segunda-feira, 12 de julho de 2010

Correios - ECT enfrenta crise política

O Estado de S. Paulo - Karla Mendes

A imposição de realização de licitação para a contratação de franquias dos Correios é uma tentativa de moralização importante. Afinal, elas representam pouco mais de 10% da rede de lojas da estatal, mas têm peso de cerca de 30% em movimento e receita.

Já a crise dos Correios pode ser vista também como uma crise política. Depois que a eficiência da estatal foi posta em xeque com atrasos nas entregas de correspondências e encomendas e explosão de reclamações, o PMDB, que comanda a empresa, teve de tomar uma atitude para prestar contas ao presidente Lula. Padrinho de boa parte das indicações, o partido entregou no dia 16 a cabeça do diretor de Operações dos Correios, Marco Antonio Oliveira, conforme antecipou a Agência Estado. A proposta de demissão de Oliveira já vinha sendo discutida desde maio.

Apesar da insatisfação com a qualidade dos serviços, Lula tem evitado fazer uma mudança drástica, que atingiria o presidente da estatal, Carlos Henrique Custodio, para não criar problemas com o PMDB, aliado na campanha de Dilma Rousseff à Presidência.

Isso porque Custodio é protegido do senador Helio Costa (PMDB), ex-ministro das Comunicações e candidato da base aliada ao governo de Minas, e do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Nos Correios, foram também bancados pelo PMDB os diretores Decio Braga de Oliveira (Econômico-Financeira) e Pedro Magalhães Bifano (Gestão de Pessoas) - além do demitido Oliveira.

O estopim para a demissão de Oliveira foi uma reunião promovida por ele em São Paulo, uma semana anterior à sua demissão, com os diretores regionais, para apresentar um programa de recuperação dos Correios, que excluía a área dele da lista de problemas.

A demissão de Oliveira parece ter acalmado os ânimos do Planalto. Mas, pelo visto, o presidente Lula ainda não está satisfeito com os resultados da estatal. Tanto que convocou os ministros das Comunicações, Casa Civil e Planejamento para apresentarem um plano de reestruturação para a empresa.

A preocupação do governo é mais do que válida, já que os Correios prestam um serviço muito importante para a população. Durante anos, a estatal foi símbolo de eficiência e qualidade. Além disso, têm monopólio de um serviço essencial e representam um mercado bilionário. Se os Correios não tiverem mais condições de atender à finalidade para a qual foram criados, uma opção seria abrir o mercado à concorrência. E que vença o melhor.

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