sábado, 19 de fevereiro de 2011

Posse de vereadores vira caso de polícia em cidade mineira

Ezequiel Fagundes - Estado de Minas

Suplentes de vereadores de Fronteira assumem o lugar dos titulares afastados por abuso nos gastos com combustível. Um dos novatos, porém, já foi preso, acusado de estelionato

A Justiça Eleitoral de Frutal, no Triângulo Mineiro, deu posse nessa sexta-feira a todos os suplentes de vereadores da cidade vizinha de Fronteira. Réus por formação de quadrilha, peculato e improbidade administrativa, os nove vereadores da cidade foram afastados por tempo indeterminado, acusados de terem se beneficiado de um esquema de desvio da verba indenizatória a partir de cupons de combustível falsificados. Por ordem judicial, a Polícia Civil chegou a lacrar a Câmara Municipal para impedir a entrada dos vereadores. Em 20 meses, os políticos embolsaram R$ 570 mil com recibos forjados de abastecimento, quantia que daria para comprar 169 mil litros de combustível e dar 54 voltas ao redor da Terra. Devido ao escândalo, revelado com exclusividade pelo Estado de Minas em janeiro, os políticos ganharam o apelido de vereadores astronautas.


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Juiz fecha Câmara de cidade do Triângulo Mineiro por farra de gastos A crise no Legislativo local, no entanto, está longe de ser uma página virada. Entre os nove suplentes diplomados, está o comerciante Sidney Cláudio Pereira (PP). Conhecido como Ney Pescador, ele foi preso no ano passado com mais quatro pessoas, acusados de formação de quadrilha e estelionato. Na sexta-feira, Ney já passou por um constrangimento. Antes de ser diplomado, foi surpreendido com um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça e acabou detido pela polícia, acusado de descumprimento de intimação judicial no processo em que já é réu. Depois de prestar esclarecimentos, ele conseguiu sustentar que não foi intimado e acabou sendo diplomado pelo juiz Luiz Fernando Benfatti. Em seu breve discurso, o magistrado apelou para o resgate da “dignidade” e da “moralização” da Câmara de Fronteira.

De acordo com o delegado Fabrício Oliveira Altemar, responsável pelas investigações, descobriu-se que Ney Pescador e seu grupo abriram várias contas-correntes em nome de laranjas com o objetivo de comercializar talões de cheques em São José do Rio Preto, em São Paulo. Somente em três meses, os acusados venderam 180 folhas de cheques do Banco do Brasil.

Além do golpe bancário, eles constituíram uma empresa de fachada para fraudar uma grande aquisição de equipamentos para uma fábrica de ração animal. Depois de terem sido denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE), Ney Pescador e seus comparsas chegaram a cumprir prisão preventiva de 30 dias na penitenciária pública de Frutal. Porém, eles tiveram a prisão revogada pela Justiça e estão respondendo o processo em liberdade.

Além do pepessista, tomaram posse Paulo César Ferreira (PPS), José Urias Ribeiro (PP), Leovaldo Pines (PSDB), Abrão Tufi Talles (PMN), Édson Rodrigues (PSC), Helena Aparecida Mussi (PMDB), Rozania Alves Mussi (PDT) e Valdez de Moura Fonseca (PDT).

Dos suplentes, dois são ex-vereadores e o restante, novatos. Um deles, José Urias, ajudou a criar a verba indenizatória, que hoje é de R$ 3 mil. Depois da diplomação, os políticos realizaram a primeira reunião ordinária. No plenário, elegeram os novos membros da Mesa Diretora e das comissões temáticas da Casa.

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