quinta-feira, 18 de março de 2010

Correios - 1,021 milhão de candidatos brigam por vagas

Letícia Nobre - CB

O mundo dos concursos registra um recorde: 1,021 milhão de inscritos para a seleção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). De longe, será o maior processo seletivo em número de candidatos da história do país. Apesar de ser uma apuração parcial, tendo em vista que os bancos e as regionais das agências ainda não terminaram de contabilizar as adesões, a conta final não deve ser muito diferente. Estão na disputa 6.556 vagas em todos os estados, com salários de até R$ 3.108,37.

Tradicionalmente, os Correios promovem concursos regionais. Esta será a primeira vez em que todas as vacâncias serão preenchidas ao mesmo tempo. Foram publicados sete editais - um para cada região administrativa da empresa - e as inscrições coletadas nas próprias agências até 19 de fevereiro. O prazo foi prorrogado quatro vezes e, no fim de janeiro, já haviam sido computados 693 mil interessados em entrar na briga pelos postos de trabalho. O montante não era esperado. "Foi uma surpresa. Nenhum concurso até hoje atingiu essa quantidade de inscritos", diz o professor Ernani Pimentel, diretor-presidente da Vestcon e presidente da Associação Nacional de Proteção aos Concursos (Anpac).

Falta o organizador

Ao contrário do que ocorre normalmente, os editais de abertura não foram publicados informando as organizadoras responsáveis pela elaboração das provas. Essa decisão, que não é ilegal, foi recebida com estranheza por professores e especialistas de concursos e questionada pelo Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal, que sugeriu a formação de um consórcio de empresas para garantir a eficácia e a transparência nas sete seleções.

Diante desse quadro, as opiniões se dividiram entre os especialistas. De um lado, está uma ala que defende a preparação dos candidatos de acordo com o perfil das organizadoras. De outro, os que pregam que os pré-requisitos estipulados pelos Correios são claros o suficiente para que os concurseiros possam estudar independentemente da banca que fizer as avaliações.

O processo de licitação das bancas examinadoras deve terminar no fim de março, quando se espera que os nomes das escolhidas sejam divulgados. "Existem umas três empresas grandes o suficiente para realizar esse concurso", aponta o professor José Wilson Granjeiro, do Gran Cursos, citando a Esaf e o Cespe como exemplos.

Enquanto aguardam a liberação dos nomes dos organizadores das provas, os candidatos se voltam para a definição dos cursos preparatórios, a compra de apostilas e as aulas virtuais. "É um curso que movimenta bem o mercado de editoras e as aulas online, que podem atender os candidatos até nos lugares onde não há escolas preparatórias", diz Granjeiro. Segundo ele, a procura por turmas presenciais está maior nas unidades fora do Plano Piloto.

Apesar de os Correios estarem comemorando o recorde de inscrições, há a possibilidade de o número de adesões ser superado em breve. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê atingir mais de um milhão de pessoas na disputa pelos postos de recenseador. Se as estimativas estiverem corretas, não será impossível que os 191.972 postos para fazer o Censo 2010 sejam ainda mais disputados.

Risco de desânimo

O fato de o IBGE oferecer vagas temporárias, com prazo de até seis meses de trabalho, pode, porém, desanimar muitos candidatos. "Quem já está se preparando para cargos efetivos não vai mudar o foco", afirma o professor Granjeiro. "Os concursos para o Censo de 2000 não atraíram muitos interessados. E acho que não será diferente agora. Só não podemos esquecer que muita coisa mudou na área de concursos", pondera Ernani Pimentel.

Levantamento feito pelo Correio mostra que a procura por concursos públicos tem aumentado de forma considerável nos últimos anos. Das 19 seleções com mais de 109 mil inscritos, 12 ocorreram em 2008 e 2009. Caixa Econômica Federal, Polícia Federal, Petrobras e suas subsidiárias e IBGE estão entre os órgãos que atraíram grande número de candidatos em mais de um concurso. A maioria absoluta dessas seleções tem algo em comum: ofereceu muitas chances para o nível médio. As exceções foram a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, com seleções exclusivas para graduados.

"O aumento da procura é um excelente sinal. Consolida a imagem dos concursos públicos na mentalidade dos brasileiros", comenta Pimentel. Na visão do presidente da Anpac, a organização e o planejamento dessa etapa obrigatória para ser servidor público tem evoluído continuamente e as demandas têm levado à profissionalização de quem está nesse mercado.

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