domingo, 19 de setembro de 2010

Política - Queda da ministra da Casa Civil agitou a semana na política

R7.COM

Denúncias de tráfico de influência envolvendo familiares causaram nesta semana a saída de Erenice Guerra da Casa Civil, o ministério que coordena alguns dos principais programas do governo.

A agora ex-ministra entregou o cargo na última quinta-feira (16), após a denúncia de que seu filho, Israel Guerra, teria cobrado propina de empresas interessadas em fechar contratos com o governo federal.

A polêmica teve início há exatamente uma semana, quando surgiu a notícia de que Israel teria mediado um acordo entre a MTA (Master Top Linhas Aéreas), uma companhia de transporte aéreo, e a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos).

A mediação teria sido feita por meio da Capital Assessoria. Segundo a denúncia, o filho de Erenice teria recebido um pagamento de R$ 5 milhões.

A princípio, foi divulgada a informação de que os contratos fechados teriam o valor total de R$ 84 milhões. Posteriormente, a ECT negou qualquer irregularidade nos negócios com a MTA. Em nota, a empresa disse que os contratos resultam de processos de licitação e totalizam, na verdade, R$ 59,8 milhões.

A primeira baixa na Casa Civil ocorreu na segunda (13), quando Vinícius de Oliveira Castro, assessor da Secretaria-Executiva da pasta, pediu afastamento após ter sido citado como um dos participantes do esquema. Ele negou as acusações.

No dia seguinte, Erenice divulgou uma nota oficial em que disse ter encaminhado aos ministros Jorge Hage, da CGU (Controladoria-Geral da União), e Luiz Paulo Barreto, da Justiça, um pedido de investigação das denúncias envolvendo seus familiares.

No comunicado, ela também fez ataques ao candidato do PSDB à Presidência, José Serra, o que teria desagradado o governo federal. Sem citar nomes, Erenice afirmou ser vítima de uma campanha de difamação em favor de um "candidato aético e já derrotado".

Na quinta (16), outra denúncia envolvendo Israel complicou ainda mais a situação de Erenice. De acordo com a nova notícia, o filho da ministra teria cobrado dinheiro de uma empresa de Campinas para viabilizar a liberação de um financiamento de R$ 9 bilhões junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O consultor que fez a denúncia, Rubnei Quícoli, que responde a processos na Justiça por receptação, coação e uso de dinheiro falso, disse que a empresa recusou a oferta de Israel, que pedia em troca seis pagamentos mensais de R$ 40 mil e uma comissão de 5% sobre o valor do empréstimo.

Após a recusa, o consultor disse ter sido procurado por um então diretor dos Correios, tio de Vinícius Castro, que propôs um pagamento de R$ 5 milhões para liberar o empréstimo, dinheiro que seria, segundo a denúncia, direcionado a Erenice e às campanhas da presidenciável Dilma Roussef e de Hélio Costa, que disputa o governo de Minas Gerais pelo PMDB.

Ainda na manhã de quinta, Erenice se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi acertada a sua saída. Para substituí-la interinamente foi nomeado Carlos Eduardo Esteves Lima, secretário-executivo da Casa Civil.

Em sua carta de demissão, Erenice disse sofrer "uma sórdida campanha" e justificou a saída dizendo que precisava de "paz e tempo" para se defender.

A terceira demissão na Casa Civil ocorreu ontem (17). Depois de Vinicius Castro e Erenice, foi a vez de Stevan Knezevic, pedir afastamento. Servidor da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), ele trabalhava no Centro Gestor e Operacional do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), subordinado à pasta.

A Coordenação Geral de Polícia Fazendária da Polícia Federal comandará o inquérito sobre tráfico de influência. O primeiro alvo é Israel Guerra, mas também poderão ser investigados o empresário José Roberto Campos, marido da ministra, outro filho, dois irmãos, parentes e um grupo de amigos que Erenice teria colocado em postos máquina estatal.

Sucessora de Dilma
Erenice assumiu o cargo em março deste ano, após Dilma Rousseff se lançar na disputa pela Presidência. Ela foi a terceira pessoa a comandar a Casa Civil no governo Lula. O primeiro foi o ex-ministro José Dirceu, que caiu após denúncias de envolvimento com o escândalo do mensalão, em 2005.

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