarações. Depois de admitir a possibilidade de disputar o Senado, se tiver vencido a batalha que trava contra o câncer, agora diz que é “apenas um soldado” nas eleições deste ano. Não é bem assim. O presidente Lula sabe que só Alencar pode pacificar a base aliada em Minas Gerais. O PT passou uma grande temporada com seus dois pré-candidatos às turras. O ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel travaram uma verdadeira guerra interna no PT mineiro pelo comando da legenda. Agora, entre mortos e feridos, tentam achar um caminho para todos se salvarem.

Tanto que já estão perto de um acordo, depois de perceber que Lula poderia dar a ordem de cima e determinar que o candidato da base no estado seja o ministro das Comunicações, Hélio Costa, em nome de evitar rupturas na aliança da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), com o PMDB de Costa e do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP), provável candidato a vice-presidente. Nada está definido ainda. Até mesmo líderes do PMDB mudaram o tom do discurso, antes impositivo, para uma solução a ser negociada mais à frente.

Bem, Lula reúne Patrus e Pimentel, sob o testemunho de Alencar, amanhã, em Brasília. O encontro será fundamental para definir o futuro da base governista na disputa pelo Palácio da Liberdade. No Palácio do Planalto, a ordem presidencial para os dois pré-candidatos será: é preciso preservar a aliança com o PMDB. Por bem ou por mal.

Fim da picada

Os colegas não perdoaram. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por causa da briga pelos royalties do pré-sal, exagerou. Apresentou proposta de emenda constitucional (PEC) para separar o Rio de Janeiro do resto do Brasil. É, é isso mesmo. A velha guerra da secessão. Logo apareceram outras sugestões. Uma delas, a de que ele deveria apresentar uma emenda para separar ele próprio da política brasileira. Seria uma iniciativa bem mais feliz.

Twitter na madrugada

Foi às 3h34 de ontem, que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), um conhecido notívago, rompeu o silêncio e falou pela primeira vez sobre os royalties do pré-sal. Ele pôs no Twitter um comentário dizendo que o Rio e o Espírito Santo podem quebrar com a emenda dos deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e Humberto Souto (PPS-MG). Só esqueceu-se de dizer que São Paulo também será muito bem aquinhoado com as regras atuais.

Carinho oficial

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (foto), teve reunião, a portas fechadas, com o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), que contou ainda com a presença do líder do partido, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). A missão de Padilha era fazer um carinho em Temer e conversar sobre a candidatura dele a vice-presidente na chapa da ministra Dilma Rousseff (PT). Tudo por causa das especulações em torno de o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, substitui-lo no posto.

Mudança de hábito

O comentário é geral na Assembleia Legislativa. O deputado Vanderlei Miranda, antes sempre afável com os colegas, mudou depois que assumiu a liderança do PMDB na Casa. Passou a fazer discursos tão eloquentes quanto vazios em plenários, além de assumir posições intransigentes e radicais. Os deputados estaduais brincam que, assim que ele chega ao plenário, a frase mais ouvida é “Xô liderança”. É, anda feia a coisa.

Ver para crer

No aniversário do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, em Brasília, o vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, e o deputado Miguel Corrêa Júnior (PT-MG) contavam para o líder do governo Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que o ministro Patrus Ananias e o ex-prefeito de BH Fernando Pimentel estavam perto de um acordo. “Só acredito vendo”, disse Vaccarezza. E viu! Patrus passava na hora, ouviu o comentário e confirmou que pode haver o acordo.

Política - Temer barra na Câmara projeto sobre 'ficha-suja'

Agência Estado - 17/03/2010

De nada adiantaram as assinaturas de mais de um milhão de pessoas e o trabalho feito pela Comissão Especial da Câmara criada para amenizar o projeto de lei que impede a candidatura de políticos com "ficha-suja" na Justiça. Mesmo com as mudanças, o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), praticamente enterrou nesta quarta-feira as chances de a proposta ser votada antes das eleições de outubro. Para não pôr o projeto na pauta de votações, Temer alegou que seria "desastroso" a proposta ser rejeitada no plenário da Câmara, uma vez que não há consenso entre os partidos sobre o tema. Temer pôs, no entanto, outros projetos polêmicos na pauta de votação da Câmara, como a legalização dos bingos e a "lei da mordaça" para os integrantes do Ministério Público.

"Não devemos levar o projeto desajustado para o plenário", argumentou o presidente da Câmara, ao receber a versão final do projeto que pune os "ficha-suja". "Como eu não preciso enganar ninguém com as palavras, que muitas vezes os ouvidos gostam de ouvir dos homens públicos aquilo que os ouvidos apreciam ouvir, vamos dialogar com os líderes e com os partidos e quando isso estiver ajustado pela maioria, nós levaremos ao plenário. Até porque seria desastroso levar para o plenário e se negar a aprovação", disse Temer.

Apresentado no ano passado, com mais de um milhão de assinaturas de cidadãos em defesa do estabelecimento da chamada "ficha limpa" para os políticos se candidatarem, o projeto de lei enfrenta resistências junto a maioria dos partidos. Um dos motivos para as dificuldades de a proposta ser aprovada é o estabelecimento da inelegibilidade para políticos condenados em primeira instância. Na versão apresentada hoje, a decisão tem de ter sido tomada por um colegiado de juízes.

O texto elaborado pela Comissão Especial e entregue ao presidente da Câmara pune a prática rotineira dos políticos de renunciar ao mandato para evitar abertura de processo de cassação. Pela proposta o político que renunciar para escapar da cassação não poderá se candidatar nas eleições seguintes.

O projeto de lei prevê ainda que os políticos ficam inelegíveis por até oito anos depois de cumprirem a pena estabelecida pela Justiça. Pela legislação atual, os políticos perdem o direito de se candidatar oito anos depois da condenação, sem incluir o prazo de cumprimento da pena.

Conceição - Preços de minério vão se aproximar de valores internacionais

RAQUEL MASSOTE - Agencia Estado

O diretor executivo de Ferrosos da Vale, José Carlos Martins, evitou hoje comentar as negociações sobre reajustes nos preços do minério de ferro. Segundo informou a consultoria e empresa de pesquisa Steel Business Briefing (SBB), a Vale estaria planejando aumentar os preços do minério de ferro para as siderúrgicas brasileiras em 80%, em duas parcelas. "Não confirmo, não desminto e não comento".

Martins disse apenas que o objetivo da mineradora é que os preços do minério se aproximem dos valores já praticados no mercado internacional. "A nossa política hoje é ter preços equivalentes aos que estão vigorando no mercado internacional".

Segundo o executivo, na China o minério tem sido vendido por cerca de US$ 130 por tonelada, incluindo o frete. Sem estes custos, os valores variariam entre US$ 100 e US$ 110 por tonelada. Os valores contratuais firmados no auge da crise financeira internacional ficaram entre US$ 55 e US$ 60 por tonelada, dependendo da qualidade do minério.

"Este preço está completamente fora da realidade de mercado e deve ser corrigido", apontou. Segundo ele, a demanda tem sido alta e está sendo puxada pela China, por outros países asiáticos e pela Europa. "Não sei onde o resultado da negociação vai chegar", afirmou.

Produção em MG

A Vale e o governo de Minas Gerais formalizaram hoje o protocolo de intenções que prevê investimentos de cerca de R$ 9,4 bilhões para a implantação de minas e usinas de beneficiamento de minério no Estado. Pelo protocolo de intenções, os recursos serão aplicados em três empreendimentos. Com os aportes, a produção de minério de ferro da Vale será ampliada em 46 milhões de toneladas por ano a partir de 2014, incremento de aproximadamente 25% em relação ao volume produzido atualmente, de 190 milhões de toneladas por ano.

Novos projetos, no entanto, estão a caminho. O diretor executivo de ferrosos da Vale, José Carlos Martins, disse que a mineradora espera anunciar em breve novos investimentos na expansão da capacidade de produção no Estado. "Esperamos no próximo ano concluir estudos no Estado para anunciar crescimento de produção equivalente ao que estamos anunciando hoje", afirmou.

Entre os projetos estariam novas minas, desenvolvimento das já existentes e novas áreas de mineração em outras regiões do Estado, incluindo o norte, onde estão situados os municípios Conceição do Mato Dentro, Guanhães e Salinas, e na região da Serra Azul. Atualmente, de acordo com o executivo, a produção de minério do Estado representa 70% do total produzido pela companhia. A vantagem da manutenção dos aportes, de acordo com Martins, deve-se à infraestrutura logística.

Os investimentos assinados hoje já haviam sido anunciados em outubro do ano passado pelo presidente da companhia, Roger Agnelli, ao governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). Entre os empreendimentos estão o Projeto Apolo, que demandará, conforme o governo do Estado, R$ 4,4 bilhões. A nova mina está localizada entre os municípios de Caeté e Santa Bárbara, com capacidade para a produção de 24 milhões de toneladas por ano, podendo ser ampliado no futuro. O projeto ainda aguarda a obtenção da Licença Ambiental Prévia, mas a expectativa é de que o início das operações ocorra em 2014.

Os outros dois projetos, cuja construção já foi iniciada, consistem na implantação de usinas para o aproveitamento dos minérios considerados "pobres", denominados itabiritos. Uma destas usinas, cujos investimentos deverão atingir R$ 2,68 bilhões, será implantada na mina de Conceição, em Itabira, e irá utilizar novas tecnologias, que permitem a transformação de materiais estéreis em produtos com maior valor agregado. O projeto deve ampliar a produção total da Vale em 12 milhões de toneladas por ano, sendo que na unidade poderão ser produzidos finos de minério (sínter feed e pellet feed).

O outro projeto, Vargem Grande-Itabiritos, consiste também no aproveitamento de minérios itabiríticos das minas de Abóboras, Tamanduá e Capitão do Mato. A produção prevista é de 10 milhões de toneladas por ano de pellet feed. O investimento deverá chegar a R$ 2,3 bilhões. O término das obras está previsto para 2012.

Correios - 1,021 milhão de candidatos brigam por vagas

Letícia Nobre - CB

O mundo dos concursos registra um recorde: 1,021 milhão de inscritos para a seleção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). De longe, será o maior processo seletivo em número de candidatos da história do país. Apesar de ser uma apuração parcial, tendo em vista que os bancos e as regionais das agências ainda não terminaram de contabilizar as adesões, a conta final não deve ser muito diferente. Estão na disputa 6.556 vagas em todos os estados, com salários de até R$ 3.108,37.

Tradicionalmente, os Correios promovem concursos regionais. Esta será a primeira vez em que todas as vacâncias serão preenchidas ao mesmo tempo. Foram publicados sete editais - um para cada região administrativa da empresa - e as inscrições coletadas nas próprias agências até 19 de fevereiro. O prazo foi prorrogado quatro vezes e, no fim de janeiro, já haviam sido computados 693 mil interessados em entrar na briga pelos postos de trabalho. O montante não era esperado. "Foi uma surpresa. Nenhum concurso até hoje atingiu essa quantidade de inscritos", diz o professor Ernani Pimentel, diretor-presidente da Vestcon e presidente da Associação Nacional de Proteção aos Concursos (Anpac).

Falta o organizador

Ao contrário do que ocorre normalmente, os editais de abertura não foram publicados informando as organizadoras responsáveis pela elaboração das provas. Essa decisão, que não é ilegal, foi recebida com estranheza por professores e especialistas de concursos e questionada pelo Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal, que sugeriu a formação de um consórcio de empresas para garantir a eficácia e a transparência nas sete seleções.

Diante desse quadro, as opiniões se dividiram entre os especialistas. De um lado, está uma ala que defende a preparação dos candidatos de acordo com o perfil das organizadoras. De outro, os que pregam que os pré-requisitos estipulados pelos Correios são claros o suficiente para que os concurseiros possam estudar independentemente da banca que fizer as avaliações.

O processo de licitação das bancas examinadoras deve terminar no fim de março, quando se espera que os nomes das escolhidas sejam divulgados. "Existem umas três empresas grandes o suficiente para realizar esse concurso", aponta o professor José Wilson Granjeiro, do Gran Cursos, citando a Esaf e o Cespe como exemplos.

Enquanto aguardam a liberação dos nomes dos organizadores das provas, os candidatos se voltam para a definição dos cursos preparatórios, a compra de apostilas e as aulas virtuais. "É um curso que movimenta bem o mercado de editoras e as aulas online, que podem atender os candidatos até nos lugares onde não há escolas preparatórias", diz Granjeiro. Segundo ele, a procura por turmas presenciais está maior nas unidades fora do Plano Piloto.

Apesar de os Correios estarem comemorando o recorde de inscrições, há a possibilidade de o número de adesões ser superado em breve. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê atingir mais de um milhão de pessoas na disputa pelos postos de recenseador. Se as estimativas estiverem corretas, não será impossível que os 191.972 postos para fazer o Censo 2010 sejam ainda mais disputados.

Risco de desânimo

O fato de o IBGE oferecer vagas temporárias, com prazo de até seis meses de trabalho, pode, porém, desanimar muitos candidatos. "Quem já está se preparando para cargos efetivos não vai mudar o foco", afirma o professor Granjeiro. "Os concursos para o Censo de 2000 não atraíram muitos interessados. E acho que não será diferente agora. Só não podemos esquecer que muita coisa mudou na área de concursos", pondera Ernani Pimentel.

Levantamento feito pelo Correio mostra que a procura por concursos públicos tem aumentado de forma considerável nos últimos anos. Das 19 seleções com mais de 109 mil inscritos, 12 ocorreram em 2008 e 2009. Caixa Econômica Federal, Polícia Federal, Petrobras e suas subsidiárias e IBGE estão entre os órgãos que atraíram grande número de candidatos em mais de um concurso. A maioria absoluta dessas seleções tem algo em comum: ofereceu muitas chances para o nível médio. As exceções foram a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, com seleções exclusivas para graduados.

"O aumento da procura é um excelente sinal. Consolida a imagem dos concursos públicos na mentalidade dos brasileiros", comenta Pimentel. Na visão do presidente da Anpac, a organização e o planejamento dessa etapa obrigatória para ser servidor público tem evoluído continuamente e as demandas têm levado à profissionalização de quem está nesse mercado.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Política - Ministro vai deixar a Esplanada este mês, para disputar o governo de Minas, e deve passar o cargo a Antônio Bedran

Gerusa Marques - 17/03/2010

O nome de Antônio Bedran, conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), surgiu com força para substituir HÉLIO COSTA no comando do Ministério das Comunicações. Costa deixará o cargo no fim do mês para concorrer ao governo de Minas Gerais pelo PMDB.

A indicação de Bedran é trabalhada em conjunto por PMDB e PT, dentro da aliança nacional que deverá apoiar a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Bedran tem conhecimento do marco regulatório das telecomunicações, fundamental para este momento de definição do Plano Nacional de Banda Larga. Com formação em Direito, Bedran já trabalhou na Embratel e Telemig, antes da privatização do Sistema Telebrás, e foi consultor jurídico do Ministério das Comunicações, de 1994 a 1998, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Em 1998, passou a ser procurador-geral da Anatel, onde ficou até 2007, nomeado para o conselho diretor da agência.

A escolha atenderia ao critério técnico, exigido por Lula, e ao político, contentando HÉLIO COSTA, de quem é amigo. O nome de Bedran já foi apresentado à ministra Dilmal, que teria ""adorado"" a ideia, segundo um interlocutor do governo.

A primeira opção de HÉLIO COSTA para substituí-lo foi o seu chefe de gabinete, José Arthur Filardi Leite. O nome, porém, sofre resistências no Planalto. Também tem circulado o nome de José Zunga, sindicalista ligado ao PT, que ocupa uma cadeira no conselho consultivo da Anatel.

Fontes do setor dizem que Bedran não teria problemas em assumir o cargo, já que seu mandato na Anatel termina em novembro. Para a vaga na agência, voltaram a ser cogitados os nomes do assessor André Barbosa, da Casa Civil, e do ouvidor da Anatel, Nilberto Miranda, ligados ao PT.

Política - Diferença entre Dilma e Serra cai para 5 pontos, diz CNI/Ibope

Agência Estado - 17/03/2010

A pré-candidata do PT à Presidência, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, registrou um crescimento nas intenções de voto. Segundo a pesquisa CNI/Ibope, Dilma subiu de 17% na amostra de novembro para 30% no levantamento divulgado nesta quarta-feira. O presidenciável do PSDB, o governador José Serra, registrou queda passando de 38% no levantamento anterior para 35% na leitura de hoje. Com isso, a diferença entre os dois candidatos caiu para cinco pontos porcentuais.

O levantamento foi feito entre os dias 6 e 10 de março. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos. A pesquisa mostra ainda o deputado federal Ciro Gomes (CE), pré-candidato do PSB, com 11% das intenções de voto e a pré-candidata do PV, a senadora Marina Silva (AC), com 6%. Na pesquisa anterior, divulgada em dezembro, Ciro tinha 13% e Marina, 6%.


Saiba mais...
Cresce avaliação positiva do governo Lula, revela pesquisa CNI/Ibope Do total de entrevistados (2.002), 10% disseram que vão votar em branco, nulo ou em nenhum dos candidatos e 8% informaram que não sabem ou não responderam à pesquisa. O levantamento mostra ainda que 53% dos entrevistados preferem votar em um candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No cenário de segundo turno, numa eventual disputa entre Serra e Dilma, o governador paulista lidera com 44% das intenções de voto e a ministra da Casa Civil aparece com 39%. De acordo com o CNI/Ibope, a pré-candidata do PV, Marina Silva, registra o maior índice de rejeição entre os presidenciáveis, com 31%, enquanto o governador paulista tem o menor índice de rejeição, com 25%.

Os demais presidenciáveis aparecem com os seguintes índices de rejeição: Dilma com 27% e Ciro com 28%. Na pesquisa anterior, Dilma tinha a maior rejeição entre os pré-candidatos, com 41%, seguida de Marina, com 40%, Ciro, com 33%, e Serra, com 29%. A pesquisa CNI/Ibope está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob o protocolo nº 5.429/2010.

Política - Cresce avaliação positiva do governo Lula, revela pesquisa CNI/Ibope

Agência Brasil - 17/03/2010

Pesquisa feita pelo Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), revela que 75% dos entrevistados avaliam como positivo (ótimo ou bom) o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No levantamento anterior, divulgado em dezembro de 2009, esse percentual era de 72%.

De acordo com a pesquisa apresentada hoje, 83% aprovam a maneira de Lula governar, o mesmo índice registrado há três meses. A pesquisa também mostra que 77% dos entrevistados têm confiança no presidente, resultado 1 ponto percentual inferior ao verificado em dezembro (78%).

Outro dado do estudo é que 49% consideram o atual mandato de Lula melhor do que o primeiro. Em dezembro, esse percentual era de 46%. Foram ouvidos 2.002 eleitores de 16 anos ou mais em 140 municípios, no período de 6 a 10 de março.

Política - Patrus e Pimentel selam a paz no PT mineiro

Patrícia Aranha - EM - 17/03/2010

O PT mineiro recorreu ao presidente em exercício, José Alencar (PRB), para avalizar a declaração de paz entre os pré-candidatos do partido ao governo de Minas, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. O cenário foi o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, sede provisória do governo, onde Alencar recebeu Patrus e Pimentel, no início da tarde de terça-feira. Em pouco mais de meia hora de conversa, desenrolou-se a segunda cena do roteiro preparado pelo PT para mostrar a Lula que o partido fala sério quando insiste na candidatura própria, a despeito dos recados do próprio presidente de que prefere o nome do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), como candidato único da base aliada. A primeira cena havia acontecido no fim da manhã de terça-feira, no gabinete de Patrus, quando foi selado o acordo com Pimentel para que o PT apresente apenas um candidato ao Palácio da Liberdade, antes do prazo de desincompatibilização dos ministros que pretendem disputar as eleições deste ano, em 3 de abril.

O esforço de mostrar unidade na base aliada em Minas será levado a Lula, assim que retornar da viagem ao Oriente Médio, na sexta-feira. Pimentel e Patrus garantiram a Alencar que retiram seus nomes da disputa, se o presidente em exercício decidir ser candidato a governador. Deixaram claro, contudo, que se Alencar preferir a vaga de senador, como tem afirmado publicamente, contam com ele na chapa majoritária encabeçada pelo PT.

Na segunda-feira, Lula telefonou para Alencar, por volta de 19h, e depois de perguntar sobre o resultado dos exames que confirmaram a redução dos tumores, disse que o aguardava para uma conversa sobre o cenário eleitoral em Minas. No PT, a expectativa é de que a reunião seja a quatro, com a participação de Patrus e Pimentel.

Lula já havia dado declarações públicas sobre a insatisfação com os desentendimentos entre os dois pré-candidatos do partido e avisou que não iria intervir para selar a paz. Mas o PT só começou a levar os recados a sério, depois que Hélio Costa e o PMDB começaram a divulgar a preferência do Planalto pela candidatura peemedebista. Foi o bastante para que Patrus e Pimentel, que desde a eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte, em 2008, quando ficaram de lados opostos, só eram vistos juntos em eventos públicos, dessem sinais de aproximação, que culminaram na reunião de terça-feira.

Presente aos dois encontros de terça-feira, o vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho (PT), comemorou o acordo. “Não há mais divergências no PT mineiro. É o fato novo que o Lula tanto nos cobrou. Pimentel e Patrus acordaram que, qualquer que seja o escolhido como candidato, terá o apoio do outro. Se José Alencar decidir ser o candidato, o PT todo apoiará”, disse. Em relação a Hélio Costa, Carvalho limitou-se a dizer que o PT procurará até o prazo de convenções partidárias, em junho, atrair o PMDB para que haja apenas um palanque para a ministra Dilma Rousseff (PT) a presidente. “Trabalharemos à exaustão para que o palanque único aconteça”, disse Carvalho, que faz parte do grupo de Pimentel. Uma das lideranças mais próximas a Patrus, o deputado estadual André Quintão (PT), acrescentou: “Não imporemos nomes a base aliada. Tentaremos convencer os partidos, entre eles, o PMDB, de que o PT tem maior viabilidade eleitoral para unificar o palanque de Dilma em Minas”, disse.

Política - Dossiê Suspeito

Baptista Chagas de Almeida - EM

O Procurador Patrick Salgado Martins, da 4ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte, não encontrou qualquer ligação entre o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) e recursos que teriam ido parar em conta aberta ao exterior para abastecer o esquema do mensalão. “Nenhum indício de envolvimento do ex-prefeito foi detectado. Não há provas contra Pimentel. Se houvesse, teria denunciado”, argumenta. O Ministério Público Federal não dá mais detalhes do Inquérito, que corre em segredo de Justiça. É, mas pelo jeito, o tal dossiê foi mesmo montado.

Política - Fruet mira Pimentel

REVISTA ISTO É - Hugo Marques

Documentos sigilosos da CPI dos CORREIOS mostram pelo menos 71 telefonemas que relacionam o coordenador da campanha de Dilma ao Mensalão

Documentos inéditos guardados no cofre do Congresso Nacional podem desmontar definitivamente a versão petista de que não passa de pura ilação do Ministério Público Federal o envolvimento de Fernando Pimentel, coordenador da campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff, com o Mensalão do PT. Extratos da quebra de sigilo telefônico levantados pela CPI dos CORREIOS indicam as ligações entre Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, e o publicitário Marcos Valério, um dos principais protagonistas do esquema de caixa 2 petista usado para a compra de apoio político no Parlamento. Depois que ISTOÉ divulgou o conteúdo do processo do Mensalão, que corre no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-relator de movimentação financeira da CPI, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), recorreu aos arquivos que ficaram nos notebooks dos parlamentares da CPI e descobriu ligações telefônicas de Valério para o gabinete de Pimentel na Prefeitura de Belo Horizonte. Na época, de acordo com o deputado, esses telefonemas não mereceram maior atenção mas, diante das revelações que estão no processo do STF, eles serão novamente analisados. "A quebra de sigilo feita pela CPI mostra que há uma relação direta de Marcos Valério com Fernando Pimentel e com a Câmara de Diretores Lojistas de BH (CDL), que fechou contratos com o prefeito", acusa Fruet. "Vamos pedir acesso a todo o banco de dados da CPI dos CORREIOS para aprofundar a investigação", afirmou Fruet na quarta- feira 10, pouco antes de se dirigir ao gabinete do senador José Sarney (PMDB-AP) para solicitar toda documentação guardada nos arquivos.


Em suas buscas iniciais, Fruet constatou cinco ligações disparadas da SMP&B, agência de Marcos Valério, para a Prefeitura de Belo Horizonte, no início de 2004. Três delas foram feitas diretamente para o gabinete do prefeito da capital mineira. Coincidência ou não, foi também no início de 2004 que Pimentel firmou convênio sem licitação com o diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Glauco Diniz Duarte, dono da GD International e da Gedex International Corporation, empresas que, segundo o Ministério Público Federal, transferiram dinheiro do Brasil para o BAC Florida Bank e de lá irrigavam a conta da empresa Dusseldorf, no Bank Boston das Bahamas, que pertence ao publicitário Duda Mendonça, responsável pelas campanhas do presidente Lula e do prefeito Pimentel. O contrato do projeto Olho Vivo, para instalar câmaras de vigilância em BH, foi superfaturado em mais de R$ 2 milhões, exatamente o valor que Duda recebeu no Exterior, a partir do esquema mineiro. Ao todo, Duda recebeu R$ 10,4 milhões do PT na conta Dusseldorf. Os registros já localizados por Fruet apontam que no mesmo período em que Pimentel fechava contratos com Diniz a CDL efetuava dezenas de ligações para as empresas de Valério. O deputado já rastreou pelo menos 57 telefonemas da SMP&B para a CDL. Da sede da DNA Publicidade, também de Valério, foram feitas outras nove chamadas para a CDL. "As ligações telefônicas mostram que Marcos Valério estava ligado às duas pontas do esquema fraudulento, à CDL e ao prefeito", afirma Fruet.


Também chamou a atenção do parlamentar o fato de que os telefonemas foram feitos para o gabinete do prefeito e não para a área de comunicações da prefeitura, como seria o trânsito normal a ser percorrido por uma agência de publicidade. A abertura dos arquivos da CPI dos CORREIOS, diz Fruet, poderá esclarecer outras ramificações do esquema. No banco de dados, há informações dos extratos bancários da SMP&B, mostrando que a empresa de Valério recebeu pagamentos da CDL entre 2002 e 2003, antes da assinatura do convênio com Pimentel, no início de 2004. Principal protagonista dos Mensalões do PT e do PSDB mineiro, Valério, por intermédio de assessores, disse à ISTOÉ que não estava envolvido com a gestão de Pimentel, mas não explicou as ligações telefônicas já comprovadas. "Não conheço Fernando Pimentel", disse Valério. O promotor Leonardo Barbabela, do Ministério Público de Minas Gerais, concluiu que o contrato de Pimentel com a CDL apresenta vários tipos de irregularidades, como a falta de licitação e até nota fiscal fraudada de R$ 1,16 milhão. No inquérito que tramita em BH e deverá render uma ação por improbidade contra Pimentel, há documentos oficiais mostrando que a empresa M.F. Comercial Distribuidora de Produtos de Informática Ltda., de São Paulo, é fantasma. Foi com o nome dessa empresa que se emitiu nota fiscal falsa para a CDL, a fim de justificar o desvio de dinheiro da prefeitura na gestão Pimentel. No inquérito, o MP investiga estelionato, contrabando, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro nacional e formação de quadrilha. Além do projeto Olho Vivo, fechado com a CDL, o empresário Glauco Diniz ainda ganhou espaços publicitários na administração de Pimentel.


Esses outros contratos também serão investigados. Outros personagens envolvidos na investigação negam ter participação no esquema. O doleiro Camilo de Lélis Assunção, por exemplo, é citado no processo movido pelo Ministério Público Federal de Minas contra Glauco Diniz e o contador Alexandre Vianna de Aguilar, por envio de dinheiro para o Exterior. Segundo o MPF, Camilo de Lélis tem envolvimento com o esquema de pagamento de Duda. "Fui chamado à 4ª Vara da Justiça Federal para prestar esclarecimentos em um processo sigiloso, mas não tenho nada a ver com isso", diz Camilo de Lélis. Mas os parlamentares que decidiram reabrir os documentos da CPI dos CORREIOS duvidam da inocência dos envolvidos, principalmente de Pimentel. "Com essas ligações do Valério para o gabinete do prefeito, o cerco está se fechando. Diante das novas evidências, o Ministério Público deve pedir a base de dados da CPI e fazer o aditamento da denúncia, incluindo o Pimentel", diz o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO). "São fatos novos, desconhecidos até pelo MPF. Não tenho dúvida que fica bem efetiva essa relação do Pimentel com o esquema do Mensalão".



E PIMENTEL CONTINUA LÁ



Oficialmente, o PT procura minimizar o envolvimento do coordenador da campanha de Dilma Rousseff, Fernando Pimentel, com o esquema do Mensalão. Líderes do partido, como o presidente José Eduardo Dutra, afirmam que os documentos anexados ao processo do STF são apenas ilações e que tudo não passa de "intriga" de opositores. "Não existe envolvimento do Pimentel com o Mensalão", diz Dutra. "A acusação do Ministério Público não tem pé nem cabeça", completa. No entanto, nos bastidores, os petistas não descartam a possibilidade de que o ex-prefeito venha a se afastar da campanha, a fim de não contaminar a candidatura de Dilma, como teme o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O Pimentel está preocupado com tudo isso", disse à ISTOÉ um dos fundadores do PT em Minas Gerais e antigo confidente do ex-prefeito. "Ele sabe que pode ser enquadrado em ação na Justiça e que isso poderá provocar um estrago." A preocupação de Pimentel é reforçada pelo fato de vários petistas históricos não estarem se empenhando na sua defesa. Presidente do PT na época em que o partido operou o Mensalão com Marcos Valério, o deputado José Genoino (SP) lava as mãos sobre as acusações que envolvem Pimentel com o esquema. "Não vou opinar sobre coisa que não me diz respeito", disse Genoino à ISTOÉ. O deputado Ricardo Berzoini (SP) também preferiu se calar. "Não dou opinião.



Não conheço o inquérito. Não conheço a denúncia. Não vou falar sobre fatos que ainda não ocorreram", afirmou Berzoini. Ministro- chefe da Casa Civil no período do Mensalão e acusado de ser o principal mentor do esquema, o deputado cassado José Dirceu também é sucinto ao tratar do assunto: "Não falo sobre isso. É uma ilação sem sentido." Menos atrelado às conveniências de seu partido, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), mesmo alijado na disputa para ser o candidato a governador de São Paulo, é um dos poucos solidários a Pimentel. "Eu conheço o Pimentel e sempre tive dele uma impressão de seriedade no trato da coisa pública. Eu fi caria muito surpreso se ele tivesse um procedimento inadequado", disse Suplicy. Os políticos do PT, em sua maioria, evitam falar abertamente sobre a permanência de Pimentel. A exceção fi ca por conta dos políticos fi éis a ele em Belo Horizonte. Para o presidente do PT mineiro, deputado Reginaldo Lopes, nada vai atrapalhar os planos eleitorais do partido de lançar Pimentel ao governo de Minas, embora isso não esteja nos planos de Dilma ou de Lula. "O PT vai chegar em abril com um único candidato. E eu apoio o Pimentel", diz Lopes. Seu vaticínio, porém, está nas mãos da Justiça.