sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ex-presidente da Usiminas pode comandar Furnas

EM - Juliana Cipriani - Isabella Souto


A presidente Dilma aposta no currículo do mineiro Marco Antônio Castello Branco para anular o quadro negativo de Furnas (Marie Hippenmeyer/Divulgação - 25/2/10)
A presidente Dilma aposta no currículo do mineiro Marco Antônio Castello Branco para anular o quadro negativo de Furnas
Em meio à briga interna do PMDB para indicar o próximo presidente de Furnas, um nome técnico ganhou força junto à presidente Dilma Rousseff (PT) e tem tudo para assumir a mais cobiçada estatal do setor energético brasileiro: Marco Antônio Castello Branco. Engenheiro metalúrgico formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com mestrado e doutorado na Alemanha, o mineiro de Belo Horizonte, de 50 anos, já teria sido sondado para o cargo por interlocutores da presidente e em alguns dias receberá o convite formal do Palácio do Planalto.

No currículo de Castello Branco está a presidência da Usiminas – que ele deixou em abril do ano passado – e o fato de ter sido o único estrangeiro no comitê executivo da multinacional francesa de tubos Vallourec, na França. A presidente Dilma espera contar com uma experiência para anular o quadro negativo de Furnas, que fechou 2009 com um prejuízo líquido de R$ 129,1 milhões. Conforme projeções, as contas teriam ficado novamente no vermelho no ano passado. O número só será revelado durante a divulgação marcada para março, mas a atual presidência nega o saldo negativo em 2010.

Ao PMDB caberá a indicação das diretorias da estatal, desde que os nomes sejam de técnicos de carreira. A indicação do engenheiro Marco Antônio Castello Branco para o cargo atende a reivindicação mineira de voltar para o estado o comando de Furnas – entregue ao PMDB do Rio de Janeiro em agosto de 2007, com a nomeação do ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde. Doente, ele deixou o cargo no ano seguinte, sendo substituído pelo atual presidente, Carlos Nadalutti Filho.

Na esperança de emplacar um nome, os peemedebistas insistem em dois mineiros: os deputados federais apoiam o colega de plenário Marcos Lima, enquanto os senadores querem a indicação de Hélio Costa. encabeçada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e com a participação dos senadores José Sarney (AP), Romero Jucá (RR), Renan Calheiros (AL) e Valdir Raupp (RO).

O nome de Hélio Costa já teria, inclusive, sido apresentado a Dilma A petista teria dito que só resolverá a questão Furnas depois da eleição da Mesa Diretora da Câmara e do Senado – marcada para 1º de fevereiro – e mais uma vez reforçou que tem preferência por um técnico. “Embora seja uma indicação do PMDB de Minas Gerais, o Hélio Costa é um nome que recebe o apoio do PMDB nacional, mas também não há uma grande mobilização em torno dele”, afirmou uma fonte do governo.

De acordo com outra fonte, não teria sido fácil para o Planalto encontrar um nome técnico que aceite o cargo. “Ninguém quer enfrentar a pressão política, principalmente do PMDB. E ainda tem a questão financeira. A empresa sempre foi lucrativa e há dois anos está deficitária. Tem alguma coisa errada”, argumentou. Para agravar a situação, um documento elaborado recentemente por engenheiros da estatal vincula o aparelhamento político nos cargos de direção aos prejuízos financeiros de Furnas.

Correios

Pesa contra Hélio Costa o fato de ter comandado o Ministério das Comunicações quando a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos passou pela sua maior crise em 42 anos de existência. As denúncias são de sumiços e atrasos na entrega de correspondências, contratação de 1.429 franqueados sem licitação, superfaturamento em contratos e não preenchimento de vagas abertas por meio de programas de demissão voluntária (PDV).

Para evitar um mal maior, no auge da crise o Palácio do Planalto tomou para si a tarefa de uma reestruturação institucional e delegou a missão aos ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Casa Civil, Erenice Guerra – esta última demitida poucos meses depois com a descoberta de um grupo lobista que operava na Casa Civil. Houve uma troca em vários cargos de comando dos Correios, diretores em sua maioria indicados por Helio Costa e o PMDB mineiro.

O senador foi ainda acusado de patrocinar o sucateamento dos Correios para fortalecer a ideia de transformar a estatal em S.A. – o que a livraria de seguir as regras da Lei 8.666, que trata das licitações. O governo não encampou a medida diante da denúncia de que uma das empresas que seriam beneficiadas com a adoção do modelo de sociedade anônima seria a Total Linhas Aéreas, que faz transporte de cargas e teria sido favorecida com um contrato superfaturado em R$ 2,8 milhões. Hélio Costa negou tudo.

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