sábado, 17 de abril de 2010

Conceição - Atingidos pela Vale fazem encontro internacional no Rio

Agência Brasil

Para denunciar crimes ambientais e violação de direitos trabalhistas pela mineradora Vale, movimentos sociais, líderes comunitários e sindicais de países onde a empresa mantém atividades como Peru, Canadá e Chile, além do Brasil, se reúnem nesta semana, na capital fluminense, no 1º Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale. O evento ocorre paralelamente ao encontro de acionistas da companhia.

A mobilização deve reunir 150 pessoas e começou há uma semana, quando duas caravanas promoveram discussões com trabalhadores e moradores das cidades onde há atividades da empresa. Um dos grupos partiu de Minas Gerais e outro do Pará e do Maranhão. Eles devem se encontrar nesta segunda-feira (12), no final da tarde, em Sepetiba, zona oeste da cidade, onde a Vale e outras empresas participam da construção da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA).

"A ideia é o fortalecimento dos grupos, que têm enfrentado conflitos muito sérios em vários países e que aqui, no Brasil, obviamente, não são divulgados", afirmou uma das organizadoras, Ana Garcia, do Instituto Rosa Luxemburgo. Ela explicou que as lideranças devem formar uma articulação para questionar as ações da empresa, inclusive, em organismos internacionais.

Procurada, a Vale informou, por meio da assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar.

Ao longo da semana, os participantes vão apresentar relatos colhidos durante as caravanas e nos países de origem. Nas cidades mineiras de Itabira e Congonhas e nas cidades de Paraupebas e Barcarena, no Pará, há casos de funcionários da Vale com problemas de saúde, demissões arbitrárias, acidentes em minas e desrespeitos a direitos trabalhistas, semelhantes a situações registradas no Canadá, onde funcionários da empresa estão em greve há meses, segundo os sindicalistas.

“A Vale lucra muito no Canadá e mesmo assim tenta rebaixar direitos de aposentadoria e remuneração. Jamais tivemos uma experiência de tanto desrespeito e agressividade”, afirma, em nota, Jamie West, do sindicato dos trabalhadores siderúrgicos (USW, sigla em inglês).

Em relação aos impactos ao meio ambiente, os manifestantes destacam a poluição das águas com produtos químicos, intervenção em aquíferos, emissão de dióxido de carbono, desvio de rios, rebaixamento de lençol freático, desmatamento, além de impactos para pequenas comunidades, com remoções forçadas, com a poeira do minério e a destruição de monumentos naturais.

Outro denúncia trata do uso de milícias armadas para coagir trabalhadores e líderes comunitários no Peru, em Conceição do Mato Dentro (MG) e no Rio, onde a construção da CSA estaria impedindo atividades tradicionais como a pesca e a agricultura. “Fomos surpreendidos quando vimos que a Vale contratou criminosos e ex-terroristas como seguranças nas minas”, disse José Lezma, camponês do Peru e integrante da Frente de Defesa da Bacia do Rio Cajamarquino.

Na próxima quinta-feira (15) está previsto um ato público, partindo da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) com destino à sede da Vale, no centro.

Também participam do encontro internacional sindicatos e representantes de Moçambique, da Argentina, Indonésia e do arquipélago de Nova Caledônia, na Melanésia.

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