sábado, 30 de outubro de 2010

Pesquisas indicam vitória de Dilma neste domingo

Rafael Passos - Estado de Minas

Pesquisas dos institutos Ibope e Datafolha que foram divulgadas na noite deste sábado confirmam a tendência dos últimos levantamentos que indicam a vitória da candidata à Presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff. Segundo o Ibope, a petista deve ser eleita neste domingo, com 56% dos votos válidos, contra 44% de José Serra (PSDB). Neste caso, o levantamento exclui brancos, nulos e indecisos.

Se forem considerados os votos totais, Dilma aparece com 52% e Serra, 40%. Brancos e nulos somam 5% e indecisos chegam a 3%. Ibope ouviu 3.010 eleitores em 203 cidades, neste sábado. Encomendada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S. Paulo", a pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número 37.917/2010.

Já segundo o Datafolha, Dilma deve chegar à Presidência alcançando 55% dos votos válidos, enquanto o tucano José Serra aparece com 45%. Dos votos totais, a petista tem 51% e Serra, 41%. A pesquisa indica ainda que 4% dos eleitores vão votar em branco ou nulo e 4% estão indecisos.

O instituto realizou 6.554 entrevistas na sexta-feira (29/10) e no sábado (30/10). O levantamento foi encomendado pela TV Globo e pelo jornal "Folha de S.Paulo" e o número de registro no TSE é 37.903/2010. A margem de erro das duas pesquisas é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Mulher assaltada em agência dos Correios ganha indenização

JC Online

A Justiça Federal condenou o Banco Bradesco e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) a pagar uma indenização de R$ 4.085 por danos morais e materiais a Rosa Maria da Silva. Ela processou as duas instituições depois de ter sido vítima de assalto dentro de uma agência dos Correios em Sanharó, Agreste de Pernambuco.

Na ação, a ECT alegou que não poderia ser culpada pelo ocorrido porque havia providenciado medidas de segurança como a instalação de câmeras e de um sistema de alarme. Mas o juiz Georgius Luiz Argentini entendeu que os Correios não poderiam desempenhar atividade econômica que lhe assegura proveito e lucro sem efetivamente oferecer segurança a quem utiliza os seus serviços.

O Bradesco foi condenado solidariamente porque explora a atividade bancária na agência dos Correios e também tinha o dever jurídico de garantir a segurança no local.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Uma coisa estranha aconteceu na noite passada em Natal

Viomundo - Miguel Nicolelis*

* Miguel Nicolelis é um dos mais importantes neurocientistas do mundo. É professor da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e criador do Instituto Internacional de Neurociência de Natal, (RN). Em 2008, foi indicado ao Prêmio Nobel de Medicina.

Desde que cheguei ao Brasil, há duas semanas, eu vinha sentindo uma sensação muito estranha. Como se fora acometido por um ataque contínuo da famosa ilusão, conhecida popularmente como déjà vu, eu passei esses últimos 15 dias tendo a impressão de nunca ter saído de casa, lá na pacata Chapel Hill, Carolina do Norte, Estados Unidos.

Mas como isso poderia ser verdade? Durante esse tempo todo eu claramente estava ou São Paulo ou em Natal. Todo mundo ao meu redor falava português, não inglês. Todo mundo era gentil. A comida tinha gosto, as pessoas sorriam na rua. No aeroporto, por exemplo, não precisava abrir a mala de mão, tirar computador, tirar sapato, tirar o cinto, ou entrar no scan de corpo todo para provar que eu não era um terrorista. Ainda assim, com todas essas provas evidentes de que eu estava no Brasil e não nos EUA, até no jogo do Palmeiras, no meio da imortal “porcada”, a sensação era a mesma: eu não saí da América do Norte! Mesmo quando faltou luz na Arena de Barueri durante o jogo, porque nem a 25 km da capital paulista a Eletropaulo consegue garantir o suprimento de energia elétrica para um prélio vital do time do coração do ex-governador do estado (aparentemente ninguém vai muito com a cara dele na Eletropaulo. Nada a ver com o Palmeiras), eu consegui me sentir à vontade.

Custou-me muito a descobrir o que se sucedia.

Porém, ontem à noite, durante o debate dos candidatos a Presidência da República na Rede Record, uma verdadeira revelação me veio à mente. De repente, numa epifania, como poucas que tive na vida, tudo ficou muito claro. Tudo evidente. Não havia nada de errado com meus sentidos, nem com a minha mente. Havia, sim, todo um contexto que fez com que o meu cérebro de meia idade revivesse anos de experiências traumatizantes na América do Norte.

Pois ali na minha frente, na TV, não estava o candidato José Serra, do PSDB, o “partido do salário mais defasado do Brasil”, como gostam de frisar os sofridos professores da rede pública de ensino paulistana, mas sim uma encarnação perfeita, mesmo que caricata, de um verdadeiro George Bush tropical. Para os que estão confusos, eu me explico de imediato. Orientado por um marqueteiro que, se não é americano nato, provavelmente fez um bom estágio na “máquina de moer carne de candidatos” em que se transformou a indústria de marketing político americano, o candidato Serra tem utilizado todos os truques da bíblia Republicana. Como estudante aplicado que ainda não se graduou (fato corriqueiro na sua biografia), ele está pronto para realizar uns “exames difíceis” e ser aceito para uma pós-graduação em aniquilação de caracteres em alguma universidade de Nova Iorque.

Ao ouvir e ver o candidato, ao longo dessas duas semanas e no debate de ontem à noite, eu pude identificar facilmente todos os truques e estratégias patenteados pelo partido Republicano Americano. Pasmem vocês, nos últimos anos, essa mensagem rasa de ódio, preconceito, racismo, coberta por camadas recentes de fé e devoção cristã, tem sido prontamente empacotada e distribuída para o consumo do pobre povo daquela nação, pela mídia oficial que gravita ao seu redor.

Para quem, como eu, vive há 22 anos nos EUA, não resta mais nenhuma dúvida. Quem quer que tenha definido a estratégia da campanha do candidato Serra decidiu importar para a disputa presidencial brasileira tanto a estratégia vergonhosa e peçonhenta da “vitória a qualquer custo”, como toda a truculência e assalto à verdade que têm caracterizado as últimas eleições nos Estados Unidos. Apelando invariavelmente para o que há de mais sórdido na natureza humana, nessa abordagem de marketing político nem os fatos, nem os dados ou as estatísticas, muito menos a verdade ou a realidade importam. O objetivo é simplesmente paralisar o candidato adversário e causar consternação geral no eleitorado, através de um bombardeio incessante de denúncias (verdadeiras ou não, não faz diferença), meias calúnias, ou difamações, mesmo que elas sejam as mais absurdas possíveis.

Assim, de repente, Obama não era mais americano, mas um agente queniano obcecado em transformar a nação americana numa república islâmica. Como lá, aqui Dilma Rousseff agora é chamada de búlgara, em correntes de emails clandestinos. Como os EUA de Bill Clinton, apesar de o país ter experimentado o maior boom econômico em recente memória, foi vendido ao povo americano como estando em petição de miséria pelo então candidato de primeira viagem George Bush.

Aqui, o Brasil de Lula, que desfruta do melhor momento de toda a sua história, provavelmente desde o período em que os últimos dinossauros deixaram suas pegadas no que é hoje o município de Sousa, na Paraíba, passa a ser vendido como um país em estado de caos perpétuo, algo alarmante mesmo. Ao distorcer a verdade, os fatos, os números e, num último capítulo de manipulação extremada, a própria percepção da realidade, através do pronto e voluntário reforço do bombardeio midiático, que simplesmente repete o trololó do candidato (para usar o seu vernáculo favorito), sem crítica, sem análise, sem um pingo de honestidade jornalística, busca-se, como nos EUA de George Bush e do partido Republicano, vender o branco como preto, a comédia como farsa.

Não interessa que 26 milhões de brasileiros tenham saído da miséria. Nem que pela primeira vez na nossa história tenhamos a chance de remover o substantivo masculino “pobre” dos dicionários da língua portuguesa. Não faz a menor diferença que 15 milhões de novos empregos tenham sido criados nos últimos anos. Ou que, pela primeira vez desde que se tem notícia, o Brasil seja respeitado por toda a comunidade internacional. Para o candidato da oposição esse número insignificante de empregos é, na sua realidade marciana, fruto apenas de uma maior fiscalização que empurrou com a barriga do livro de multas 10 milhões de pessoas para o emprego formal desde o governo do imperador FHC.

Nada, nem a realidade, é capaz de impressionar os fariseus e arautos que estão sempre prontos a denegrir o sucesso desse país de mulatos, imigrantes e gente que trabalha e batalha incansavelmente para sobreviver ao preconceito, ao racismo, à indiferença e à arrogância daqueles que foram rejeitados pelas urnas e vencidos por um mero torneiro mecânico que virou pop star da política internacional. Nada vai conseguir remover o gosto amargo desse agora já fato histórico, que atormenta, como a dor de um membro fantasma, o ego daqueles que nunca acreditaram ser o povo brasileiro capaz de construir uma nação digna, justa e democrática com o seu próprio esforço. Como George Bush ao Norte, o seu clone do hemisfério sul não governa para o povo, nem dele busca a sua inspiração. A sua busca pelo poder serve a outros interesses; o maior deles, justiça seja feita, não é escuso, somente irrelevante, visto tratar-se apenas do arquivo morto da sua vaidade, o maior dos defeitos humanos, já dizia dona Lygia, minha santa avó anarquista. Para esse candidato, basta-lhe poder adicionar no currículo uma linha que dirá: Presidente do Brasil (de tanto a tanto). Vaidade é assim, contenta-se com pouco, desde que esse pouco venha embalado num gigantesco espelho.

Voltando à estratégia americana de ganhar eleições, numa segunda fase, caso o oponente sobreviva ao primeiro assalto, apela-se para outra arma infalível: a evidente falta de valores cristãos do oponente, manifestada pela sua explícita aquiescência para com o aborto; sua libertinagem sexual e falta de valores morais, invariavelmente associada à defesa do fantasma que assombra a tradição, família e propriedade da direita histérica, representado pela tão difamada quanto legítima aprovação da união civil de casais homossexuais. Nesse rolo compressor implacável, pois o que vale é a vitória, custe o que custar, pouco importa ao George Bush tupiniquim que milhares de mulheres humildes e abandonadas morram todos os anos, pelos hospitais e prontos-socorros desse Brasil afora, vítimas de infecções horrendas, causadas por abortos clandestinos.

George Bush, tanto o original quanto o genérico dos trópicos, provavelmente conhece muitas mulheres do seu meio que, por contingências e vicissitudes da vida, foram forçadas a abortos em clínicas bem equipadas, conduzidas por profissionais altamente especializados, regiamente pagos para tal prática. Nenhum dos dois George Bushes, porém, jamais deu um plantão no pronto-socorro do Hospital das Clínicas de São Paulo e testemunhou, com os próprios olhos e lágrimas, a morte de uma adolescente, vítima de septicemia generalizada, causada por um aborto ilegal, cometido por algum carniceiro que se passou por médico e salvador.

Alguns amigos de longa data, que também vivem no exterior, andam espantados com o grau de violência, mentiras e fraudes morais dessa campanha eleitoral brasileira. Alguns usam termos como crime lesa pátria para descrever as ações do candidato do Brasil que não deu certo, seus aliados e a grande mídia.

Poucos se surpreenderam, porém, com o fato de que até o atentado da bolinha de papel foi transformado em evento digno de investigação no maior telejornal do hemisfério sul (ou seria da zona sul do Rio de Janeiro? Não sei bem). No caso em questão, como nos EUA, a dita grande imprensa que circunda a candidatura do George Bush tupiniquim acusa o Presidente da República de não se comportar com apropriado decoro presidencial, ao tirar um bom sarro e trazer à tona, com bom humor, a melhor metáfora futebolística que poderia descrever a farsa. Sejamos honestos, a completa fabricação, desmascarada em verso, prosa e análise de vídeo, quadro a quadro, por um brilhante professor de jornalismo digital gaúcho.

Curiosamente, a mesma imprensa e seus arautos colunistas não tecem um único comentário sobre a gravidade do fato de ter um pretendente ao cargo máximo da República ter aceitado participar de uma clara e explicita fabricação. Ou será que esse detalhe não merece algumas mal traçadas linhas da imprensa? Caso ainda estivéssemos no meio de uma campanha tipicamente brasileira, o já internacionalmente famoso “atentado da bolinha de papel” seria motivo das mais variadas chacotas e piadas de botequim. Mas como estamos vivendo dentro de um verdadeiro clone das campanhas americanas, querem criminalizar até a bolinha de papel. Se a moda pega, só eu conheço pelo menos uns dez médicos brasileiros, extremamente famosos, antigos colegas de Colégio Bandeirantes e da Faculdade de Medicina da USP, que logo poderiam estar respondendo a processos por crimes hediondos, haja vista terem sido eles famosos terroristas do passado, que se valiam, não de uma, mas de uma verdadeira enxurrada, dessas armas de destruição em massa (de pulgas) para atingir professores menos avisados, que ousavam dar de costas para tais criminosos sem alma .

Valha-me Nossa Senhora da Aparecida — certamente o nosso George Bush tupiniquim aprovaria esse meu apelo aos céus –, nós, brasileiros, não merecemos ser a próxima vítima do entulho ético do marketing eleitoral americano. Nós merecemos algo muito melhor. Pode parecer paranoia de neurocientista exilado, mas nos EUA eu testemunhei como os arautos dessa forma de fazer política, representado pelo George Bush original e seus asseclas, conseguiram vender, com grande sucesso e fanfarra, uma guerra injustificável, que causou a morte de mais de 50 mil americanos e centenas de milhares de civis iraquianos inocentes.

Tudo começou com uma eleição roubada, decidida pela Corte Suprema. Tudo começou com uma campanha eleitoral baseada em falsas premissas e mentiras deslavadas. A seguir, o açodamento vergonhoso do medo paranóico, instilado numa população em choque, com a devida colaboração de uma mídia condescendente e vendida, foi suficiente para levar a maior potência do mundo a duas guerras imorais que culminaram, ironicamente, no maior terremoto econômico desde a quebra da bolsa de 1929.

Hoje os mesmos Republicanos que levaram o país a essas guerras irracionais e ao fundo do poço financeiro acusam o Presidente Obama de ser o responsável direto de todos os flagelos que assolam a sociedade americana, como o desemprego maciço, a perda das pensões e aposentadorias, a queda vertiginosa do valor dos imóveis e a completa insegurança sobre o que o futuro pode trazer, que surgiram como conseqüência imediata das duas catastróficas gestões de George Bush filho.

Enquanto no Brasil criam-se 200 mil empregos pro mês, nos EUA perdem-se 200 mil empregos a cada 30 dias. Confrontado com números como esses, muitos dos meus vizinhos em Chapel Hill adorariam receber um passaporte brasileiro ou mesmo um visto de trabalho temporário e mudar-se para esse nosso paraíso tropical. Eles sabem pelo menos isto: o mundo está mudando rapidamente e, logo, logo, no andar dessa carruagem, o verdadeiro primeiro mundo vai estar aqui, sob a luz do Cruzeiro do Sul!

Fica, pois, aqui o alerta de um brasileiro que testemunhou os eventos da recente história política americana em loco. Hoje é a farsa do atentado da bolinha de papel. Parece inofensivo. Motivo de pilhéria. Eu, como gato escaldado, que já viu esse filme repulsivo mais de uma vez, não ficaria tão tranqüilo, nem baixaria a guarda. Quem fabrica um atentado, quem se apega ou apela para questões de foro íntimo, como a crença religiosa (ou sua inexistência), como plataforma de campanha hoje, é o mesmo que, se eleito, se sentirá livre para pregar peças maiores, omitir fatos de maior relevância e governar sem a preocupação de dar satisfações aqueles que, iludidos, cometeram o deslize histórico de cair no mais terrível de todos os contos do vigário, aquele que nega a própria realidade que nos cerca.

Aliás, ocorre-me um último pensamento. A única forma do ex-presidente (Imperador?) Fernando Henrique Cardoso demonstrar que o seu governo não foi o maior desastre político-econômico, testemunhado por todo o continente americano, seria compará-lo, taco a taco, à catastrófica gestão de George Bush filho. Sendo assim, talvez o candidato Serra tenha raciocinado que, como a sua probabilidade de vitória era realmente baixa, em último caso, ele poderia demonstrar a todo o Brasil quão melhor o governo FHC teria sido do que uma eventual presidência do George Bush genérico do hemisfério sul. Vão-se os anéis, sobram os dedos. Perdido por perdido, vamos salvar pelo menos um amigo. Se tal ato de solidariedade foi tramado dentro dos circuitos neurais do cérebro do candidato da oposição (truco!), só me restaria elogiá-lo por este repente de humildade e espírito cristão.

Ciente, num raro momento de contrição, de que algumas das minhas teorias possam ter causado um leve incômodo, ou mesmo, talvez, um passageiro mal-estar ao candidato, eu ousaria esticar um pouco do meu crédito junto a esse grande novo porta-voz do cristianismo e fazer um pequeno pedido, de cunho pessoal, formulado por um torcedor palmeirense anônimo, ao candidato da oposição. O pedido, mais do que singelo, seria o seguinte:

Candidato, será que dá pro senhor pedir pro governador Goldman ou pro futuro governador Dr. Alckmin para eles não desligarem a luz da Arena Barueri na semana que vem? Como o senhor sabe, o nosso Verdão disputa uma vaguinha na semifinal da Copa Sulamericana e, aqui entre nós, não fica bem outro apagão ser mostrado para todo esse Brazilzão, iluminado pelo Luz para Todos, do Lula. Afinal de contas, se ocorrer outro vexame como esse, o povão vai começar a falar que se o senhor não consegue nem garantir a luz do estádio pro seu time do coração jogar, como é que pode ter a pretensão de prometer que vai ter luz para todo o resto desse país enorme? Depois, o senhor vem aqui e pergunta por que eu vou votar na Dilma? Parece abestalhado, sô!

Semear ódio não ajuda

Carta Capital - Por Ladislau Dowbor*

Há momentos de posições declaradas. E há limites para tudo. Segundo o vídeo de Arnaldo Jabor, está sendo preparada uma ditadura, e os culpados seremos nós, se votarmos na Dilma. Isto com dramático acompanhamento musical, o Jabor parecendo aqueles antigos personagens do Tradição, Família e Propriedade dos anos 1960 anunciando a apocalipse política.
Caso mais sério, segundo a CBN, o futuro governo Dilma seria dirigido pelo José Dirceu, isto dito em tom pausado de reportagem séria. Nos e-mails religiosos aprendo que o futuro governo vai matar criancinhas. Quanto à Veja, não preciso ser informado, pois já a capa mostra um monstruoso polvo que vai nos engolir. E naturalmente, temos o aborto, último reduto da direita, instrumento político de profunda covardia, para quem sabe o que é a indústria do aborto clandestino. Aborto aliás já utilizado na campanha do Collor contra o Lula, anos atrás.
Argumentos patéticos desta mídia podem ser rejeitados como fruto de uma fase histérica de quem quer recuperar o poder a qualquer custo. Mas há uma dimensão que assusta. Muitos dos textos e vídeos exalam e estimulam um ódio doentio. E são produzidos e reproduzidos aos milhões, coisa que as tecnologias modernas permitem. Os grandes grupos da mídia, e em particular as quatro grandes famílias que os controlam, não só aderiram de maneira irresponsável à fogueira ideológica, como jogam com gosto lenha e gasolina, ainda que sabendo que se trata de comportamentos vergonhosos em termos éticos, e perigosos em termos sociais. O poder a qualquer custo, vale a pena?
Semear e estimular o ódio é perigoso. Porque com o atual domínio de tecnologias de comunicação, o ódio pode ser espalhado aos grandes ventos, e os órgãos que controlam a mídia não se privam. Espalhar o ódio pode ser mais fácil do que controlá-lo. O tom da grande mídia se assemelha de forma impressionante aos discursos às vésperas da ditadura. Que aliás foi instalada em nome da proteção da democracia. Fernando Henrique Cardoso, que não teve grandes realizações a apresentar, entregou o governo dizendo que tinha consolidado a democracia. Herança importante. Vale a pena colocá-la em risco?
O governo Lula tem méritos indiscutíveis. Abriu espaço não só para os pobres, mas para todos. À dimensão política da democracia acrescentou a dimensão econômica e social. Tornou evidente para o país que a massa de pobres deste país desigual, é pobre não por falta de iniciativa, mas por falta de oportunidade. E que ao melhorar o seu nível, pelo aumento do salário mínimo, pelo maior acesso à universidade, pelo maior financiamento da agricultura familiar, pelo suporte aos municípios mais pobres, e até por iniciativas tão elementares como o Bolsa Família ou o Luz para Todos, mostrou que esta gente passa a consumir, a estudar, a produzir mais. E com isto gera mercado não só no andar de baixo, mas para todos.
Esta imprensa que tantas manchetes publicou sobre o “aerolula”, hoje sabe que a diversificação do nosso comércio internacional, a redução da dependência relativamente aos Estados Unidos, e a prudente acumulação de reservas internacionais, que passaram de ridículos 30 bilhões em 2002 para 260 bilhões atualmente, nos protegeram da crise financeira internacional. Adquirimos uma soberania de verdade.
E no plano ambiental, só em termos da Amazônia o desmatamento foi reduzido de 28 para 7 mil quilómetros quadrados ao ano. Continua a ser uma tragédia, mas foi um imenso avanço. Realização onde o trabalho de Marina Silva foi importante, sem dúvida, como foi o de Carlos Minc. Mas foi trabalho deste governo, que nomeou na área ambiental realizadores e não ministros decorativos. E a sustentabilidade ambiental não é apenas verde. Os investimentos do PAC nas ferrovias e nos estaleiros são vitais para mudar a nossa matriz de transporte, hoje dependente de caminhões. A construção de casas dignas é política ambiental, que não pode ser dissociada do social. Os investimentos em saneamento do programa Territórios da Cidadania, em cerca de 2 mil municípios, articulam igualmente soluções ambientais e sociais, como o faz o programa Luz para Todos. Tentar dissociar o meio ambiente e o progresso social é um feito real que a direita conseguiu, divide pessoas que batalhavam juntas por um futuro mais decente. Mas é ruim para todos.
O bom senso indica claramente o caminho da continuidade, equilíbrando as dimensões econômica, social e ambiental. Absorver a dimensão crescente dos desafios ambientais, e expandir as dinâmicas do governo atual articulando os três eixos. Mas discutir isto envolveria uma campanha política em torno de argumentos e programas, onde a direita só tem a oferecer o argumento de que seria mais “competente”. O importante, é saber a serviço de quem seria esta competência.
A continuidade das políticas é vital para o Brasil. O que tem a direita a oferecer? Mais privatizações? Mais concentração de renda? Mais pedágios de diversos tipos? Leiloar o Pre-Sal? A última iniciativa do Serra foi tentar privatizar a Nossa Caixa, felizmente salva pelo governo federal. Como teria sido o Brasil frente à crise sem os bancos públicos? Os jornalistas sabem, mas quando falam, como Maria Rita Kehl, e escrevem o que sabem, são sumariamente demitidos. Que recado isto manda para o jornalismo?
A opção adotada foi bagunçar os argumentos políticos, buscar a desestabilização, assustar as pessoas, semear ódio. Qualquer coisa que tire da eleição a dimensão da racionalidade, da opção cidadã. Porque pela racionalidade, o próprio povo já sabe onde estão os seus interesses, e os resultados são evidentes. O caminho adotado é baixar o nível, sair da cabeça, ir para as tripas. Não o próprio candidato, porque este precisa parecer digno. Mas os esperançosos herdeiros de poder em torno dele, ou a própria família. O ódio que esta gente espalha está aí, palpável. E funciona. A maior vítima desta campanha eleitoral ainda pode ser o resto de credibilidade deste tipo de mídia, e os restos de ilusão sobre este tipo de política.
Eu voto na Dilma com a consciência tranquila. Fiz inúmeras avaliações de governos, profissionalmente, no quadro das Nações Unidas. E fiz a avaliação de políticas sociais do governo de FHC, a pedido de Ruth Cardoso, nas reuniões que tínhamos com pessoas de peso como Gilberto Gil e Zilda Arns. Sem remuneração, e com isenção, como o faço hoje. Eram políticas que nunca se tornaram políticas de governo, porque a base política não permitia que ultrapassassem a dimensão da boa vontade real da primeira dama. A base política do candidato Serra, desde a bancada ruralista até os negociantes das privatizações, é a mesma. E se assumir o vice, como tantas vezes já aconteceu, não será apenas um atraso generalizado para o país, será uma vergonha mundial.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Dilma (PT) está 17,5 pontos à frente de José Serra (PSDB) em Minas

EM - Fábio Saldanha

Nascida em BH, naturalidade de Dilma é desconhecida por 42% dos mineiros

Faltando nove dias para as eleições para presidente do Brasil, 42% dos mineiros ainda não sabem que a candidata Dilma Rousseff (PT) é nascida em Minas. Quem confirma esse dado é o presidente do PT mineiro e coordenador da campanha da presidenciável em Minas, deputado federal Reginaldo Lopes. Esse dado faz parte de uma pesquisa encomendada pelo próprio comitê estadual da sigla ao Instituto Sensus. Ela foi realizada entre os dias 12 e 13 de outubro e chegou às mãos de Lopes no dia 15.

A pesquisa interna ainda concluiu que 20% dos mineiros sabem que Dilma é nascida no estado e que votariam nela por esse motivo. Outros 20% pensavam que ela era gaúcha. Para 18% dos entrevistados, a origem de Dilma pouco importa. O presidente do PT estadual, que na tarde desta sexta-feira receberá a candidata em BH, divulgou ainda que Dilma está 17,5 pontos à frente de José Serra (PSDB) em Minas, conforme o levantamento do Sensus. Segundo Reginaldo Lopes, os dados foram usados para traçar as estratégias de campanha no segundo turno.

Nesta sexta-feira, Dilma participa de um encontro com prefeitos mineiros, em um evento nos mesmos moldes do que foi feito pelos tucanos para receberam o candidato José Serra (PSDB) em sua última visita à capital. À noite, ela segue para Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde participa de comício com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A assessoria não confirma se a candidata irá voltar para Belo Horizonte e diz que a agenda do fim de semana ainda não foi fechada.

Dilma abre 12 pontos de vantagem sobre Serra, segundo Datafolha

Elaine Resende - EM

A petista conquistou 56% dos votos válidos contra 44% de José Serra

Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira aponta uma vantagem de 12 pontos para a candidata Dilma Rousseff (PT), sobre seu adversário José Serra (PSDB). Pelo levantamento feito nessa quinta-feira com 4.037 entrevistados em todo o país, a petista tem 56% dos votos válidos – desconsiderados os brancos, nulos e indecisos – e o tucano alcançou 44%. Se levados em conta os votos totais, Dilma tem 50% contra 40% de Serra.

Comparada à pesquisa apresentada na semana passada, os índices atuais estão dentro da margem de erro. Há uma semana Dilma tinha 54% e Serra, 46%. Dessa forma, a afilhada política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cresceu dois pontos e Serra foi em sentido oposto, perdendo dois pontos. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O Datafolha também avaliou para onde estão migrando os votos dados à terceira colocada na primeiro turno da disputa presidencial, Marina Silva (PV). Os números mostram que nesta última semana Dilma se beneficiou mais com a transferência de votos, mas ainda assim está atrás de Serra nesta análise. A petista cresceu oito pontos nesse grupo, passando de 23% para 31%. Por sua vez, José Serra perdeu pontos entre os “marineiros”: ele tinha 51% e agora tem 46%. O percentual, de qualquer modo, é bem maior do que o conquistado por Dilma.

A pesquisa Datafolha foi encomendada pelo jornal Folha de S. Paulo e pela Rede Globo, abrangendo 243 cidades brasileiras. O número dos que dizem votar em branco, nulo ou em nenhum dos presidenciáveis ficou estável em 4%. Já os indecisos diminuíram de 8% para 6%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 36.536/2010.

Dilma chega a BH para buscar apoio de prefeitos

EM - Luisa Brasil - Patrícia Aranha

A candidata à Presidência, Dilma Rousseff (PT), chegou no início da tarde desta sexta-feira ao Iate Clube, em Belo Horizonte, para um encontro com prefeitos mineiros. Segundo um dos coordenadores da campanha da petista em Minas, Walfrido dos Mares Guia (PSB), cerca de 300 prefeitos estão no local e irão entregar um manifesto de apoio à candidata. Além dos prefeitos, representantes do Sind-UTE e artistas estão presentes para entregar declarações de apoio à candidata.

Ao chegar em BH, Dilma não concedeu entrevista à imprensa. No início do ato, a candidata recebeu um manifesto de apoio dos integrantes do PV estadual Zé Fernando, candidato derrotado ao governo de Minas, e Fábio Ramalho, deputado federal reeleito. Dilma também recebeu camisas dos três maiores times de Minas - Cruzeiro, Atlético e América. A camisa do Cruzeiro foi entregue pelo ex-jogador do Cruzeiro, Dirceu Lopes.

Esta é a segunda visita de Dilma a Belo Horizonte em menos de uma semana. No último sábado, ela esteve na capital mineira com o presidente Lula, que discursou em favor da afilhada política. As visitas à cidade fazem parte da estratégia da coordenação da campanha do PT, que quer reforçar as origens mineiras de Dilma, de olho nos votos do segundo maior colégio eleitoral do país. Dilma nasceu em Belo Horizonte, apesar de ser radicada no Rio Grande do Sul, mas segundo um levantamento interno do PT, 42% dos mineiros ainda não sabem que a candidata é nascida em Minas.

À noite, a candidata irá fazer um comício com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Especula-se que neste sábado ela irá voltar à capital para participar de um ato político nas ruas, com a militância e aliados do partido.

Militância do PT quer Dilma em BH no sábado

EM - Luisa Brasil

Eleitores de Dilma Rousseff (PT) em Belo Horizonte querem a presença da candidata na capital neste sábado, último fim de semana antes do segundo turno. Desde o início da semana, os apoiadores da petista estão organizando um 'abraço' no entorno da Avenida do Contorno, em um último grande esforço para que a candidata ganhe na capital mineira, onde ficou em segundo lugar no primeiro turno, atrás de Marina Silva (PV).

Na internet, circula a informação de que será um 'abraço com Dilma', mas não há agenda confirmada da candidata para o sábado. Dilma tem agenda prevista em Belo Horizonte na sexta-feira, quando participa de carreata e se encontra com prefeitos mineiros, em um evento nos mesmos moldes do que foi feito por José Serra (PSDB) em sua última visita à capital. À noite ela segue para Uberlândia, onde participa de comício com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A assessoria não confirma que a candidata irá voltar para Belo Horizonte e diz que a agenda do fim de semana só será fechada na manhã desta sexta-feira.

Segundo a médica Sônia Lansky, uma das organizadoras do evento, a ideia do 'abraço' surgiu de um grupo de amigos sem filiação partidária. ''Nossa intenção é trazê-la, mas não temos contato com ela. A gente está tentando fazer com que o movimento pegue para ela estar lá, até porque ela é ex-aluna'', diz. A ideia cresceu, foi divulgada para os ex-alunos do Colégio Estadual Central, escola onde Dilma estudou durante a adolescência, e acabou sendo adotada pela coordenação da campanha em Minas, que passou a divulgar o evento no site oficial do PT estadual. O ato de apoio com foco no Colégio Estadual se encaixou na estratégia da campanha, de reforçar os laços de Dilma com Belo Horizonte, sua cidade natal, e de promover a ideia de ter uma mineira na Presidência da República. Em abril deste ano, quando ainda era pré-candidata, Dilma visitou a escola e se reuniu com alunos.

O PT, que sempre teve sua história ligada à mobilização de rua, teve uma militância apagada em Minas no primeiro turno da eleição e na eleição estadual, disputada por Hélio Costa (PMDB) e Patrus Ananias (PT) contra Antonio Anastasia (PSDB). Na avaliação dos simpatizantes e filiados do partido, uma das razões que apagaram a mobilização das ruas foi o clima de 'já ganhou' no primeiro turno. ''Houve uma avaliação de que não iria precisar, que estava tudo indo muito bem'', afirma a médica, numa tese que foi admitida publicamente pela própria cúpula do PT. ''Uma segunda coias é a crise local, desde os dois últimos anos há uma crise do movimento mais de esquerda que queria a candidatura prórpria do PT à prefeitura'', diz a médica, se referindo à aliança entre Fernando Pimentel (PT) e Aécio Neves (PSDB) em 2008, para eleger Márcio Lacerda, candidato do PSB à presidência. Na época, um grupo do partido defendeu a candidatura interna, o que gerou um racha no partido que repercute até os dias de hoje. No final da campanha estadual, Patrus Ananias reabriu a discussão, quando responsabilizou Fernando Pimentel por fragilizar o PT com a aliança. Pimentel, no entanto, não quis comentar a declaração.

Mineiros resistem à liberação do aborto e do casamento gay

O TEMPO - JOÃO GUALBERTO JR.

Pesquisa revela que a maior parte dos eleitores é contrária a mudanças na legislação

Um em cada quarto entrevistados diz ser contra a interrupção da gestação

Em meio à discussão de assuntos polêmicos que domina a disputa presidencial no segundo turno, o eleitor mineiro tomou uma posição clara: a legislação vigente e o atual aparato do setor público para dar conta das situações ligadas a esses temas devem ser mantidos.

Além de apurar as intenções de voto para Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) no Estado, a primeira pesquisa realizada pelo instituto DataTempo/CP2 na nova etapa da eleição também questionou o eleitorado sobre o posicionamento em relação ao aborto e o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. A maioria dos entrevistados se mostrou contra mudanças no aparato legal sobre os dois temas.

Segundo o levantamento, quase a metade dos pesquisados, exatamente 48,69%, declarou ser favorável à permissão do aborto apenas nos casos em que a gestação seja consequência de estupro ou que coloque em risco a vida da mãe, o chamado aborto necessário. Essas são justamente as condições estabelecidas pelo artigo 128 do Código Penal. Apenas nessas situações a prática não deve ser punida no Brasil.

Outro grupo, formado por 26,80%, é mais radical e entende que o aborto deva ser proibido em qualquer caso. Apenas 7,5% defendem que a interrupção da gestação passe a ser permitida, entendendo ser um direito da mulher escolher se deseja ter o bebê.

Casamento. Em relação à união civil entre homossexuais, o eleitor mineiro também defende a manutenção das regras em vigor. Para 59,15% dos entrevistados, as leis brasileiras não devem ser alteradas para permitir o casamento, ao contrário do que já ocorreu, por exemplo, na Argentina. Outros 35,55%, no entanto, defendem que a legislação seja alterada para possibilitar a união civil gay.

O Código Civil, em seu artigo 1.723, reconhece como entidade familiar a "união estável entre o homem e a mulher (...) estabelecida com o objetivo de constituição de família".

Dados técnicos
DataTempo/CP2. Foram entrevistadas 2.062 pessoas em todo o Estado entre 16 e 19 de outubro. A margem de erro é de 2,16 pontos para mais ou para menos. O número de registro no TRE-MG é 36364/2010.

Avaliação
Saúde, desemprego e violência são os piores problemas
A pesquisa DataTempo/CP2 também pediu ao eleitor para que dissesse qual é o principal problema brasileiro. Cada entrevistado respondeu três vezes, isto é, expôs três situações, que, segundo ele, são as mais graves do país. O descontentamento com a saúde ficou evidente na sondagem, já que 65,31% citaram o atendimento – seja pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou pelos planos –, em primeiro lugar, como a fonte dos piores problemas.

Também foram mencionados no primeiro cenário a violência, associada ao tráfico e ao consumo de drogas, por 9,99%, o desemprego, lembrado por 7,93%, e a situação da educação básica, nos ensinos fundamental e médio, citada por 7,26%.

Essas quatro áreas praticamente se repetiram, mas com outro ordenamento, nos cenários seguintes, formados pelas segunda e terceira respostas. Como segunda opção, o problema citado por mais mineiros foi o desemprego, com 21,36% das menções, seguido de perto pelas deficiências no sistema de educação (20,50%) e pela violência (19,45%).

Como terceiro problema mais grave do país, o mais lembrado é a área da segurança, segundo 29,14%. Outros 19,73% disseram que é o desemprego. Nesse quadro, a falta de moradias para a população recebeu a indicação de 14,05%. (JGJ)

Esquecidas
Posição. Outras situações exploradas nesta campanha não preocupa tanto os mineiros. Apenas 0,10% disse que o problema mais grave do país é a corrupção e 0,05% citou a desigualdade.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Limpando a área nas eleições: democracia, desigualdade e economia.

Bruno Lazzarotti Diniz Costa - Doutor em Ciência Política pela UFMG

Nesta altura dos acontecimentos, a maior parte das pessoas decidiu seu voto, pelo menos para presidente. E acredito que devem ter boas razões (as suas) para suas escolhas. Existe por aí, em várias versões, a idéia de que minhas decisões são razoáveis e pensadas, as dos outros (particularmente as dos pobres) são emocionais ou interesseiras, instáveis e manipuladas. Como mencionou o Marcos Coimbra, o curioso é que são os que vêem a si mesmos e a suas posições como resultado mais puro do cruzamento transgênico de Thomas Jefferson, Descartes e Madre Teresa de Calcutá é que vêem as posições dos outros como oriundas de uma mistura de indigência intelectual e relaxamento moral. É uma atitude confortável, porque evita que eu seja obrigado a pensar ou enunciar minhas razões e, de quebra, permite que eu me congratule por ser um dos poucos porém bons deste país de selvagens. É atrás deste tipo de Viagra que estas pessoas estão quando consomem os “supostos” jornais diários. Eu não penso assim, acho que as pessoas refletem com os meios que têm e os critérios que julgam melhores e as opções de vocês são tão boas quanto as minhas.
Dito isto, compartilho com vocês minhas opções. Neste fim de campanha, para não variar, a oposição, ou seja, a imprensa (se você acha que a conversa de que a imprensa é parcial é trololó petista, leia este artigo aqui do Marcus Figueiredo, com pilhas de evidências) impingiu sobre suas vítimas, digo espectadores e leitores, sua agenda de porta de cadeia usual. Depois, os sofisticados-de-alto-nível-cosmopolitas-que-lamentam-o-baixo-nível-de-campanha não vacilaram em recorre e tentar pautar a agenda TFP-JimJones-reverendomoon. Não fica bonito mencionar estas coisas na vernissage, mas você sabe, para barrar os bárbaros alguma licença poética é necessária. Qualquer coisa que livre a direita (neste segundo turno, a extrema direita) de debater de verdade.
Portanto, para tomar uma decisão serena, acho importante retomar os critérios centrais da escolha (pelo menos os meus; se estes não são os seus, paciência).
E, como agora parece que não se pode discutir eleições sem mostrar sólidos princípios cristãos (senão você é satanista ou matador de criancinhas, como diz a Mônica Serra),os meus são estes:
“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. (Tiago 2:17)”
“mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras (Tiago 2:18)”
“tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. (Mateus, 25:34-40)”

Acho que um governo no Brasil deve ser avaliado sob 3 critérios básicos: reduzir significativamente a escandalosa desigualdade social e a pobreza; manter ou aprofundar a democracia e, se não der para melhorar, pelo menos não escangalhar a estabilidade econômica. Quem deu conta do recado nos 3 quesitos foi a coalizão liderada por Lula e pelo PT. E é esta a coalizão que pode ampliar estes avanços. O que eu vou mostrar é: mais democracia, menos desigualdade, menos pobreza, mais e melhores empregos, mais crescimento econômico, menos dívida pública, mais reservas internacionais e menos inflação. Os problemas brasileiros são enormes e houve vários erros de vários tipos neste governo. Mas se vamos ao fundamental (pelo menos para mim), fica muito claro onde está o compromisso democrático, a vontade política e a competência. Nada disto foi por acidente, e o governo levou muita paulada para fazer. Por isto, Dilma.
Senão vejamos.
Em primeiro lugar, a democracia. Qualquer um que abra um jornal ou assista à televisão, verá que ninguém é proibido de falar mal do governo. Como disse alguém (acho que o Celso Barros), uma pessoa mais desavisada pode ficar na dúvida se falar mal do governo não é obrigatório por lei. Aliás, os casos de censura ou de impedir publicação de notícias não foram promovidos pelo governo federal, muito menos o hábito de pedir a cabeça de jornalistas não alinhados, como quem vive em Minas Gerais sabe. As eleições foram respeitadas, governos de adversários não foram perseguidos, foram criadas CPI´s aos montes (ao contrário, por exemplo, de Minas e São Paulo) e o Congresso atuou com normalidade, com gente ameaçando dar uma surra no Presidente e tudo. A indicação para o Ministério Público respeitou sempre as indicações dos procuradores (ao contrário do período FHC) e nunca tivemos um engavetador geral da República. Ou seja, a democracia foi mantida, no que concerne o governo. Se o STF tivesse que tomar Regulador Xavier seria para excesso e não escassez.
Mas, mais do que mantida, a democracia no período foi aprofundada. Não só pelas políticas de reconhecimento (quilombolas e outras comunidades tradicionais, indígenas, mulheres, GLBT, entre outros), não só por não tratar os movimentos sociais como meliantes, como pelos espaços de participação. Para não estender demais, foram feitas no Governo 67 conferências com mais de 5 milhões de pessoas, mesmo levando cacete, como no caso da Conferência de Comunicação e de Direitos Humanos. Tenho plena consciência de que é preciso ir além destes espaços, mas isto não será feito por quem foi aquém.
Do ponto de vista da transparência e do combate à corrupção, o esforço é evidente, apesar da histeria que atualmente cerca o debate: o portal da transparência, carro chefe de um conjunto de iniciativas que colocaram o Brasil, segundo a ONU, entre os oito países com maior transparência orçamentária, a disponibilização de informações e indicadores sobre praticamente todas as áreas do governo, mesmo as menos favoráveis.
Quanto ao combate à corrupção, a dotação de condições de funcionamento efetivo da CGU fez o controle público e a articulação dos órgãos de controle mudar de patamar. Desde 2003, o Governo Federal aplicou punições expulsivas a 2.599 agentes públicos do Executivo Federal por envolvimento em práticas ilícitas, no período entre janeiro de 2003 e junho de 2010. Quanto à Polícia Federal, basta perguntar se, além do caso Lunnus (depois dizem que o PT aparelhou o governo...), alguém se lembra de alguma operação de porte da PF para combater a corrupção, evasão de divisas ou lavagem de dinheiro. Se alguém acha que o aumento das punições e das operações reflete o aumento da corrupção, deve sugerir a eliminação dos aparelhos de mamografia para reduzir a incidência de câncer de mama e ver se funciona.
Do ponto de vista da desigualdade social, não vou me alongar muito, vou só colar aqui estes dois gráficos do Marcelo Néri, da FGV.


O Gini mede a desigualdade do país (1 é o máximo, zero seria a igualdade completa). Vivemos o período mais longo de queda da desigualdade de renda da história. E em um ritmo médio de queda mais intenso do que os períodos mais intensos de redução da desigualdade que os países avançados viveram. Se você não acredita, no site do IPEA (WWW.ipea.gov.br) você encontrará um texto do Sergei Soares mostrando isto para você. Você poderia dizer que a desigualdade começa a cair em 2001, ainda no período FHC. Mas eu teria que responder que até 2003, a desigualdade cai porque a renda de quase todo mundo piora e a dos mais pobres é parcialmente protegida pelo salário mínimo, ou seja, você estava distribuindo perdas. No período Lula, o que ocorre é que a renda de todo o mundo cresce e a dos mais pobres cresce muito mais, a ritmos chineses, como dizem, ou seja você estava distribuindo ganhos, não perdas. E o mais impressionante é que a renda Inclusive no ano de 2009, com a crise monumental (que ainda detona meio mundo), a desigualdade caiu no Brasil. Dê uma olhadinha aí embaixo para você ver:

Ainda é muito, muito, muito alta. Mas quem você acha que tem condições de reduzi-la mais (e será cobrado por isto)? Quem ancora na redução da desigualdade sua legitimidade ou o pessoal que até ontem chamava o maior programa de transferência de renda do mundo de “bolsa esmola” e reclamava, como a Mônica Serra que o programa incentiva a preguiça e a indolência?
Porque esta redução não é resultado do acaso ou apenas do crescimento econômico. 3 elementos foram fundamentais: transferência de renda, particularmente Bolsa Família, salário mínimo e mercado de trabalho.
Sobre o BF, ele respondeu por um pouco menos de 1/3 da queda da desigualdade. Sobre ele, é importante dizer algumas coisas:
• Comparado com programas semelhantes do México e Chile, ele tem uma focalização excelente (ou seja pouca gente que deveria ser atendida não está sendo e pouca gente que não deveria ser atendida recebe), a um custo bem mais baixo; portanto é mais eficiente. Se você não acredita, veja aqui.
• O Bolsa Família não estimula a vagabundagem ou a acomodação, conforme crê o pensamento da Casa Grande brasileira sobre o que ainda julga sua Senzala . Não há diferença significativa na taxa de ocupação dos beneficiários do Bolsa Família em relação aos não beneficiários nas mesmas condições. Este artigo, que analisa com evidências sólidas, conclui: “Desta forma, não se pode afirmar que o PBF é responsável por gerar dependência em relação a rendimentos desvinculados ao trabalho”. O que, aliás, não tem nada de surpreendente: você deixaria de trabalhar porque ganha 100 reais? Mas na Casa Grande o pessoal acredita que os pobres têm este desvio de caráter para o vício e a indolência, ao contrário dos bem nascidos, não é?

• Segundo avaliação patrocinada pelo Banco Mundial (como se sabe, este braço infiltrado do petismo internacional, solerte e insidioso), o Bolsa Família aumenta a matrícula das crianças beneficiárias em 4,4 pontos percentuais, comparadas às não beneficiárias; aumenta a progressão escolar em 6,0 pontos percentuais ; está contribuindo para reduzir as variações regionais relacionadas ao percurso escolar dos alunos de famílias mais vulneráveis; tem efeitos importantes na manutenção das crianças de 15 anos ou mais na escola; a chance de uma menina de 15 anos continuar freqüentando a escola é 19 pontos percentuais maior se a família dela participar do Bolsa Família
• Ssegundo a mesma avaliação, as mulheres grávidas das famílias do PBF tiveram 1,5 mais visitas de pré-natal que mulheres grávidas de famílias não-beneficiárias; o estado nutricional das crianças em idade pré-escolar (0 a 6 anos) residentes em domicílios beneficiários do Bolsa Família melhorou entre 2005 e 2009 em relação aos padrões internacionais, considerando sua altura e peso; a participação no Programa Bolsa Família aumentou em 15 pontos percentuais a probabilidade de uma criança receber todas as seis vacinas necessárias até os 6 meses de idade (ou seja, o perigo vermelho está envolvidos na compra da consciência futura dos recém nascidos; este pessoal pensa longe...).

• Não mais que 20% das intenções de voto de Dilma Roussef, segundo Marcos Coimbra, do Vox Populi, provêm de domicílios beneficiados pelo BF. Ou seja, não é um mecanismo de compra de votos, como circula por aí. Em resumo, é um programa bem implementado, com efeitos importantes sobre a desigualdade de renda, sobre a escolarização, sobre a desnutrição e a saúde, principalmente das crianças.
Quanto ao Salário Mínimo, a política de recuperação recente subiu o piso de remuneração e contribuiu para reduzir as distâncias enormes no mercado de trabalho. O acordo feito com as centrais sindicais, que prevê um aumento que preserve o valor e incorpore o crescimento do PIB per capita no ano anterior. Isto permitiu, ao longo dos dois mandatos do Presidente, uma valorização real (já descontada a inflação), de 54%, sem aumentar a inflação do período, nem avacalhar as contas da previdência, já que isto se fez com aumento dos empregos formais.
E o trabalho e o emprego? O governo não estimulou a vagabundagem, mas estimulou o trabalho? É só olhar estes dois gráficos:



Durante o Governo de Fernando Henrique, o saldo de empregos criados não passou de 5 milhões em oito anos. No governo Lula, chegaremos fácil aos 15 milhões. Vou repetir, porque o Indio da Costa pode não ter entendido: FHC: 5 milhões; Lula 14 milhões. É até constrangedor. Fica mais bonito na figura, olha só:

Isto não é obra do acaso, mas de um esforço enorme de combinar políticas sociais eficientes, intervenção no mercado de trabalho, democratização do crédito e do consumo e investimento em áreas intensivas em trabalho, como construção civil. E agüentando cacete da imprensa e da oposição, o que é quase uma redundância, nas circunstâncias. Ou seja, depende de colocar o combate à desigualdade e à pobreza no centro da intervenção pública. Em que governo tucano isto foi feito? Eu mesmo respondo: nenhum. Nem os dois do FHC e nenhum governo estadual. Houve e há políticas e programas bem sucedidos nos governos tucanos em várias áreas, mas estamos falando aqui de coisa diferente: qual o centro do esforço de governo? Quanto esforço foi feito? Neste quesito, sinto muito, não dá para comparar.
O resultado é este horror aí embaixo:


A redução mais impressionante da pobreza na história do Brasil. Mais impressionante ainda porque, no auge da crise econômica, em 2009, mais de 1 milhão de pessoas deixaram a pobreza no Brasil. Como diz o Celso Barros: “Rodrigo Maia e Sérgio Guerra, escrevam isto cem vezes para aprender”.
Pois bem, mas isto poderia ter sido feito avacalhando a economia. Vamos ver. Claro que no item crescimento econômico não resta dúvidas sobre quem fez mais:

Precisa dizer mais alguma coisa? Isto enfrentando a maior crise econômica desde 1929 e o mundo todo na maior pitimba! E ainda tem gênio por aí para dizer que foi sorte. Então olhe só:

Ah, pois é, fez isto, né, mas avacalhou as contas públicas, farra fiscal, coisa e tal. Pois veja aí embaixo:

Veja bem: os tucanos entregaram o país com uma dívida pública líquida de 60% do PIB, com privatização e tudo. É a responsabilidade fiscal do Governo Lula que vem baixando a dívida. Depois do susto causado pelos gastos necessários ao combate à crise de 2009, já retomamos a trajetória de queda e Lula entregará o governo com uma dívida de 41%. Faça as contas e veja quem tem responsabilidade fiscal.
De dívida externa, não vou nem falar, para não cansar vocês, mas olhe aí as reservas internacionais:

Mas e a inflação! A inflação! adivinhe quem manteve a inflação mais baixa? Acertou quem disse o sapo barbudo. Entre 99 e 2002, a média de inflação foi 7,78; entre 2003 e 2009, a média foi 5,78. Portanto..
Em resumo, mais democracia, menos desigualdade, menos pobreza, mais e melhores empregos, mais crescimento econômico, menos dívida pública, mais reservas internacionais e menos inflação. Os problemas brasileiros são enormes e houve vários erros de vários tipos neste governo. Mas se vamos ao fundamental (pelo menos para mim), fica muito claro onde está o compromisso democrático, a vontade política e a competência. Nada disto foi por acidente, e o governo levou muita paulada para fazer. Por isto, Dilma.

Salário é o maior em 8 anos, mostra IBGE

Do G1, em São Paulo

Rendimento real médio foi de R$ 1.499 no mês.

Salário médio do trabalhador em agosto é o maior em 8 anos, diz IBGE
O rendimento real médio dos trabalhadores ficou em R$ 1.499 em setembro e é o maior desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em março de 2002, segundo pesquisa mensal divulgada pelo órgão nesta quinta-feira (21).

O recorde anterior, conforme informou o órgão, foi registrado em agosto, quando o salário médio ficara em R$ 1.480,20, número revisado pelo instituto.

Salário pago em setembro por região:
São Paulo R$ 1.599,70
Rio de Janeiro R$ 1.568,60
Porto Alegre R$ 1.442,70
Belo Horizonte R$ 1.428,80
Salvador R$ 1.252,50
Recife R$ 1.103,20

O rendimento médio real dos trabalhadores em setembro cresceu 1,3% sobre agosto e 6,2% na comparação anual. Em todas as seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores em setembro, na comparação mensal, apresentou aumento.

As variações foram as seguintes: Recife, 1,9%, Salvador, 1,2%, Belo Horizonte,1,7%, Rio de Janeiro, 2,7%, São Paulo, 0,4%, e Porto Alegre, 1,3%. Sobre o mesmo período do ano passado, todas as regiões também tiveram alta nos valores: Recife (13,5%), Salvador (5,9%), Belo Horizonte (11,4%), Rio de Janeiro (8,8%), São Paulo (3,1%) e Porto Alegre (7,5%).

Desemprego

A taxa de desemprego ficou em 6,2% em setembro, de acordo com o IBGE. A taxa é a menor, considerando todos os meses, desde março de 2002. O menor resultado antes desse havia sido registrado em agosto deste ano, com taxa de 6,7%. Em setembro do ano passado, a taxa de desocupação havia ficado em 7,7%.

A população ocupada (22,3 milhões de pessoas) registrou crescimento de 0,7% em relação ao mês anterior, agosto, e 3,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A população desocupada (1,5 milhão) caiu 7,5% em relação a agosto e 17,7% no ano. O número de trabalhadores com carteira assinada (10,3 milhões) ficou estável no mês e cresceu 8,6% no ano.

Dilma tem 56% dos votos válidos, contra 44% de Serra.

Do G1, em Brasília

Veja intenções de voto à Presidência por sexo e região, segundo o Ibope

Intenções de voto por sexo e região, segundo o Ibope

O Ibope divulgou, na noite desta quarta-feira (20) nova pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República. Na média nacional, segundo o levantamento, a candidata petista Dilma Rousseff tem 56% dos votos válidos, contra 44% do tucano José Serra. Na pesquisa anterior, divulgada no último dia 13, Dilma tinha 53% dos votos válidos, e Serra, 47%.

Além dos números gerais, o Ibope também calculou o percentual alcançado pelos candidatos em segmentos do eleitorado, como sexo e regiões do país

Eleitorado masculino e feminino

Entre os votos válidos (que excluem brancos, nulos e indecisos) de eleitores do sexo masculino, Dilma aparece com 58% das intenções de voto, contra 42% de Serra. Na pesquisa anterior, do último dia 13, Dilma tinha 56%, e Serra, 44%.

Já entre as mulheres, a petista tem 54% dos votos válidos, e Serra, 46%, segundo o Ibope. No levantamento anterior, Dilma e Serra tinham 50% cada um.

Nos votos totais (que incluem brancos, nulos e indecisos), Dilma tem 53% das intenções de voto dos eleitores do sexo masculino, contra 39% de José Serra. Brancos e nulos somam 5%, e indecisos, 3%.

Na pesquisa anterior, esses índices eram de 52% para a petista e 40% para o tucano. Brancos e nulos somavam 5%, e indecisos, 3%.

No eleitorado feminino, Dilma aparece com 48% das intenções de voto, e Serra, com 41%. Entre as mulheres, brancos e nulos totalizam 5%, e indecisos, 6%.

No último levantamento, os dois candidatos tinham, individualmente, 46% das intenções. Brancos e nulos eram 4%, e indecisos, 3%.

Votos válidos por região

No Norte/Centro-Oeste, Dilma aparece na pesquisa com 49% dos votos válidos (que excluem brancos, nulos e indecisos). Serra tem 51%. No levantamento divulgado no dia 13, Dilma tinha 54%, e Serra, 46%.

No Nordeste, Dilma tem 68%, e Serra, 32%, apontou o Ibope. A pesquisa anterior apontava a candidata do PT com 61%, e Serra com 39%.

No Sudeste, a petista tem 53%; o tucano, 47%. No levantamento da semana passada, esses índices eram de 52% e 48%, respectivamente.

No Sul, a candidata do PT tem 50%, mesmo índice alcançado pelo candidato do PSDB. Na pesquisa anterior, Dilma tinha 43%, e Serra, 57%.

Votos totais por região

Quando são considerados os votos totais (que incluem brancos, nulos e indecisos), Dilma tem 46% no Norte/Centro-Oeste, e Serra, 47%, informa a pesquisa. Brancos e nulos somam 5%, e indecisos, 3%. Na pesquisa anterior, a petista obteve 51%, e o tucano, 43%, no Norte/Centro-Oeste. Brancos e nulos somavam 2%, e indecisos, 4%.

No Nordeste, Dilma tem 64%, aponta o instituto, e Serra, 31%. Brancos e nulos são 4%, e indecisos, 1%. A candidata do PT tinha 57% no último dia 13, contra 36% do candidato do PSDB, e brancos e nulos somavam 4%, enquanto os indecisos eram 3%.

No Sudeste, Dilma tem 45%; Serra, 41%. Brancos e nulos totalizam 7%, e indecisos, 6%. O levantamento anterior mostrava Dilma com 46% das intenções, enquanto Serra tinha 44%. Brancos e nulos eram 7%, e indecisos, 4%.

No Sul, a petista passou de 41% da última pesquisa para 47% no levantamento desta quarta, e o tucano, foi de 54% para 46% agora, indica o Ibope. Brancos e nulos são 4%, e indecisos, 3%.No levantamento anterior, eram 3% e 2%, respectivamente.

A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número 36766/2010. O Ibope ouviu 3.010 eleitores em 201 municípios entre segunda-feira (18) e esta quarta (20).
A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Microrregião de Conceição do Mato Dentro tem abstenção expressiva

Correios do Brasil - Por Marcos Dantas - do Rio de Janeiro

Abstenções: o voto que pode faltar a Dilma

Pode (e deve) ser examinado no portal da PUC-Rio, um conjunto de mapas mostrando como se distribuíram, pelas microrregiões brasileiras, a votação para Presidência, no primeiro turno. O trabalho foi elaborado pelos pesquisadores Cesar Romero, Dora Hees, Philppe Waniez e Violette Brustlein que, há anos, eleições após eleições, vêm construindo uma cartografia eleitoral brasileira que muito nos diz sobre as opções políticas do eleitorado, conforme as cidades e até bairros (com suas condições econômicas e culturais) onde vivem.

No geral, os mapas do Prof. Romero e seus colegas não trazem surpresas: podemos visualizar, no detalhe geoespacial, que a candidata do PT, Dilma Rousseff, venceu maciçamente no Nordeste e maior parte de Minas Gerais, obtendo também a maioria dos votos no Rio Grande do Sul e outras partes do país. Já José Serra obteve boa vitória em São Paulo e outros Estados no Sul, mas também em regiões da Amazônia, como o interior do Pará, o Acre e Roraima.

O que deveria chamar atenção, nesta reta final de campanha, sobretudo do comando da campanha de Dilma, é o elevado índice de abstenções, votos nulos e brancos justamente naquelas regiões onde ela foi amplamente vitoriosa. Pode-se arriscar dizer que, se as abstenções nessas regiões fossem 2 ou 3 pontos percentuais menores, ela teria vencido já no primeiro turno.

No Estado da Bahia, um Estado praticamente “vermelho”, no código de cores escolhido, obviamente que não ao acaso, pelos pesquisadores, as abstenções também, na maior parte das microrregiões, superaram 25%, chegando a mais de 30% na microrregião de Bom Jesus da Lapa. Em todo o sul do Estado, incluindo as microrregiões à volta de cidades importantes como Vitória da Conquista, Jequié, Porto Seguro, Ilhéus e Itabuna, as abstenções oscilaram entre 23% a 28%. Igual se deu em Irecê, Jacobina e suas adjacências.

Em Pernambuco, estado que, além de Dilma, consagrou o governador Eduardo Campos, em todas as microrregiões que fazem fronteira com o Ceará, a abstenção foi de 23% a 28%. Igual, nas microrregiões que fazem fronteira com Alagoas, dentre elas incluindo-se Garanhuns, Suape, Médio Capiberibe.

No Ceará, a abstenção foi de 28% a 39% na microrregião de Itu, na fronteira com o Piauí. Mas em todas as microrregiões do sul do Estado, de Senador Pompeu e Médio Jaguaribe para baixo, a abstenção foi de 23 a 28 por cento, taxas também atingidas em Sertão do Crateús e Canindé.
Chama ainda mais atenção o que se passou em Minas Gerais: em todas as microrregiões do vale do Jequitinhonha, onde o PT tem muita força e a votação em Dilma foi muito expressiva, igualmente expressiva foi a abstenção, de 28,5 a 39 por cento. Entre estas microrregiões estão Teófilo Otoni, Grão Mogol, Conceição do Mato Dentro etc.

Se a esse alto índice de abstenção, somarem-se os votos nulos e brancos, o total de “não-votos” nesses grandes pedaços de Brasil, chega a quase 40%, até 45% em alguns casos.

Desconsiderando os nulos e brancos, indicadores da recusa de escolha do eleitor, a abstenção pode mesmo ter subtraído de Dilma os votos que faltaram para vencer no primeiro turno. A secretária doméstica deste que aqui escreve, moradora na Baixada Fluminense e eleitora de Dilma, confessou-lhe que não foi votar porque “chovia muito”… Quantos eleitores não terão ido votar porque, mesmo sob sol, lhe faltava um documento com foto e os doutos ministros do STF, numa emenda que piorou o soneto, invalidaram o seu legítimo título de eleitor? Alguém já calculou quantos cidadãos e cidadãs, numa penada, tiveram cassado o seu direito ao voto, nestas últimas eleições? O deputado que achou de introduzir essa regra na atual lei eleitoral, sabia muito bem o que estava fazendo. Os deputados do PT que a aprovaram, não. E acordaram tarde.

Todo mundo sabe – e mais o sabem os governadores Jaques Wagner, Eduardo Campos, Cid Gomes e outros do Nordeste – que a eleição, no interior, é movida pelos candidatos a deputados federais e estaduais.

Neste segundo turno, eles estarão ausentes. Estão agora curando as feridas e as dívidas (principalmente as dívidas) de campanha… Se não for mobilizada uma forte máquina (com todas as conotações do termo) para levar o eleitor a votar no dia 31, os institutos de pesquisa poderão, mais uma vez, verem-se na obrigação de explicar suas discrepâncias, após computadas as urnas. Simples: pesquisa nenhuma pergunta “você vai votar?”. Este indicador só aparece depois de somado os votos, embora esta até pudesse ser uma boa pergunta diante do enorme feriadão que vai começar no dia 28, para os funcionários públicos, e terminar no dia 2 de novembro, para todos os brasileiros. Eis aí um outro fator que deveria estar muito preocupando o comando petista.

Muito provavelmente, a esta altura, os votos em Dilma ou Serra já estão definidos. Ela tem pouco mais da metade, ele cerca de 40%. Exceto se ocorrer uma hecatombe, isso não deve variar muito nestas duas semanas que faltam para a votação final. Marquetagens, atos teatrais, grandes comícios, debates na TV, manifestos, nem mesmo baixarias na internet, nada deve alterar muito o rumo já traçado. As abstenções,sim, são a grande incógnita. E podem decretar que Dilma ganhe mas não leve…

Marcos Dantas é professor do Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ.

A privatização alucinada de Serra

Hora do Povo - Carlos Lopes

Liquidadas 109 empresas públicas

Serra, imediatamente após a posse de Fernando Henrique, tornou-se não apenas ministro do Planejamento como presidente do recém-criado Conselho Nacional de Desestatização (CND), que tinha a função de fazer a lista e preparar as estatais para serem privatizadas.

Cinco meses após a sua posse como chefe da privatização, Serra declarou: “Estamos fazendo todo o possível para privatizar em alta velocidade” (Veja, 03/05/1995). A matéria da “Veja” comemorava que Serra havia incluído na privatização as empresas de geração de energia elétrica – Furnas, Chesf, Eeletronorte, Eletrosul, etc. - que não foram, na maior parte, privatizadas, porque o apagão chegou antes, o que tornou inviável a entrega da maioria delas.

Porém, antes que isso acontecesse, foram privatizadas quatro geradoras: a CSDA (Centrais Elétricas Cachoeira Dourada), a GERASUL (Centrais Geradoras do Sul do Brasil), a Paranapanema e a Tietê.

Note-se que a gestão de Serra não se limitava às empresas federais – a política de privatização orquestrada por ele forçou a venda das estatais estaduais. No setor elétrico, além das geradoras mencionadas, foram privatizadas 20 distribuidoras: ESCELSA, Light, CERJ, COELBA, CEEE, Centro-Oeste, CPFL, ENERSUL, CEMAT, ENERGIPE, COSERN, COELCE, Eletropaulo, CELPA, Elektro, Bandeirante, CELB, CELPE, CEMAR, SAELPA.

A Eletrobrás e todas as suas subsidiárias restantes só foram retiradas da lista de privatização pelo governo Lula e sua ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, em 2004.

Serra, depois de tomar posse no governo de São Paulo, ainda tentaria privatizar o que restou da antiga CESP, em 2008, mas fracassou, diante da resistência do povo de São Paulo – no entanto, manteve a CESP como “privatizável” até fevereiro deste ano.

Em sua gestão como presidente do conselho de privatização do governo Fernando Henrique, depois das empresas de eletricidade, Serra acrescentou na lista (cf. BNDES, “Privatização – Histórico”) a Vale do Rio Doce, maior mineradora do mundo, na época já proprietária de 40 outras empresas e de incalculáveis reservas minerais. Diante de uma descoberta da empresa, Serra declarou, em fevereiro de 2006: “A descoberta dessa mina não altera em nada o processo de privatização” (Veja, 07/02/1996). A Vale foi vendida por US$ 3,2 bilhões, o correspondente, como nota o professor Diron Botelho, a quem devemos parte dessa pesquisa, a um semestre de seu lucro atual (o “valor de mercado” da Vale é US$ 196 bilhões!).

Sucintamente, eis o relato, feito pelos próprios funcionários que executavam a privatização, sobre o período em que Serra foi o seu chefe: “A partir de 1995 (…) maior prioridade é conferida à privatização. [Foi] praticamente concluída a privatização das estatais que atuam no segmento industrial. Inicia-se uma nova fase do PND [Programa Nacional de Desestatização], em que os serviços públicos são transferidos ao setor privado. A agenda inclui os setores de eletricidade (…) área de transporte e telecomunicações. Esta nova fase também é caracterizada pelo início do processo de desestatização de empresas estaduais, a cargo dos respectivos estados, ao qual o Governo Federal dá suporte” (cf. BNDES, “Privatização – Histórico”).

Assim, a privatização organizada por Serra estendeu-se até o fim do governo Fernando Henrique, em 2002.

Em 1995 e 1996, houve 19 empresas privatizadas. Em 1997 foi privatizada a Vale do Rio Doce, a Malha Nordeste da RFFSA, o terminal de containers do porto de Santos, o Banco Meridional do Brasil.

Em 1998, houve a escandalosa privatização das telecomunicações. Na área portuária: o Terminal de Contêineres do Porto de Sepetiba (Tecon 1) da Cia. Docas do Rio de Janeiro, o Cais de Paul e o Cais de Capuaba (Cia. Docas do Espírito Santo-CODESA), Terminal roll-on roll-off (CDRJ) e o Porto de Angra dos Reis (CDRJ). Além da Gerasul e da Malha Paulista da RFFSA.

Em 1999, a Datamec foi entregue à americana Unisys. O porto de Salvador (CODEBA) foi levado pela Wilport. Em São Paulo foram privatizadas: a Elektro, para os bucaneiros da Enron, a Paranapanema para a Duke Energy Corporation, a Tietê para a também americana AES.

Em 2000, o governo vende a maioria do capital total da Petrobrás na Bolsa de Nova Iorque, preparando a privatização da empresa – isto é, a passagem da maioria das ações ordinárias (com direito a voto) para o exterior, o que somente não se realiza devido à resistência interna. Mas o Banespa não tem a mesma sorte, e é passado para o Santander.

Em 2001, a Celpe passou para a espanhola Iberdrola, a Cemar para a Pensylvannia Power & Light e a Manaus Saneamento para a Lyonnaise des Eaux.

Esses são apenas alguns exemplos da ação de Serra na privatização. Realmente, ele fez todo o possível para privatizar em alta velocidade.

Nesta página, o leitor poderá ver o conjunto das estatais privatizadas devido à ação de Serra. Advertimos, apenas, que deve ainda estar faltando alguma que nos escapou. São tantas e de setores tão diversos que fazem inevitável alguma imperfeição.

Estatais privatizadas no governo FHC/Serra

SETOR DE MINERAÇÃO

Companhia Vale do Rio Doce

A Companhia Vale do Rio Doce foi vendida por US$ 3,2 bilhões, valor correspondente ao lucro da empresa em apenas um semestre. Hoje o valor da empresa é de US$ 196 bilhões. Criada no governo de Getúlio Vargas, a mineradora foi alvo, em 1997, de uma das privatizações mais escandalosas do governo FHC/Serra

SETOR ELÉTRICO

Escelsa - vendida ao Citigroup

Light - vendida ao grupo francês e americano EDF/AES

Gerasul - vendida à empresa belga Tractesel

Enersul - vendida ao grupo Iven

Energipe - vendida ao grupo Cataguazes

Eletropaulo Metropolitana - vendida à americana AES

EBE-Empresa Bandeirante de Energia

Cesp-Paranapanema

Cesp - Tietê - vendida à empresa americana DUKE

CERJ

Coelba - vendida ao grupo espanhol Iberdrola

CEEE-Norte-NE - vendida ao Bradesco

CEEE-Centro Oeste - vendida AES

CPFL - vendida ao Bradesco

Cemat - vendida a Inepar

Cosern - vendida ao grupo espanhol Iberdrola

Coelce - vendida a Enersys

Celpa - vendida a Inepar

Elektro - vendida à empresa americana Enron

Celpe - vendida ao grupo espanhol Iberdrola

Cemar - vendida à americano Ulem Mannegement Company

Saelpa

CSDA (Centrais Elétricas Cachoeira Dourada)

SETOR FERROVIÁRIO

Ferroeste

RFFSA - Malha Centro-Leste

RFFSA - Malha Oeste

RFFSA - Malha Sudeste

RFFSA - Malha Sul

RFFSA - Malha Tereza Cristina

RFFSA - Malha Nordeste

RFFSA - Malha Paulista

Flumitrens - vendido a CAF

SETOR QUÍMICO E PETROQUÍMICO

Salgema - vendida à Copene

CBP

Copene

CPC

CQR

Nitrocarbono

Pronor

EDN

Koppol

Polibrasil

Polipropileno

Deten

SETOR PORTUÁRIO

Tecon 1 - Terminal de Contêineres do Porto

de Sepetiba da Cia. Docas do RJ

Cais de Paul e Cais de Capuaba (Docas

do Espírito Santos-Codesa)

CDRJ - Terminal roll-on roll-of

CDRJ - Porto de Angra dos Reis

SETOR DE GÁS

Comgás - vendida à britânica British Gas/Shell

Gás Noroeste - SP

CEG - vendida a Enron

Riogás - vendida a Enron

Gás Sul

SETOR DE TELECOMUNICAÇÃO

CETERP - Telefónica

CRT - Telefónica - Daniel Dantas/TI

CTBC - Telefónica

CTMR - Daniel Dantas/TI

EMBRATEL - MCI World Com

TELAIMA - Grupo Jereissati

TELAMAZON - Grupo Jereissati

TELASA - Grupo Jereissati

TELEACRE - Daniel Dantas/TI

TELEAMAPÁ - Grupo Jereissati

TELEBAHIA - Grupo Jereissati

TELEBRASÍLIA - Daniel Dantas/TI

TELECEARÁ - Grupo Jereissati

TELESC - Daniel Dantas/TI

TELEGOIÁS - Daniel Dantas/TI

TELEMAT - Daniel Dantas/TI

TELEMIG - Grupo Jereissati

TELEMS - Daniel Dantas/TI

TELEPAR - Daniel Dantas/TI

TELEPARÁ - Grupo Jereissati

TELEPISA - Grupo Jereissati

TELERGIPE - Grupo Jereissati

TELERJ - Grupo Jereissati

TELERN - Grupo Jereissati

TELERON - Daniel Dantas/TI

TELESP - Telefónica

TELEST - Grupo Jereissati

TELMA - Grupo Jereissati

TELPA - Grupo Jereissati

TELPE - Grupo Jereissati

CPqD

Telesp Celular - vendida a Portugal telecom

Tele Sudeste Celular - Telefónica de España

Telemig Celular - Daniel Dantas

Tele Celular Sul - Globo-Bradesco/TI

Tele Nordeste Celular - Globo-Bradesco/TI

Tele Leste Celular - Iberdrola

Tele Centro Oeste Celular - Splice

Tele Norte Celular - Daniel Dantas

SETOR FINANCEIRO

Banestado - vendido ao Itaú

Banco Meridional do Brasil

Beg

BEA

Credireal

Banerj - vendido ao Itaú

Bemge - vendido ao Itaú

Bandepe - vendido ao ABN

Baneb - vendido ao Bradesco

Paraiban

OUTROS SETORES

Datamec – vendida à americana Unisys

Cia. União de Seguros Gerais

Metrô

Conerj – CIA. de Navegação do Estado do RJ

Terminal Garagem Menezes Cortes

Manaus Saneamento - vend. a Suez Lyommaise

domingo, 17 de outubro de 2010

“Monica Serra já fez um aborto e sou solidária à sua dor”, afirma ex-aluna da mulher de presidenciável

Correio do Brasil - Por redação, do Rio de Janeiro e São Paulo

Sylvia Monica Serra foi professora de dança na Unicamp
O desempenho do presidenciável tucano, José Serra, no debate do último domingo pela TV Bandeirantes, foi a gota d’água para uma eleitora brasileira. O silêncio do candidato diante da reclamação formulada pela adversária, Dilma Rousseff (PT) – de que fora acusada pela mulher dele, a ex-bailarina e psicoterapeuta Sylvia Monica Allende Serra, de “matar criancinhas” –, causou indignação em Sheila Canevacci Ribeiro, a ponto de levá-la até sua página em uma rede social, onde escreveu um desabafo que tende a abalar o argumento do postulante ao Palácio do Planalto acerca do tema que divide o país, no segundo turno das eleições. A coreógrafa Sheila Ribeiro relata, em um depoimento emocionado, que a ex-professora do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Monica Serra relatou às alunas da turma de 1992, em sala de aula, que foi levada a fazer um aborto “no quarto mês de gravidez”.

Em entrevista exclusiva ao Correio do Brasil, na noite desta segunda-feira, Sheila deixa claro que não era partidária de Dilma ou de Serra no primeiro turno: “Votei no Plínio (de Arruda Sampaio)”, declara. Da mesma forma, esclarece ser apenas uma eleitora, com cidadania brasileira e canadense, que repudiou o ambiente de hipocrisia conduzido pelo candidato da aliança de direita, ao criminalizar um procedimento cirúrgico a que milhões de brasileiras são levadas a realizar em algum momento da vida. Sheila, durante a entrevista, lembra que no Canadá este é um serviço prestado em clínicas e hospitais do Estado, como forma de evitar a morte das mulheres que precisam recorrer à medida “drástica e contundente”, como fez questão de frisar.

No texto, intitulado “Respeitemos a dor de Mônica Serra”, Sheila Ribeiro repete a pergunta de Dilma, que ficou sem resposta:

– Se uma mulher chega em um hospital doente, por ter feito um aborto clandestino, o Estado vai cuidar de sua saúde ou vai mandar prendê-la?

Leia o texto, na íntegra:

“Respeitemos a dor de Mônica Serra

“Meu nome é Sheila Ribeiro e trabalho como artista no Brasil. Sou bailarina e ex-estudante da Unicamp onde fui aluna de Mônica Serra.

“Aqui venho deixar a minha indignação no posicionamento escorregadio de José Serra, que no debate de ontem (domingo), fazia perguntas com o intuito de fazer sua campanha na réplica, não dialogando em nenhum momento com a candidata Dilma Roussef.

“Achei impressionante que o candidato Serra evita tocar no assunto da descriminalização do aborto, evitando assim falar de saúde pública e de respeitar tantas mulheres, começando pela sua própria mulher. Sim, Mônica Serra já fez um aborto e sou solidária à sua dor.

“Com todo respeito que devo a essa minha professora, gostaria de revelar publicamente que muitas de nossas aulas foram regadas a discussões sobre o aborto, sobre o seu aborto traumático. Mônica Serra fez um aborto. Na época da ditadura, grávida de quatro meses, Mônica Serra decidiu abortar, pois que seu marido estava exilado e todos vivíamos uma situação instável. Aqui está a prova de que o aborto é uma situação terrível, triste, para a mulher e para o casal, e por isso não deve ser crime, pois tantas são as situações complexas que levam uma mulher a passar por essa situação difícil. Ninguém gosta de fazer um aborto, assim como o casal Serra imagino não ter gostado. A educação sobre a contracepção deve ser máxima para que evitemos essa dor para a mulher e para o Estado.

“Assim, repito a pergunta corajosa de minha presidente, Dilma Roussef, que enfrenta a saúde pública cara a cara com ela: se uma mulher chega em um hospital doente, por ter feito um aborto clandestino, o Estado vai cuidar de sua saúde ou vai mandar prendê-la?

“Nesse sentido, devemos prender Mônica Serra caso seu marido seja eleito presidente?

“Pelo Brasil solidário e transparente que quero, sem ameaças, sem desmerecimento da fala do outro, com diálogo e pelo respeito à dor calada de Mônica Serra,

“VOTO DILMA”, registra, em letras maiúsculas, no texto publicado em sua página no Facebook, nesta segunda-feira, às 10h24.

Reflexão

Diante da imediata repercussão de suas palavras, Sheila acrescentou em sua página um comentário no qual afirma ser favorável “à privacidade das pessoas”.

“Inclusive da minha. Quando uma pessoa é um personagem público, ela representa muitas coisas. Escrevi uma reflexão, depois de assistir a um debate televisivo onde a figura simbólica de Mõnica Serra surgiu. Ali uma incongruência: a pessoa que lutou na ditadura e que foi vítima de repressão como mulher (com evento trágico naquele caso, pois que nem sempre o aborto é trágico quando é legalizado e normalizado) versus a mulher que luta contra a descriminalização do aborto com as frases clássicas do “estão matando as criancinhas”. Quem a Mônica Serra estaria escolhendo ser enquanto pessoa simbólica? Se é que tem escolha – foi minha pergunta.

“Muitas pessoas públicas servem-se de suas histórias como bandeiras pelos direitos humanos ou, ainda, ficam quietas quando não querem usá-las. Por isso escrevi ‘respeitemos a dor’. Para mim é: respeitemos que muita gente já lutou pra que o voto existisse e que para que cada um pudesse votar, inclusive nulo; muita monica-serra-pessoa já sofreu no Brasil e em outros países na repressão para que outras mulheres pudessem escolher o que fazer com seus corpos e muitas monicas-serras simbólicas já impediram que o aborto fosse descriminalizado.

“Muitas pessoas já foram lapidadas em praça pública por adultério e muitas outras lutaram pra que a sexualidade de cada um seja algo de direito. A minha questão é: uma pessoa que é lapidada em praça pública não faz campanha pela lapidação, então respeitemos sua dor, algo está errado. Se uma pessoa pública conta em público que foi lapidada, que foi vítima, que foi torturada, que sofreu, por motivos de repressão, esse assunto deve ser respeitadíssimo.

“Vinte por cento da população fazem abortos e esses 20% tem o direito absoluto de ter sua privacidade, no entanto quando decidem mostrar-se publicamente não entendo que estes assimilem-se ao repressor”, acrescentou a ex-aluna de Monica Serra, que teria relatado a experiência, traumática, às alunas da turma de 1992.

Exílio e ditadura

Sheila diz ainda, em seu depoimento, que “muitas pessoas querem ‘explicações” para o fato de ela declarar, publicamente, o que a ex-professora disse às suas alunas na Unicamp.

“Eu sou apenas uma pessoa, uma mulher, uma cidadã que viu um debate e que se assustou, se indignou e colocou seu ponto de vista na internet. Ao ver Dilma dizendo que Mônica falou algo sobre ‘matar criancinhas’, duvidei.

“Duvidei porque fui sua aluna e compartilhei do que ela contou, publicamente (que havia feito um aborto), em sala de aula. Eu me disse que uma pessoa que divide sua dor sobre o aborto, sobre o exílio e sobre a ditadura, não diria nunca uma atrocidade dessas, mesmo sendo da oposição. Essa afirmação de ‘criancinhas assassinadas’ é do nível do ‘comunista come criancinha’. A Mônica Serra é mais classe do que isso (e, aliás, gosto muito dela, apesar do Serra não ser meu candidato).

“Por isso, deixei claro o meu posicionamento que o aborto não pode ser considerado um crime – como não é na Itália, na França e em outros países. Nesse sentido não quero ser usada como uma ‘denunciadora de um ‘delito’. Ao contrário, estou relembrando na internet, aos meus amigos de FB (Facebook), que o aborto é uma questão complexa que envolve a todos e que, como nos países decentes, não pode ser considerado um crime – mas deve ser enfrentado como assunto de saúde.

“O Brasil tem muitos assuntos a serem tratados, vamos tratá-los com o carinho e com a delicadeza que merece.

“Agora volto ao meu trabalho”, conclui Sheila o seu relato na página da rede social.

Sem resposta

Diante da afirmativa da ex-aluna de Sylvia Monica Serra, o Correio do Brasil procurou pelo candidato, no Twitter, às 23h57:

“@joseserra_ Sr. candidato Serra. Recebemos a informação de que Dnª Monica Serra teria feito um aborto. O sr. tem como repercutir isso?”

Da mesma forma, foi encaminhado um e-mail à assessoria de imprensa e, posteriormente, um contato telefônico com o comitê de Serra, em São Paulo. Até o fechamento desta matéria, às 1239h desta quarta-feira, porém, não houve qualquer resposta à pergunta. O candidato, a exemplo do debate com a candidata petista, novamente optou pelo silêncio.

Marina declara posição de neutralidade no segundo turno

EM - Elaine Resende

Em carta aberta direcionada aos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) e lida durante a reunião da Executiva nacional do PV, ocorrida neste domingo em São Paulo, a candidata derrotada Marina Silva declarou que não vai apoiar nenhuma candidatura neste segundo turno. Segundo ela, sua manifestação de independência é “a melhor contribuição que poderia dar ao povo brasileiro”. A senadora conquistou cerca de 19,6 milhões de votos no primeiro turno e seu apoio era disputado ferozmente por tucanos e petistas.

Antes de manifestar sua decisão, Marina agradeceu aos dois candidatos e ressaltou que o pedido de colaboração de Dilma e Serra possibilitou que os temas defendidos por ela e pelo PV merecessem maior atenção na campanha dos antigos adversários. Em seguida, a senadora comentou sua vontade: “O fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade quanto aos rumos dessa campanha”. Para ela, este posicionamento permite que o processo eleitoral siga nesta reta final com “certo equilíbrio”.

Em seu discurso, Marina criticou o velho pragmatismo que dominou a disputa política entre PT e PSDB, considerada por ela uma "dualidade destrutiva". A senadora também chamou os dois partidos de fiadores "do conservadorismo". “A agressividade do seu confronto pelo poder sufoca a construção de uma política de paz", atacou.

Marina, que foi bastante aplaudida, também ressaltou que a candidatura dela à Presidência representou a “quebra do plebiscito” instaurado nas eleições num primeiro momento. A verde relembrou que a situação parecia “petrificada” com o confronto centrado pelo mídia apenas nas candidaturas de Dilma e Serra. “As circunstâncias estão aí para serem transformadas e são mudadas por aqueles que não estão rendidos a elas”. E completou repetindo o que se tornou um mantra de sua campanha: “Não queríamos o embate, queríamos o debate”.

Religião

Marina admitiu que dos cerca de 20 milhões de votos que teve no primeiro turno, havia uma parte considerável de votos de evangélicos e alfinetou o teor religioso que a campanha do segundo turno recebeu. “Professei minha fé sem fazer dela uma arma eleitoral.”

Agora, a candidata do PV disse que o partido que ser um “veículo mediador de propostas” e que vai cobrar de quem for eleito a execução das promessas de campanha.

PV segue Marina e declara neutralidade na disputa presidencial

EM - Fábio Saldanha

A Executiva nacional do PV, que se reuniu neste domingo em São Paulo, optou pela neutralidade neste sgunda turno da campanha presidencial. Depois do discurso de Marina Silva, o presidente do PV, José Luiz de França Penna, pediu que levantassem seus crachás aqueles que eram a favor da neutralidade. O resultado foi esmagador: apenas quatro integrantes votaram contra.

A decisão do partido segue a vontade da candidata derrotada, Marina Silva, que defendia desde o início do segundo turno a sua posição de independência. Para a senadora, que agradeceu aos candidatos à Presidência, José Serra (PSDB) e Dilma Roussef (PT), sua posição é a "melhor contribuição que poderia dar ao povo brasileiro". "O fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade quanto aos rumos dessa campanha”, comentou ao ler a carta aberta direcionada aos presidenciáveis.

Marina ainda criticou o velho pragmatismo que dominou a disputa política entre PT e PSDB. Ela chamou os dois partidos de fiadores "do conservadorismo". E mandou um recado aos candidatos: "A escolha se estende agora à atitude de vocês", disse.

Segundo ela, os dois programas enviados pelas siglas rivais não combinavam com a realidade do Brasil neste século. Marina lembrou do importante apoio que Serra deu quando era senador ao seu projeto em defesa da borracha nativa. E disse que há diferenças entre Dilma e ela, porém Marina ressaltou que a candidata do PT esteve sempre disposta a ser parceira.

sábado, 16 de outubro de 2010

Dilma lidera por oito pontos

O TEMPO

Últimos números do instituto mostram petista com 54% e tucano com 46%

A segunda pesquisa Datafolha no segundo turno da eleição presidencial apresenta um cenário de estabilidade. Dilma Rousseff (PT) tem 54% dos votos válidos (excluem brancos, nulos e indecisos), contra 46% de seu oponente, José Serra (PSDB).

Os dados são exatamente os mesmos registrados em levantamento realizado na semana passada. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A taxa de indecisos, porém, oscilou para cima e agora está em 8% (era 7% na pesquisa anterior). Os que pretendem anular o voto ou votar em branco, 4%, eram em número idêntico na semana anterior.

Em votos totais, a candidata petista registrou leve oscilação para baixo, passando de 48% para 47%, enquanto o presidenciável tucano se manteve com 41%.

Para o Datafolha, essa oscilação se explica por uma queda de três pontos percentuais entre o eleitorado de menor escolaridade, que representa 47% do total de eleitores no Brasil.

RELIGIÃO. Os temas religiosos que dominaram esta etapa da campanha, como aborto e casamento homossexual, parecem não ter influenciado o eleitorado.

Entre os católicos, por exemplo, que são maioria na população brasileira, a ex-ministra da Casa Civil tem 51% contra 38% do ex-governador de São Paulo, números semelhantes aos registrados na semana passada (o tucano oscilou um ponto para cima).

No grupo de evangélicos não pentecostais a candidata petista cai quatro pontos, enquanto José Serra oscila positivamente dois pontos. Essa faixa representa 6% do eleitorado brasileiro.

Curiosamente, a maior movimentação ocorre justamente no grupo dos eleitores que se declaram sem religião, em que Dilma caiu cinco pontos percentuais, e Serra cresceu cinco (a petista ainda vence por 45% a 40%). O grupo também representa 6% do eleitorado.

O apoio de Marina Silva (PB) poderia influenciar no voto de 25% dos entrevistados, ainda segundo o Datafolha. Entre os que votaram na candidata verde no primeiro turno, 51% dizem optar por Serra agora, contra 23% que declaram o voto em Dilma (oscilação positiva de um ponto com relação à pesquisa anterior). Dos eleitores de Marina Silva 15% ainda estão indecisos.

Rejeição dos dois candidatos oscila pouco
São Paulo. Segundo a pesquisa Datafolha, entre os eleitores que dizem não votar em José Serra, a rejeição ao candidato tucano passou de 63% para 66%. No caso de Dilma Rousseff, o número de eleitores que não declaram voto na petista e não votariam nela de jeito nenhum oscilou um ponto para baixo, de 68% para 67%.
Os números, segundo especialistas, apontam para uma fase estável das duas campanhas, caracterizada principalmente pelo acomodamento dos votos que migraram dos candidatos derrotados no primeiro turno.
A pesquisa Datafolha foi feita nos dias 14 e 15 de outubro com 3.281 eleitores de 202 municípios brasileiros e a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Governo
Recorde. A aprovação ao governo Lula subiu após meses de estabilidade, e atingiu o seu maior índice desde que o petista foi eleito. A aprovação do presidente chegou à taxa de 81% - recorde na série histórica do Datafolha.

Dilma é Minas na Presidência", diz José Alencar

Bertha Maakaroun - EM

Vice-presidente da República afirma que, mesmo em tratamento para combater novos quatro tumores, vai engrossar campanha da candidata do PT no estado

"Não podemos nos colocar contra uma candidata de nosso estado. Não é bom para Minas, e isso poderá ser objeto de arrependimento amanhã"
Mesmo sofrendo com a quimioterapia e enfraquecido pela sequência de internações para o tratamento dos efeitos colaterais, o vice-presidente da República, José Alencar Gomes da Silva (PRB), de 78 anos, quer receber neste sábado, em Belo Horizonte, o presidente Lula (PT) e a candidata presidencial Dilma Rousseff (PT) para engrossar a carreata no Centro da capital. O tumor, contra o qual luta desde 1997, havia regredido em setembro após o tratamento com as novas drogas. Na semana passada, contudo, a má notícia: nova recidiva e mais quatro tumores na região do peritônio. Nesta segunda-feira, José Alencar se submeterá a um coquetel endovenoso revolucionário, durante cinco dias seguidos. A perspectiva não o assusta nem tira o seu foco da eleição presidencial. O vice planeja deixar o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e se instalar na capital mineira de onde só pretende sair após o pleito em segundo turno.

José Alencar faz a defesa da candidatura de Dilma Rousseff. “A Dilma é Minas na Presidência da República. Não podemos de forma alguma deixar de compreender isso, do contrário correremos o risco da incoerência, pois sempre defendemos essa tese”, afirma, em referência implícita à pré-candidatura do senador eleito Aécio Neves (PSDB), inviabilizada pela indicação de José Serra (PSDB). “Não podemos nos colocar contra uma candidata de nosso estado. Não é bom para Minas e isso poderá ser objeto de arrependimento amanhã”, acrescenta.

Em crítica à iniciativa dos tucanos mineiros de tentar converter os prefeitos que no primeiro turno apoiaram Dilma Rousseff e o governador reeleito, Antônio Anastasia (PSDB), José Alencar assinala: “No primeiro turno, o PSDB de Minas defendeu o Dilmasia. Discretamente, mas defendeu. Hoje fiquei de certa forma muito triste quando vi no noticiário uma reportagem afirmando que a exemplo do que foi o Dilmasia, agora seria o Serrasia ou uma coisa parecida com isso. Achei isso um negócio ridículo, porque não tem sentido. Minas não pode fazer uma coisa dessas”.

José Alencar enumera alguns daqueles que considera êxitos do governo Lula: “O Lula trouxe o Brasil para outro patamar. Não só internamente no campo político, econômico e social, mas internacionalmente. O mundo inteiro hoje respeita o Lula”. Depois de elogiar a competência e o preparo de Dilma Rousseff para administrar o país, Alencar afirma: “Com Dilma temos a segurança de que o Brasil vai continuar crescendo, distribuindo renda, vai continuar sensível aos menos favorecidos, vai continuar colocando os objetivos sociais à frente de todas as ações de governo, buscando o bem comum sempre. Isso é sem dúvida”. Em outro campo de ação, o vice presidente ainda arremata ao defender o apoio a Dilma: “E, mais do que isso, em outra esfera, o Brasil será um país que defende a ideia de que determinadas atividades estratégicas devem ser objeto de investimento do estado. Nós não podemos deixar que passe por nossa cabeça a ideia de perder a Petrobras”.

Como está o seu estado de saúde?
Estou em tratamento. A partir desta segunda tenho um novo coquetel de medicamentos endovenosos para a quimioterapia, que vai ser aplicado durante cinco dias ininterruptos. Isso é a primeira vez que faço. Normalmente, fazia um dia na semana, depois na outra semana mais um, depois falhava na outra semana. Agora são cinco dias seguidos. Não posso imaginar qual vai ser o efeito colateral, que varia de medicamento para medicamento. Agora os efeitos que tenho sentido até hoje são vários. Por exemplo, o problema do edema pulmonar, que é uma retenção de líquido. Fico com as pernas e os pés inchados. Tenho dormência nas extremidades dos pés e até no próprio pé. Isso não para. E há outros efeitos. Por exemplo hemoglobina caiu, a creatinina, a ureia…

Que avaliação os médicos têm feito da evolução do seu quadro?
O oncologista principal, que é dr. Paulo Hoff, voltou agora de um congresso em que participou em Milão, muito animado. Tenho muita fé em Deus e tenho obedecido aos médicos.

Como estão os tumores?
Quando comecei a quimioterapia com uma nova droga em setembro do ano passado, fizemos exames de imagem, e os tumores tinham perdido tamanho. Mas houve mudança no tratamento por incapacidade de suportar essas drogas. Isso tem dois meses. Não tinha feito exame. Fiz na semana passada e o quadro… a verdade é que o tumor, aquele que estava à vista voltou a crescer e surgiram quatro novos na mesma região do peritônio. Esses quatro novos são motivo de grande preocupação. O meu caso é denominado sarcoma no tecido mole. Dá em músculo, gordura, não é em aparelho digestivo. Ele também não tem característica de metástase. São células que se reproduzem isoladamente. Os médicos falam que ele tem característica recorrente. É operado e volta. Por isso fiz essa quantidade de operações.

Dilma virá este sábado a BH acompanhada de Lula para uma carreata em Belo Horizonte. O sr. vai recebê-la?
Não posso afirmar que vou porque a situação pode mudar. Se eu estiver como estou agora, ainda que esteja me sentindo muito cansado, vou fazer todo o possível. Mesmo porque estará indo a Minas o presidente Lula. Ele e a Dilma. Eu não poderia deixar de estar presente, a menos que não tenha jeito. Mas se não for possível, de qualquer maneira estarei presente, porque o meu coração estará presente com ela nesta ida a BH e sempre. Ela é Minas na Presidência da República. Acho que nós mineiros somos conscientes do nosso compromisso com o Brasil. Quando Minas está no governo é melhor para o país.. Não podemos de forma alguma deixar de compreender isso, do contrário correremos o risco da incoerência, pois sempre defendemos essa tese. Eu por exemplo acho que temos em Minas um mineiro capaz de levar Minas à Presidência. É o Aécio.

Na quinta-feira, Serra esteve em Belo Horizonte para um ato político ao lado de Aécio Neves (PSDB), Antonio Anastasia (PSDB) e Itamar Franco (PPS). O PSDB em Minas promete desarticular o Dilmasia, atraindo os prefeitos para o campo do Serra. Como o sr. avalia essa estratégia?
Minas elegeu o professor Anastasia. Eu não votei nele. Porém, tenho reconhecimento de que é um grande mineiro, que vai fazer um bom trabalho à frente do governo. Mas nós todos sabemos que uma das razões pelas quais a eleição dele se consolidou foi o Dilmasia. Eu até não era a favor disso. Mas isso foi objeto de estratégia defendida por eles próprios, ainda que não pudessem fazê-lo claramente, o faziam de modo discreto. O governador Aécio, discretamente, porque não poderia ser de outra maneira, defendeu o Dilmasia. Hoje (ontem), fiquei de certa forma muito triste quando vi uma nota dizendo que a exemplo do Dilmasia, agora seria o Serrasia. Achei isso um negócio ridículo, porque não tem sentido. Temos uma mineira, uma mulher de bem, excepcional, preparada, que está em condições de mostrar a personalidade de Minas no governo.

Que diferenças programáticas o sr. apontaria entre a candidatura da Dilma e a do Serra?
Na hipótese da vitória da Dilma, temos a segurança de que o Brasil vai continuar crescendo, distribuindo renda, vai continuar sensível aos menos favorecidos, vai continuar colocando os objetivos sociais à frente para todas as ações de governo, buscando o bem comum sempre. Isso é sem dúvida. E mais do que isso em outra esfera, o Brasil será um país que defende a ideia de que determinadas atividades estratégicas devem ser objeto de investimento do estado. Nós não podemos deixar que passe por nossa cabeça a ideia de perder a Petrobras. Digo perder, porque é perder. A Argentina privatizou a sua petrolífera. A Argentina quebrou, deu calote internacional.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Política - Projeto trava votação na ALMG

O TEMPO - CARLA KREEFFT

Oposição diz que só vai apreciar matéria depois do segundo turno das eleições

Em meio a campanha eleitoral de segundo turno, um projeto de lei apresentado pelo governo do Estado na Assembleia Legislativa (ALMG) provoca polêmica e trava a pauta do plenário. A proposta tramita em regime de urgência e agora precisa ser votada para que quaisquer outras matérias possam ser apreciadas.

O projeto 4.687, que deu entrada na Assembleia em junho, permite que o governo do Estado negocie créditos tributários, referentes ao Imposto sobre Circulação de Mercadoria (ICMS) e originários de dívidas relativas a utilização de recursos hídricos e minerais em território mineiro. O projeto ainda prevê a negociação de créditos adquiridos pelo Estado em decorrência da extinção da Caixa Econômica do Estado de Minas Gerais - Minascaixa e em função da venda das ações do Banco de Crédito Real de Minas Gerais e do Banco do Estado de Minas Gerais, o Bemge.

Ainda segundo a matéria, o repasse dos créditos às instituições financeiras não desonera o governo de fazer a fiscalização do pagamento e a execução das dívidas.

Apesar do projeto ter passado pelas comissões de Constituição e Justiça e Fiscalização Financeira e Orçamentária, a oposição afirma que não vai votá-lo, pelo menos até o segundo turno das eleições, em 31 de outubro.

Segundo o deputado do PMDB Antônio Júlio, o projeto antecipa receitas, o que, segundo ele, é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ele ainda alega que o projeto não prevê limite financeiro para as negociações dos créditos.

"O projeto é uma assalto ao interesse público. Na negociação, não há nenhum risco para a iniciativa privada. Todos os ônus são do governo do Estado, que é o responsável pela execução da dívida que foi transferida para uma instituição financeira", afirma o deputado.

Antônio Júlio diz que não acredita que o governador Antonio Anastasia (PSDB) tenha conhecimento do projeto. "Se o governador tivesse conhecimento desse projeto como um todo, isso não estaria acontecendo. Deve ter alguém com interesse no projeto, que não é o governador", declarou o deputado peemedebista.

Já o líder do governo na Assembleia, Mauri Torres (PSDB), rebate todas as críticas do colega do PMDB. "Esse governo não manda para Assembleia matérias que ferem a Lei de Responsabilidade Fiscal. Nós primamos pelo cuidado com a gestão pública, com zelo pela coisa pública. Sempre cumprimos a lei e agora não será diferente", disse o tucano.

Segundo Mauri Torres, a matéria é "importante para o governo do Estado e para o povo de Minas" e por isso a maioria da Casa deve votar a favor dela.

Previsão é que R$ 3 bi sejam negociados
Segundo estimativas da oposição, pelo menos R$ 3 bilhões em créditos tributários poderão ser negociados pelo governo do Estado assim que o projeto estiver aprovado.
"O que nós podemos estimar é que os parcelamentos de ICMS, por exemplo, que o Estado tem a receber, estão em torno de R$ 3 bilhões. Mas o projeto não diz qual seria o deságio na negociação", diz o vice líder da oposição, Adelmo Leão, para quem um dos problemas da proposta em tramitação na Assembleia é ausência do limite para a antecipação da receitas.
Já o líder do governo, Mauri Torres, afirma que ainda não é possível falar de valores dos créditos, mas voltou a garantir que não há nenhuma irregularidade na transação proposta no projeto do governo. (CK)

Exigências
Lei. Segundo o artigo 38 da Lei de Responsabilidade Fiscal, a antecipação de receita orçamentária é permitida para atender à insuficiência de caixa e deverá ser liquidada até o dia dez de dezembro de cada ano.

Adelmo Leão cobra a fixação de limites para repasse de créditos
Disputa
Bancadas não entram em acordo sobre proposta
O líder do governo na Assembleia, deputado Mauri Torres (PSDB), diz que haverá uma negociação entre as bancadas de situação e oposição na próxima segunda-feira. "A expectativa é que o projeto seja votado na terça-feira. Não há nenhum problema com o projeto e não há motivo para adiar a votação", avalia.

Já a oposição tem um entendimento completamente diferente. O deputado Antônio Júlio (PMDB) quer a retirada do projeto de pauta. "No mínimo, para se ter uma discussão maior, o governo teria que retirar o projeto de pauta. Esse é um pedido que eu faço à base governista", declarou.

Mauri Torres já adiantou, entretanto, que não há a menor possibilidade de retirada do projeto. "Não vamos desistir da matéria e deixar para o próximo ano se estamos completamente abertos à negociação", declarou, lembrando que a oposição deveria negociar mais e entender melhor a proposta, antes de querer retirá-la da pauta.

Quando um projeto está em regime de urgência, ele precisa ser analisado pelo plenário em até 45 dias – prazo que já está vencido. A partir do fim do prazo determinado, o projeto vira prioridade na pauta e nenhuma votação em plenário pode ocorrer antes que ele seja analisado. (CK)

Impasse
Definição. A oposição em Minas garante que a proposta só será votada após a término do segundo turno das eleições presidenciais. Enquanto ela não for votada, a pauta permanece travada.

Carta Branca
Reclamação de falta de transparência
Para o vice-líder da oposição na Assembleia, deputado Adelmo Leão, falta transparência ao projeto que permite a negociação de créditos do governo do Estado. "O que queremos votar é projeto de lei que seja transparente, sabermos com quem vai estar negociando, quem está pagando a antecipação desses créditos para o governo, qual o custo operacional deste procedimento de antecipação desses créditos, qual a comissão por parte destas entidades que eventualmente estão assumindo receber os créditos com prazos de cinco, dez, até 20 anos", questionou Adelmo.

Membro da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembleia, Adelmo Leão afirma que aprovar o projeto como está é dar uma "carta branca" ao governo. (CK)