quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Correios - Escândalo - R$ 350 milhões sob suspeita na ECT

Diário de Pernambuco - Vinicius Sassine (viniciussassine.df@dabr.com.br)

Valor é referente a 15 contratos investigados pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Quatro deles foram acertados sem licitação.

O valor dos contratos sob suspeita mantidos pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) chega a R$ 349,7 milhões. O dinheiro foi gasto - ou ainda está em execução - com empresas de transporte aéreo que participam da chamada rede postal noturna e que passaram a ser investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF).

Dos 15 contratos em que foram detectadas irregularidades, quatro foram firmados com dispensa de licitação. Um deles, no valor de R$ 19,6 milhões, foi assinado em maio entre os Correios e a Master Top Linhas Aéreas (MTA), empresa que foi pivô da queda da ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra e do ex-diretor de Operações dos Correios Eduardo Artur Rodrigues Silva.

O presidente dos Correios, David José de Matos, disse que vai manter os quatro contratos em vigência com a MTA, no valor de R$ 59,8 milhões. A justificativa apresentada pelo presidente da estatal na segunda-feira é que os contratos são legais, por terem sido firmados, segundo ele, por meio de pregão eletrônico. Uma das contratações dispensou a licitação por se tratar de um caso de "emergência ou calamidade pública, caracterizada a urgência de atendimento", como argumentaram os Correios. A MTA foi contratada sem licitação para fazer transporte aéreo de cargas em seis diferentes trechos, até novembro deste ano. Agora, o contrato será investigado pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Todos os contratos com a MTA estão em vigência. A empresa é acusada de contratar os serviços de Israel Guerra, filho de Erenice Guerra, para fazer lobby na Casa Civil e conseguir os contratos milionários com os Correios. O suposto tráfico de influência derrubou Erenice do cargo de ministra-chefe da Casa Civil. Poucos dias depois, coronel Artur pediu demissão do cargo de diretor de Operações dos Correios. Ele era ligado à MTA e teria atuado para favorecer a empresa de transporte aéreo.

A MTA ganhou espaço e contratos com os Correios depois da saída de outras duas empresas: a TAF Linhas Aéreas e a Brazilian Express Transportes Aéreos (Beta). As duas transportadoras detinham os principais contratos na rede postal noturna entre 2007 e março deste ano. A TAF e a Beta são citadas em investigações do MPF sobre irregularidades no transporte noturno de cargas áreas. Segundo uma auditoria da própria ECT, citada nas investigações, as aeronaves das duas empresas voavam ociosas em determinados trechos e, mesmo assim, diversos aditivos contratuais foram firmados.

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