Política - Presidente do PT mineiro nega decisão por candidatura de Costa

Thiago Herdy - Estado de Minas Publicação: 15/03/2010

O presidente do PMDB em Minas, deputado federal Antônio Andrade, disse nesse domingo que o pré-candidato do partido ao governo de Minas, o ministro das comunicações, Hélio Costa, ouviu do presidente Lula que receberá seu apoio como candidato da base aliada ao governo estadual. O encontro teria ocorrido na última semana, em Brasília, antes de o presidente embarcar para uma viagem. A declaração gerou reação imediata do diretório estadual do PT, que não aceita o lugar de vice na chapa de oposição ao PSDB e defende candidatura própria petista para as eleições de outubro.

“A militância não vai acatar decisões de cima para baixo. O presidente Lula sabe da resistência (em compor chapa com Hélio Costa como candidato) e não há sinalização de que isso vai ocorrer na prática”, disse o presidente do PT em Minas, deputado federal Reginaldo Lopes. O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de BH Fernando Pimentel, disputam o posto de candidato petista na sucessão estadual. “Temos nosso calendário, as prévias estão marcadas. O PT só não terá chapa própria se não tiver candidato”, afirmou Lopes.
O presidente do PT em Minas não acredita nesta hipótese, por causa do estrago que ela causaria em meio à militância petista, que há dois anos aposta em um dos dois nomes do partido para suceder o governador Aécio Neves (PSDB). Mas este risco não está descartado. O presidente passará esta semana fora do país, em viagem internacional, e pretende acertar os ponteiros com o PMDB quando voltar, no início da semana seguinte. Se convencer Patrus e Pimentel a retirarem suas pré-candidaturas ao governo, para facilitar o entendimento em torno da candidatura Dilma, o partido ficaria sem um nome.

Durante a inauguração de uma obra na última semana, em Belo Horizonte, Patrus admitiu estar aberto a outras opções se a sua candidatura não vingar. “É um projeto que não é pessoal, mas expresso no sentimento de pessoas, lideranças e militantes partidários da sociedade civil. Se esse projeto não se viabilizar, vamos então considerar outros cenários”, disse. Perguntado se foi convidado por Lula a retirar sua candidatura, o ministro negou. “É claro que o presidente é uma grande referência, estamos refletindo sobre o quadro, mas não há nenhuma imposição do presidente (nesse sentido)”, afirmou.

Por sua vez, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel está a cada dia mais envolvido com a coordenação política da campanha da ministra Dilma e seu nome é cotado para um eventual ministério caso ela seja eleita. Se os dois petistas retirarem suas pré-candidaturas, o deputado Virgílio Guimarães pode assumir o lugar de vice na chapa com Hélio Costa. “Quem vai decidir o vice é o próprio PT, não queremos dizer um nome da nossa preferência. Certamente, o Virgílio seria um espetáculo, pela forte ligação que tem com os deputados federais e estaduais”, disse ontem o presidente do PMDB em Minas, Antônio Andrade, que também vê com bons olhos a escolha de outros nomes, como Patrus, Pimentel ou Luiz Dulci.

Entendimento

Mesmo com a resistência do diretório estadual petista em abrir mão da cabeça da chapa em uma eventual coligação com o PMDB, Andrade defende um entendimento em nível regional, até maio. “Essa decisão não precisa vir de cima para baixo, vamos buscar o entendimento aqui mesmo, para facilitar a candidatura da Dilma, a vitória dela em Minas e a eleição do Hélio Costa. A composição com o PT nos possibilita ganhar a eleição no estado em primeiro turno”, aposta Andrade.

Ainda que esteja cada vez mais próximo do PT, o dirigente não descarta conversas com outros partidos durante o período pré-eleitoral. Ele almoça hoje com o presidente do PSDB em Minas, deputado federal Nárcio Rodrigues, em um restaurante de luxo da capital. O convite teria partido do dirigente tucano. “Nossa preferência é a composição com o PT. Mas nada impede de compor com qualquer outro partido”, afirma Andrade.