quinta-feira, 18 de março de 2010

Política - Preservar a aliança por bem ou por mal

Baptista Chagas de Almeida - EM - 18/03/2010

Até mesmo líderes do PMDB mudaram o tom do discurso, antes impositivo, para uma solução a ser negociada mais à frente

O vice-presidente José Alencar (PRB) surpreende com sua atuação política. E mais ainda com suas declarações. Depois de admitir a possibilidade de disputar o Senado, se tiver vencido a batalha que trava contra o câncer, agora diz que é “apenas um soldado” nas eleições deste ano. Não é bem assim. O presidente Lula sabe que só Alencar pode pacificar a base aliada em Minas Gerais. O PT passou uma grande temporada com seus dois pré-candidatos às turras. O ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel travaram uma verdadeira guerra interna no PT mineiro pelo comando da legenda. Agora, entre mortos e feridos, tentam achar um caminho para todos se salvarem.

Tanto que já estão perto de um acordo, depois de perceber que Lula poderia dar a ordem de cima e determinar que o candidato da base no estado seja o ministro das Comunicações, Hélio Costa, em nome de evitar rupturas na aliança da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), com o PMDB de Costa e do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP), provável candidato a vice-presidente. Nada está definido ainda. Até mesmo líderes do PMDB mudaram o tom do discurso, antes impositivo, para uma solução a ser negociada mais à frente.

Bem, Lula reúne Patrus e Pimentel, sob o testemunho de Alencar, amanhã, em Brasília. O encontro será fundamental para definir o futuro da base governista na disputa pelo Palácio da Liberdade. No Palácio do Planalto, a ordem presidencial para os dois pré-candidatos será: é preciso preservar a aliança com o PMDB. Por bem ou por mal.

Fim da picada

Os colegas não perdoaram. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por causa da briga pelos royalties do pré-sal, exagerou. Apresentou proposta de emenda constitucional (PEC) para separar o Rio de Janeiro do resto do Brasil. É, é isso mesmo. A velha guerra da secessão. Logo apareceram outras sugestões. Uma delas, a de que ele deveria apresentar uma emenda para separar ele próprio da política brasileira. Seria uma iniciativa bem mais feliz.

Twitter na madrugada

Foi às 3h34 de ontem, que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), um conhecido notívago, rompeu o silêncio e falou pela primeira vez sobre os royalties do pré-sal. Ele pôs no Twitter um comentário dizendo que o Rio e o Espírito Santo podem quebrar com a emenda dos deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e Humberto Souto (PPS-MG). Só esqueceu-se de dizer que São Paulo também será muito bem aquinhoado com as regras atuais.

Carinho oficial

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (foto), teve reunião, a portas fechadas, com o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), que contou ainda com a presença do líder do partido, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). A missão de Padilha era fazer um carinho em Temer e conversar sobre a candidatura dele a vice-presidente na chapa da ministra Dilma Rousseff (PT). Tudo por causa das especulações em torno de o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, substitui-lo no posto.

Mudança de hábito

O comentário é geral na Assembleia Legislativa. O deputado Vanderlei Miranda, antes sempre afável com os colegas, mudou depois que assumiu a liderança do PMDB na Casa. Passou a fazer discursos tão eloquentes quanto vazios em plenários, além de assumir posições intransigentes e radicais. Os deputados estaduais brincam que, assim que ele chega ao plenário, a frase mais ouvida é “Xô liderança”. É, anda feia a coisa.

Ver para crer

No aniversário do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, em Brasília, o vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, e o deputado Miguel Corrêa Júnior (PT-MG) contavam para o líder do governo Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que o ministro Patrus Ananias e o ex-prefeito de BH Fernando Pimentel estavam perto de um acordo. “Só acredito vendo”, disse Vaccarezza. E viu! Patrus passava na hora, ouviu o comentário e confirmou que pode haver o acordo.

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